Fátima Pelaes. Deputada fala das atividades de 2013 e sobre as dificuldades de emplacar apoio a Camilo em 2014 |
Decana da atual bancada do Amapá no Congresso Nacional, a deputada federal Fátima Pelaes (PMDB) acaba de ser eleita vice-presidente do seu partido no Amapá. Em entrevista ontem no rádio, ela disse que está determinada em apoiar a reeleição de Camilo Capiberibe neste ano, mas admite não ser essa uma decisão partidária. A parlamentar, que já disputou uma eleição para governadora do estado e também para prefeita da capital, também faz um balanço do ano legislativo em Brasília e dá dicas sobre quais áreas são melhores para que um deputado federal possa conseguir a liberação de recursos alocados a partir das emendas parlamentares. O resumo do que disse o Diário do Amapá publica a seguir.
Diário do Amapá – A senhora é a decana da bancada do Amapá heim?Fátima Pelaes – É... [risos] estou no quinto mandato no Congresso Nacional. Entrei em 1991 e só fiquei fora por um período de quatro anos quando fui candidata a governadora do Estado. Não conseguimos atingir o objetivo, mas continuamos lutando em favor do povo do Amapá.
Diário – Uma das ferramentas de que dispõe um deputado federal são as emendas parlamentares, que é quando o legislador mais se aproxima de ser executivo, afinal os recursos podem garantir obras importantes não é?Fátima – É, o mandato nos dá a oportunidade de trabalhar as questões do Brasil, com a questão da elaboração das leis, nas articulações, mas nós também trabalhamos nas diversas comissões da Câmara, então você tem um ano muito intenso. E ainda trabalha essa questão das emendas parlamentares, que são recursos extraorçamentários, pois não são emendas carimbadas no orçamento da União.
Diário – E ainda têm as demandas do Estado de cada um não é?Fátima – É, ainda tem as articulações pelo desenvolvimento do Amapá. Eu fiz um trabalho muito grande nesse mandato agora junto com o governador Camilo e toda a bancada também trabalhando muito. Posso apontar a BR-156 como um grande ganho, porque o Governo do Estado fez o seu dever de casa e no final do ano o convênio foi assinado com a delegação do trecho sul dessa rodovia que liga Macapá a Laranjal do Jari.
Diário – Foram R$ 54 milhões assegurados, é isso?Fátima – Exatamente. Os primeiros R$ 36 milhões já estão na conta do Governo do Estado para iniciar o primeiro trecho, pois o outro trecho envolve ali a reserva [Agroextrativista do Cajari].
Diário – Que outras áreas do campo do desenvolvimento a senhora atuou?Fátima – Outro projeto macro foi a questão do desenvolvimento do porto de Santana. Foram várias ações em sintonia com o Governo do Estado e com a Prefeitura de Santana. Fizemos um grande seminário que resultou em uma ação concreta que foi o representante do ministro ter levado um relatório com tudo o que viu e ouviu aqui e já foi colocado no orçamento de 2014 uma janela de R$ 2 milhões que a partir disso o Porto de Santana poderá ser incluído no PAC 3. Há uma necessidade de investimentos na ordem de R$ 400 milhões para o Porto de Santana.
Diário – Tem a ver com a abertura desse porto para escoar a produção de grãos do Centro-Oeste?Fátima – Isso. Esse é um grande projeto que o governador acreditou e que já está sendo instalado com a estrutura na Ilha de Santana. São ações que vão mudar a história do desenvolvimento econômico a partir dessa vocação portuária de Santana. Nós estivemos agora no Mato Grosso novamente para acelerar esse processo que vai garantir geração de riquezas, emprego e renda para a nossa gente. Ainda nas Comissões da Câmara nós trouxemos aqui os representantes do setor do petróleo para debater esse potencial que o Estado possui.
Diário – A senhora é uma entusiasta dessas questões de infraestrutura?Fátima – Tem a ver com a inclusão social também a partir da possibilidade de empregos para as pessoas, porque não há melhor forma de você dar dignidade a alguém do que dar a ela um emprego e ela sabe que ao final do mês saberá como usar o seu dinheiro, fruto do seu trabalho.
Diário – A senhora foi uma das parlamentares que retornou a Brasília mesmo no período de recesso de Natal e Ano-Novo para garantir que suas emendas fossem empenhadas. Deu tempo?Fátima – É, o empenho é a reserva do recurso. Nós conseguimos sim garantir recursos importantes, como para a Copa do Mundo Marcílio Dias, que é histórica no Amapá, com tantos pioneiros como o Manga e tantos outros. Empenhamos também para o município de Ferreira Gomes, no valor de R$ 400 mil para aquela praça de eventos e também para Porto Grande, na área de eventos, também no valor de R$ 400 mil. Nós também conseguimos assegurar no final do ano os recursos para a manutenção da BR-156, pois além do trabalho de pavimentação o Governo do Estado tem um convênio para a manutenção da estrada. Tivemos também recursos para a saúde, para Unidades Básicas de Saúde na comunidade de Carapanatuba e também aqui no Cidade Nova, no valor total de quase R$ 1 milhão. Conseguimos garantir também R$ 800 mil para quase mil metros de pontes no Bailique, em parceria com o Incra.
Diário – E a área da habitação?Fátima – Pois é, trabalhamos intensamente nessa área, que é hoje do Governo Federal e que a gente tem atuado junto com a bancada nessa relação com o Governo do Estado e da Prefeitura de Santana. O [conjunto] Miracema está em sua fase final para ser lançado, faltando apenas alguns ajustes.
Diário – Nessa área da habitação o juiz federal João Bosco realizou várias ações junto com a senhora, não foi?Fátima – É que a Justiça Federal tem uma atuação diferenciada a partir de uma Ação Civil Pública que chegou até ela, então convocou todos os interessados, Governo, Prefeitura, Governo federal e a Bancada. A gente então tem trabalhado para dar resultado. Como tem uma ação também para a habitação nós tivemos a oportunidade de participar dessas audiências, junto com o deputado Milhomen, com ministros em Brasília, bem como com a Caixa Econômica federal nos programas para quem mora nas áreas de ressaca e não sabe como acessar.
Diário – Quem já viu a senhora atuando em Brasília destaca como positiva sua estratégia de se relacionar com todo mundo nos ministérios e chamar pelo nome desde os ascensoristas até os técnicos, passando pela senhora do café...Fátima – Diria que não é uma estratégia [mais risos] É que a gente está tão presente por lá que passa a ficar conhecida e as pessoas que fazem parte do teu dia a dia você tem essa relação próxima. Mas não é o fato de conhecer que vai fazer com que os técnicos possam aprovar um projeto que não esteja completamente dentro das normas. Essa é inclusive a maior dificuldade, o que leva muitas vezes a gente a perder determinados recursos.
Diário – Tem áreas do governo federal que são mais propensas a que a bancada consiga a liberação de recursos?Fátima – Olha a nossa bancada e também os deputados do Norte têm colocado emendas dentro do Programa Calha Norte, do Ministério da Defesa. É que tem a ver com as questões de fronteira e lá os técnicos e os militares ficam atentos aos prazos, estão sempre cobrando. Mas se passar também você perde o recurso. Mas eles nos dão um leque muito grande de possibilidades de trabalhar em diversas ações, como a que a gente conseguiu para pavimentação em bloquetes no bairro da Olaria, em Mazagão, como também do bairro Cidade Nova aqui em Macapá.
Diário – E sobre o seu futuro político, já que 2014 é um ano eleitoral?Fátima – Bem, neste ano eu vou para a reeleição, novamente. Nós tivemos recentemente uma eleição interna no PMDB e eu fiquei na vice-presidência regional, e também sou presidente nacional do PMDB Mulher, onde a gente tem trabalhado muito para que as mulheres também possam estar presentes. Eu tenho uma posição firme de estar apoiando o governador Camilo, mas não é uma posição partidária, pois temos vários espaços partidários, e eu respeito todas as nossas lideranças, mas quem vence é a maioria. Eu não devo ter essa maioria no partido, então a gente está procurando se ajustar. Eu tenho apoiado também o prefeito Clécio, pois acredito muito na juventude , com sua ousadia de ver o novo, de querer fazer diferente. Isso tudo aliado à experiência dá muito resultado.
Perfil
Entrevistada.
Fátima Lúcia Pelaes é amapaense, tem 53 anos de idade, é formada em Sociologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Começou na vida pública atuando na Legião Brasileira de Assistência, a LBA, entidade da qual também se tornou superintendente no Amapá, tocando programas de assistência social que a tornaram popular e depois eleita deputada federal. Está em seu quinto mandato na Câmara dos Deputados, sendo considerada uma campeã na liberação de recursos alocados em emendas parlamentares. Foi também a primeira secretária estadual do Turismo, disputou o Governo do Estado e por duas vezes a Prefeitura de Macapá. Foi reeleita em 2010 para a Câmara com 17.297 votos (6,06%).
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