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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Consultor de crises lança livro de escândalos no Congresso no dia da votação de Temer

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O consultor de crises Mário Rosa lança nesta quarta-feira,dia 2, a partir das 18 horas, no salão Nobre da Câmara dos Deputados, o livro Entre a Glória e a Vergonha. O livro contém as memórias do consultor durante os 20 anos em que atuou como conselheiro das maiores empresas e líderes do país em escândalos que monopolizaram a atenção da opinião pública. É um relato inédito dos bastidores de como organizações e nomes de primeira linha fizeram para superar crises de reputação que tiveram amplo destaque no noticiário.

O local e o dia do lançamento não poderiam ser mais simbólicos: dentro de um Congresso Nacional abalado pela crise da Lava-Jato, ainda mais nas horas em que os parlamentares estarão decidindo se irão autorizar ou não a permanência de Michel Temer na Presidência da República. Entre os leitores ilustres que publicamente já assumiram ter lido o novo livro de Rosa, estão o próprio presidente Michel e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o segundo nome na escala sucessória.

O conteúdo do livro é um relato inédito e muito bem  narrado por Rosa. Um belo dia, o especialista em aconselhar poderosos em grandes escândalos vira personagem de um escândalo rumoroso: o seu. A Polícia Federal bate à sua porta e o maior consultor e gestor de crises do país deixa sua condição de médico da reputação alheia para virar paciente da moléstia de que sempre tratou.

É como a enfermeira que sentiu a picada da agulha. O que ficou de pé da teoria do consultor quando teve de lidar na prática com os problemas dos clientes que sempre atendeu?

Neste livro arrasador pelo que revela, Mario Rosa é obrigado a contar o que fez — para deixar claro o que não fez — pelas maiores e mais poderosas empresas do país, envolvidas na maior e mais retumbante investigação de corrupção política e empresarial da história.

Quais eram os clientes de Mario Rosa? Do escritor Paulo Coelho ao médico Roger Abdelmassih. Da seleção brasileira ao cantor Roberto Carlos. Os marqueteiros Duda Mendonça e João Santana. As empreiteiras Camargo Corrêa, Odebrecht, a Oi, a Vale, o empresário Eike Batista, presidentes da República, ministros, governadores, líderes políticos.

Em meio a isso tudo, fala de suas dores, de suas perdas, da vergonha e do ostracismo que sofreu, do fim abrupto de seu casamento, da perda de clientes, da vida e da transformação que isso tudo lhe causou.

Entre a glória e a vergonha é um livro totalmente inusitado: ao falar de si mesmo, de seu calvário pessoal, ao revelar o que fez para quem o contratou, Mario Rosa desvenda os segredos do mundo dos negócios e da política, com seus valores e não valores, suas verdades e manipulações, do Olimpo ao precipício.

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Autor: Mario Rosa
Gênero: Biografia
Acabamento: Brochura
Formato: 15,6x23cm
Págs: 462
Peso: 635g (estimativa)
ISBN: 978-85-8130-382-6
Preço: R$ 54,90 
Leia aqui texto do editor
SOBRE O AUTOR: Depois de tudo que viveu, Mario Rosa mudou a forma de contar sua biografia, dando novos pesos para as experiências de sua vida. Passou a considerar suas conquistas a partir de uma métrica muito pessoal. Mario Rosa foi jurado de Miss Brasil, beijou o manto verde rosa da Estação Primeira de Mangueira vendo a porta bandeira e o mestre sala gingando em sua direção num ensaio de sábado à noite, enquanto o barracão parou para que recebesse a honraria, deu aulas e foi autor do prefácio do primeiro plano de gerenciamento de crises do Exército Brasileiro. Foi também jornalista, consultor de crises e autor de três outros livros sobre imagem e reputação, dois deles, “A era do escândalo” e “Reputação” publicados pela Geração Editorial.

domingo, 30 de julho de 2017

EDUCAÇÃO | Universidade de Brasília lança edital de vestibular indígena com 72 vagas


A Universidade de Brasília (UnB) permanece em vigor com o edital do vestibular indígena 2017, que oferta vagas para ingresso em 2018. A seleção terá prova em polos regionais nas regiões Norte e Nordeste, além do Distrito Federal. Para concorrer, o candidato não pode ter concluído nenhuma graduação e deve ter cursado a maior parte do ensino médio em escolas da rede pública. Se for egresso da rede particular, o indígena pode concorrer desde que tenha recebido bolsa de estudo, integral ou parcial.

As 72 vagas serão distribuídas em 21 cursos nos campus de Ceilândia, de Planaltina e no Darcy Ribeiro. “A Universidade tem o compromisso não apenas da educação, mas também de fortalecer a diversidade e a troca de cultura. Por isso é importante fazermos a diferença e incentivarmos esse intercâmbio”, disse a reitora Márcia Abrahão durante a cerimônia de lançamento do edital, realizada no Salão de Atos da Reitoria.

A concepção do edital foi liderada pelo Decanato de Ensino de Graduação (DEG) e pelo Decanato de Assuntos Comunitários (DAC), e pensado em conjunto com representantes indígenas da Universidade, o Ministério da Educação e a Funai. As inscrições poderão ser feitas a partir de 31 de julho no site do Cespe.


“Demos um grande passo e a adesão foi maior do que imaginávamos. Todos os cursos que consultamos disponibilizaram vagas”, comemorou a decana de Ensino de Graduação, Cláudia Garcia. Os cursos que oferecerão vagas neste primeiro edital foram sugeridos pelos próprios estudantes indígenas e devem ser ampliados no futuro.

A aluna indígena Rayanne França, graduanda em Enfermagem, ressaltou a importância da presença desses alunos na UnB para além do ingresso. “Hoje damos um passo de entrada, mas a permanência é muito importante. Sabemos que sairemos melhores profissionais, mas também deixaremos nossa cultura e nossa diversidade aqui”, declarou. “Não é fácil sairmos de nossas casas para cá, deixarmos tudo o que sempre vivemos para trás”, endossou a estudante indígena de Ciências Sociais Braulina Baniwa.

Durante a cerimônia, representantes do DAC afirmaram que oferecer alternativas eficientes de permanência no curso para estudantes que ingressarem por essa modalidade é prioridade.


*Da Secom UnB – por Thaíse Torres

OPINIÃO | Notas da coluna ARGUMENTOS, domingo, dia 30 de julho de 2017.


Segurança

A Capitania dos Portos intensifica fiscalização nas orlas fluviais e nos principais balneários do estado neste último fim de semana das férias escolares. Falando à Diário FM, ontem, o comandante Oliveira Caldas relatou trabalho pesado, mas infrações leves.

Violência

No campo da segurança pública a notícia ruim foi a confusão envolvendo um tenente da PM e um jornalista, qua acabou ferido a tiro e poderá apresentar sequelas. O caso precisa de esclarecimento, claro.

Impasse

A categoria dos jornalistas se mobiliza e promete também acompanhar o caso. O militar não estaria de serviço e alega motivos passionais para agredir o cinegrafista. Já a família da vítima nega essa versão.

Logística

Conforme a coluna vinha anunciando, estávamos checando uma notícia que se confirmada poderia ser um grande revés para o turismo regional. Felizmente não tivemos o nosso aeroporto rebaixado de categoria.

Berlinda

Apesar da negativa da Infraero, a repercussão de sua ponderação ainda encontrou reações nas redes sociais, sobre a qualidade do terminal de passageiros e cargas que temos hoje em Macapá.

Marinha
O presidente da Soamar Amapá, a Sociedade de Amigos da Marinha, empresário Glauco Cei, quando representava o estado na cerimônia de passagem de comando do 4º Distrito Naval, em Belém. Esse grande comando é quem coordena as ações da Marinha também no Amapá. Na foto, o almirante Alípio Jorge.

Encontro

O governador Waldez se reuniu com integrantes da bancada federal, ontem, no Palácio do Setentrião. Foi para definir estratégia de ação para viajar a Brasília na próxima semana pra pedir apoio para a segurança pública. Mas não pedir tropas, como no Rio, e sim recursos para infraestrutura.

Apoio

Ele vai ao ministro da justiça, Torquato Jardim, e ao secretário nacional de segurança pública, general Carlos Santos Cruz, para discutir liberação do recurso contingenciado e flexibilização dos critérios exigidos pelo ministério. A equipe de segurança pública e parlamentares da bancada federal do Amapá apoiam.

Prioridade

O governador explicou que o Amapá tem o direito a pelo menos uma emenda impositiva por ano e foi o único estado que priorizou a segurança pública, ao solicitar os recursos do governo federal. “Vamos cobrar alternativas para resolver as questões do contingenciamento”.

ENTREVISTA | “Essa diferença que ainda temos entre mulheres e homens começa na infância”

Fátima Pelaes. A entrevista da ministra concedida ontem nos estúdios da Diário FM, no Conexão Brasília.
Ela foi a primeira mulher anunciada na equipe ministerial do presidente Michel Temer, há um ano e dois meses, quando ele assumiu as rédeas do país, na mais aguda crise política dos últimos anos. Mas a missão da amapaense Fátima Pelaes ainda ganharia contornos de um desafio ainda maior por ela ser do distante estado do Amapá. Dona de um currículo que inclui cinco mandatos de deputada federal, ela está valendo-se dessa experiência e enorme capacidade de diálogo para fazer a diferença, ajudando a editar uma agenda positiva para o Governo Federal, em que pese a instabilidade do julgamento da continuidade do processo contra o atual mandatário do país, na próxima quarta-feira. Fátima Pelaes está no Amapá e foi ao rádio ontem prestar contas dessa atuação no programa Conexão Brasília, da Rádio Diário FM. Os destaques a seguir.

Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – A gente chama de secretária, ministra ou deputada?
Fátima Pelaes – [risos] Pois é, Fátima Pelaes tá bem, meu nome é Fátima Lúcia Pelaes, mas por tantos anos no Congresso Nacional ficou Fátima Pelaes, aliás desde o início de nossa vida pública [na extinta LBA], já faz um tempinho, mas continuamos com o mesmo espírito público, a mesma esperança e entusiasmo, trabalhando pelo nosso Amapá e agora pelo Brasil, né?

Diário – Pois é, uma agenda muito concorrida a sua não é? A gente acompanha a senhora percorrendo o país inteiro mesmo, pois a sua jurisdição, por assim dizer, é em todo o território nacional.
Fátima – É sim, estamos hoje como secretária especial de Políticas para as Mulheres, na Presidência da República, uma representação com a responsabilidade de coordenar as políticas públicas do Brasil, mas também temos muitos acordos internacionais que o país é signatário, o que nos leva a também ter que fazer viagens ao exterior, o que tem feito o Brasil avançar muito nas políticas públicas das mulheres, o que tem sido uma referência também a nível nacional. Mas nós também estamos sempre aqui no Amapá, trabalhando pelo nosso estado também.

Diário – Uma oportunidade de aproveitar essa sua liderança, claro.
Fátima – Sim, tivemos agora durante a semana reuniões com o governador, com o prefeito [de Macapá] e vamos estar inaugurando agora um curso de capacitação para os professores na questão da política de gênero, uma parceria também com a Universidade. Nós também estamos preparando o Agosto Lilás, uma comemoração pelos 11 anos da Lei Maria da Penha. Será algo intenso em todo o Brasil e vemos incluir o Amapá nessa programação, com um TED que nós fizemos, que é um recurso descentralizado que nós passamos para a Universidade do Amapá e foi aberto o período de inscrições e eles já vão realizar o curso, com a gente participando da aula inaugural, sobre a questão de capacitar esses professores a trabalhar na rede municipal já com essas crianças. Afinal sabemos que a questão da discriminação, do preconceito, dessa diferença que ainda temos entre mulheres e homens começa na infância.

Diário – Ah é? Como funciona?
Fátima – Sim, são alguns pontos que começamos a trabalhar inconscientemente.

Diário – Daí a senhora dizer da necessidade de trabalhar lá na origem, no nascedouro?
Fátima – Isso, nós estamos trabalhando muito a questão da violência, o enfrentamento à violência contra a mulher, mas também trabalhando essa prevenção da violência, mas também buscando a questão da igualdade entre homens e mulheres.

Diário – E nessa questão internacional, a interlocução com as Nações Unidas é algo que a própria imprensa especializada vem reconhecendo.
Fátima – Pois é, já estivemos em alguns países, da própria América Latina, como também representando o Brasil na ONU [Organização das Nações Unidas], como na CSW [Comissão sobre o Status da Mulher], que é um encontro mundial que nós temos.

Diário – Na China também?
Fátima – Não, não fui à China. Quem foi lá me representando foi minha substituta, a secretária-adjunta, que é a Érica Felipelli; foi uma agenda de seis dias em que ela representou o Brasil lá, falando entre outras coisas sobre a Lei Maria da Penha, que tem sido um marco mesmo no Brasil e fora dele.

Diário – O que tem dado essa relevância a esse legislação secretária?
Fátima – Maria da Penha é uma mulher que lutou muito, incansavelmente, daí a gente estar preparando essa grande comemoração agora no mês de agosto os 11 anos da Lei que leva o nome dela.

Diário – Por falar em mulher que se destaca havia uma expectativa grande quando do anúncio do ministério do presidente Michel Temer sobre quem seria a primeira mulher no time e a indicação de uma amapaense foi uma grata surpresa. E hoje, como é sua atuação? Como responsável pela política nacional da mulher existe uma transversalidade com as outras pastas?
Fátima – Sim, nosso papel é de coordenação e as políticas para as mulheres trabalham de forma transversal, nós estamos agora preparando um grande programa que envolve diversos ministérios, já realizamos inclusive diversas oficinas envolvendo não só o nosso governo, mas também a sociedade civil e também a iniciativa privada. É o programa Rede Brasil Mulher, que vamos fazer essa ação dentro do próprio governo, com cada ministério assinando, pactuando conosco, trabalhando ações específicas nos seus ministérios, os movimentos sociais e, como disse, a iniciativa privada para fazermos uma grande mobilização para que todos possam ter essa preocupação de buscar a igualdade.

Diário – Pois é, infelizmente um tema recorrente, mais ainda necessário, não é?
Fátima – Pois é, nós entendemos que não tem diferença entre mulheres e homens, a não ser as biológicas, claro, até porque a mulher tem a função social da maternidade, se ela assim o desejar, ser mãe. Mas na questão dos direitos nós temos essa igualdade, então é preciso que façamos essa grande mobilização nacional que vamos fazer agora esse mês de agosto, com a presença do presidente Michel já nesse evento da Rede Brasil Mulher. Agora essa semana ele me ligou querendo mais detalhes dessa programação da chamada Rede Lilás, que agora também irá inaugurar mais uma Casa da Mulher Brasileira, lá em São Luís, portanto na gestão dele, assim como outra que já está praticamente pronta em São Paulo; e brevemente queremos assina a daqui com o nosso governador a Casa de Macapá. Já estamos articulando com a secretária Aline Gurgel [de Políticas para a Mulher do Amapá] e as nossas deputadas estaduais também. Pelo fato de eu ter convivido no Parlamento também, por muito tempo, isso facilita para fazermos essa articulação e agora na Presidência [da República] ficou melhor ainda, pois essa capacidade de articulação ficou melhor ainda, daí acharmos que vamos deixar esse grande legado, das políticas públicas para as mulheres terem essa transversalidade.

Diário – Não poderíamos terminar essa entrevista sem perguntar à senhora sobre a questão política. A gente percebe o governo federal tentando tocar a gestão, avançando nas reformas e no trabalho em prol de uma agenda positiva, mas não dá para esquecer que na quarta-feira que vem o Congresso pode definir a continuidade ou não do governo. O que a senhora acha que vai acontecer?
Fátima – Sim, nós temos números já certos que vão, que acreditam no Brasil; nós sabemos que o presidente Michel é o homem certo neste momento de dificuldades do nosso país e quem acredita no Brasil vai votar com ele. Hoje nós já temos uma grande possibilidade de isso acontecer e vários parlamentares daqui são congressistas que estão acima dos movimentos daqueles que estão apenas querendo aparecer, mas que tem responsabilidade. Eu sempre digo que quem é eleito é porque tem uma liderança, então tem que ter a oportunidade de mostrar, de trabalhar, ter a confiança daquelas pessoas, então o presidente Michel vem trabalhando, independente da crise, daí a aprovação das reformas como a trabalhistas que ainda vai mostrar o que pode acontecer de bom para o trabalhador. Então é só deixar o homem trabalhar!

Perfil

Entrevistada. Fátima Lúcia Pelaes é amapaense, casada, mãe de um filho. Socióloga, formada pela Universidade Federal do Pará (UFPA); Especialista em Planejamento e Administração de Projetos de Geração de Renda, Universidade Federal do Ceará; Foi superintendente da LBA (1985-1989); Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Belém, 1981; Pastoral Carcerária do Amapá (1982-1986); Secretaria de Trabalho e Cidadania do Amapá - SETRACI (1983-1985); Secretaria de Turismo do Amapá (2004-2006); Mandatos de deputada federal: 1991-1995, 1995-1999, 1999-2003, 2007-2011, 2011-2015; em todo esse período filiou-se apenas a três partidos, PFL, PSDB e, desde 2005, no PMDB.

AEROPORTO REBAIXADO? Infraero garante terminal de Macapá como internacional

Pátio do aeroporto de Macapá, onde operam voos domésticos a Azul, Gol e Latam
CLEBER BARBOSA
BLOG CLEBERBARBOSA.NET
Brasileiros que residem na Guiana Francesa receberam a informação essa semana de um suposto “rebaixamento” de categoria do Aeroporto de Macapá, que teria perdido a condição de terminal internacional. Uma passageira da Azul – única companhia aérea brasileira a operar voos para Caiena – disse ter ouvido essa informação na capital da Guiana Francesa, dos próprios funcionários da empresa, diante de questionamentos a respeito da falta de voos para a capital do Amapá. Em Macapá, a representação local da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) nega peremptoriamente essa notícia.
A reportagem ouviu a atual superintendente da Infraero em Macapá, Keila Paula de Moraes, que garantiu a permanência do terminal amapaense como um aeroporto internacional. “Continuamos com essa categoria, tanto que os serviços de aduana permanecem em pleno funcionamento, atendendo inclusive a aviação executiva internacional e tudo o que precisa ser internado no Brasil a partir de Macapá”, disse a representante da Infraero.
Já na Polícia Federal, o Superintendente Regional, delegado Raimundo Soares de Freitas, falou à reportagem por telefone – ele está de férias – a respeito do assunto e também assegurou que os serviços a cargo da PF também permanecem inalterados no aeroporto. “Nossos plantões ocorrem normalmente, a cargo da delegada Tainá, que é a chefe do setor de controle internacional dos voos”, disse ele.
Atualmente, a outra companhia aérea brasileira a operar voos para a região do chamado Platô das Guianas (Suriname, Guiana Francesa e República da Guiana) é a Gol Linhas Aéreas, na rota Belém/Paramaribo, porém também não confirma voos a Macapá. “Ao menos um voo semanal para Macapá seria muito importante para o incremento do turismo regional, aquele que integraria toda essa região compreendida entre o Amapá, Pará e Guianas”, diz Pietrina Salgado, da ABAV-AP.
Trajetória
A história do Aeroporto de Macapá, que foi rebatizado em abril de 2009 como Alberto Alcolumbre em homenagem a um grande empresário local, começou a ser escrita na década de 1930 durante a Segunda Guerra, quando o governo dos Estados Unidos buscou composição com o Brasil para construção de bases aéreas militares. No ano de 1943, na época do antigo Território Federal do Amapá, o então governador Janary Nunes, convidou o coronel Belarmino Bravo, da Força Aérea Boliviana, para fundar o Aeroclube de Macapá, para desenvolver, basicamente, atividades na área social e recreativa.

‘Puxadinho’ era para ser temporário e foi ficando

Na primeira gestão do então presidente Luís Inácio Lula da Silva, foi lançada a obra de construção do novo aeroporto de Macapá, mas o consórcio vencedor da licitação, liderado pela embroncada Construtora Galtama, acabou abandonando a obra, que segue levtamente sob a coordenação de outras empresas que formavam o conjunto de empresas.
Mas para amenizar a falta de estrutura do velho terminal de passageiros de Macapá, a Infraero realizou, a toque de caixa, a instalação de uma estrutura modular para fazer frente às novas demandas que o Amapá já aprsentava, tanto do ponto de vista do crescimento populacional quanto do próprio desenvolvimento econômico.
Várias melhorias foram realizadas no aeroporto como a troca do piso e do forro, além da reforma de sanitários do terminal de passageiros em 2012. No ano seguinte, os trabalhos continuaram com a construção de módulos operacionais para as salas de embarque e desembarque, a revitalização da fachada e a ampliação do terminal de passageiros e do pátio de aeronaves. As reformas possibilitaram o aumento da capacidade de passageiros de 750 mil para 2,1 milhões por ano.

Fatos históricos passados no velho terminal do então Território Federal

A história do Aeroporto de Macapá vem ainda dos tenpos do Território Federal do Amapá (TFA). Com a instalação do Serviço de Aeronáutica (Saer), em 1953, composto por um hangar, um avião Bonanza Beechcraft A 36 e um campo de pouso, a sistematização de frequência de voos ficou consolidada. O avião foi adquirido com o objetivo de atender com mais rapidez a cobertura dos serviços administrativos do governo e, ao mesmo tempo, auxiliar a população no transporte de medicamentos para o interior ou de pessoas doentes para Belém do Pará. No ano de 1956 foi criado no Aeroclube do Macapá, o curso de piloto de aeronaves. Em 1958, ocorreu a transferência das atividades aeroportuárias do campo de pouso então existente na Avenida FAB para a atual base do Aeroporto Internacional de Macapá. O Aeroporto Internacional de Macapá – Alberto Alcolumbre passa à administração da Infraero em março de 1979.
Curiosidades
Em 1955, o ex-presidente da Argentina, Juan Domingo Perón, deposto em 1955 por um golpe militar, hospedou-se por um dia na Base Aérea do Amapá, a caminho do exílio.
Já em 1958, ocorreu a transferência das atividades aeroportuárias do campo de pouso então existente na Avenida FAB para a atual base do Aeroporto Internacional de Macapá. Aliás, isso acabou originando a denominação da via, a principal avenida do centro da cidade de Macapá.
Nos idos de 1980, Obras de arte em exposição permanente no aeroporto recepcionam os passageiros: um busto em bronze em homenagem a Coaracy Monteiro Nunes, primeiro deputado federal pelo Amapá, uma pintura de Raimundo Braga de Almeida – doada pelo autor em 1980 –, que retrata a capital, vista sob o ângulo principal da Fortaleza de São José, além de um monumento em miniatura da mesma Fortaleza.
INFORMAÇÕES
– O Aeroporto Internacional de Macapá – Alberto Alcolumbre passou à administração da Infraero em março de 1979.
– O Aeroporto Internacional de Macapá passou a se chamar oficialmente Alberto Alcolumbre em abril de 2009, em homenagem a um grande empresário da cidade.
– Em 1958, a transferência das atividades aeroportuárias do campo de pouso na Avenida FAB para a atual base do Aeroporto de Macapá.
1930
Ano de abertura da Base Aérea do Amapá.

sábado, 29 de julho de 2017

OPINIÃO | Notas da coluna ARGUMENTOS, sábado, dia 29 de julho de 2017.



Leitura

Ela gosta tanto de sua profissão a ponto de levar para seu nome parlamentar. É a deputada Professora Marcivância, que não teve dúvidas na hora de escolher onde ir nos poucos dias de recesso: Parati, no Rio, onde ocorre a tradicional feira literária, a FLIP.

Hotelaria

Já Vinícius Gurgel foi à Salinas, no Pará. Entre os dias de descanso, certamente deve ter observado os hotéis de lá, afinal sua família está empreendendo no antigo Ceta Ecotel, em Macapá, que será repaginado.

Ilha

Por falar em políticos, muitos serão vistos no Pará neste fim de semana. Mas uma localidade que é paraense só que amapaense por adoção. Afuá recebe uma legião de veranistas para o tradicional Festival do Camarão.

Mídia

Mais uma publicação nacional destaca a entrada no Amapá no competitivo mercado do agronegócio. Foi a revista Globo Rural, com a reportagem “Mais perto da Europa”, sobre escoarmos a soja do Mato Grosso.

Rota

A reportagem dá detalhes a respeito da travessia de um comboio de milho do Centro-Oeste até o Porto de Santana. Um navio graneleiro partirá carregado com 55 mil toneladas rumo ao mercado internacional.

Infraestrutura
Foto: Rafael Araújo/Ed.Globo
Olha aí o terminal de armazenagem da empresa Caramuru, em Santana, para onde serão levados os grãos produzidos tanto no Amapá como no Centro-Oeste até o embarque em navios graneleiros rumo ao exterior. O projeto é para desafogar os portos de Santos e Paranaguá, que atualmente escoam a soja e o milho do Mato Grosso.

Turismo

O MTur iniciou credenciamento de instituições financeiras interessadas em operar empréstimos privados por meio do Fundo Geral de Turismo (Fungetur). Os recursos têm como objetivo apoiar a implantação, ampliação, modernização ou a reforma de empreendimentos turísticos.

Limite

Com isso, é possível promover a melhoria da infraestrutura do setor, a partir do aprimoramento de serviços prestados a visitantes e da dinamização da vocação turística de todas as regiões do país. Para capital fixo, o valor financiável é de até 80% do investimento total no projeto, com teto de R$ 10 milhões.

Negócios

Entre as características dos empréstimos estão o prazo de pagamento, que se limita a 240 meses, e o período de carência, que pode chegar a 60 meses, ambas demandas do setor. O valor mínimo, que era de R$ 400 mil, principalmente o micro, pequeno e médio empresário.

UNIÃO | Waldez irá a Brasília pedir liberação de recursos à segurança pública

Agenda do governador em Brasília foi debatida com integrantes da bancada neste sábado | Foto: André Rodrigues
O Governo do Estado do Amapá (GEA) vem investindo de forma cada vez mais intensa em segurança pública. Por meio de uma emenda impositiva ao orçamento da União, articulada pelo governador Waldez Góes junto à bancada federal, o Estado cadastrou R$ 90.686.555,00 para destinar ao setor nos próximos anos.

Contudo, o Ministério da Justiça contingenciou R$ 42.813.748,00 do total alocado, aprovando R$ 47.872.807,00. Além disso, para que o Estado receba o recurso liberado e possa assinar convênios, há exigências a serem cumpridas em um curto espaço de tempo.

Diante deste quadro, na próxima terça-feira, 1º, o chefe do Executivo se reunirá em Brasília com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, e o secretário Nacional de Segurança Pública, o general Carlos Alberto Santos Cruz, para discutir sobre a liberação do recurso contingenciado e a flexibilização dos critérios exigidos pelo Ministério da Justiça. Participarão da audiência, também, a equipe de segurança pública do GEA e parlamentares da bancada federal do Amapá (senadores e deputados).

O assunto foi tratado durante uma reunião, neste sábado, 29, no Palácio do Setentrião, entre o governador Waldez Góes, o secretário de Estado da Justiça e Segurança Pública, Ericláudio Alencar, e membros da bancada federal.

O governador explicou que o Amapá tem o direito a pelo menos uma emenda impositiva por ano e foi o único Estado da Federação que priorizou a segurança pública, ao solicitar os recursos do governo federal. “Vamos cobrar alternativas para resolver as questões do contingenciamento e readequação dos critérios do Ministério da Justiça. Nós estamos dispostos a cumprir todas as exigências, contudo, é necessária uma flexibilização”, frisou Góes.

Investimentos em Segurança Pública

Após resolver as questões com o Ministério da Justiça, o Governo do Amapá utilizará o valor já aprovado para intensificar os investimentos em segurança pública no Estado. A maior parte da verba será utilizada para a construção de 16 obras: seis quartéis da Polícia Militar; quatro quartéis do Corpo de Bombeiros; três novas unidades do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp), que atenderão as zonas Norte e Leste de Macapá e Laranjal do Jari; Uma unidade da Delegacia de Investigação do Menor Infrator (Deiai) de Santana; sede da Polícia Técnico-Científica do Amapá em Santana (Politec) e nova sede da Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp). R$ 13.896.927,25 serão utilizados para aquisição de viaturas e equipamentos de informática.

“Com esses recursos nós temos condições de criar uma nova estrutura que a segurança pública do nosso Estado precisa”, frisou o gestor da Sejusp, Ericláudio Alencar. Ele destacou, ainda, que os recursos foram alocados porque o Governo do Estado e a bancada federal priorizaram a segurança pública, que é uma questão premente não só no Amapá, como em todo o Brasil.

O gestor acrescentou que, quando liberada, a verba contingenciada será destinada à aquisição de equipamentos para toda a segurança pública.

Além dos recursos cadastrados por meio da emenda impositiva, o Estado vem realizando outros investimentos no setor da segurança pública. Desde 2015, GEA investiu, só em Defesa Social e Infraestrutura, R$ 170 milhões, destinados à construção e reforma de prédios, aquisição de equipamentos e veículos.

Também foram adquiridas e substituídas 160 viaturas para as Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Técnico-Científica, além da entrega do helicóptero do Grupamento Tático Aéreo (GTA), cujo investimento foi de R$ 12 milhões.

Em julho deste ano, o Governo do Amapá lançou os editais dos concursos públicos que contemplam a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Politec, reforçando a segurança pública do Estado.

Senadores conseguem reforma de passarelas de madeira na periferia de Macapá

RÁDIO | Transmissão, ao vivo, do programa Conexão Brasília (29.07.17)

sexta-feira, 28 de julho de 2017

'Toma lá, dá cá' em Brasília é 'quase sexo explícito', diz ex ministro Celso Amorim

a BBC Brasil
O ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim diz que uma reforma política precisa estar na plataforma do próximo presidente do Brasil e que mudar o sistema eleitoral é essencial para coibir a troca de favores entre Planalto e Congresso em Brasília, realizada sem cerimônia, "na frente de todo mundo".
Chanceler mais longevo da história brasileira, durante todo o governo Lula e em parte do governo de Itamar Franco, Amorim faz duras críticas à política externa do governo Temer e do atual ministro Aloysio Nunes (PSDB). Após os anos de aumento da influência global no governo Lula, Amorim diz que o Brasil saiu de cena e está "cumprindo tabela".
"Nos melhores momentos, (a política externa) é passiva. Nos piores, é desastrada", afirma, considerando um erro a postura adotada em relação à Venezuela. Para Amorim, ao fazer uma crítica "tão frontal" ao governo de Nicolás Maduro, o governo brasileiro perdeu a possibilidade de diálogo, interlocução ou intermediação de conflitos.
Mesmo diante do acirramento da crise na Venezuela, o ex-ministro não faz mea-culpa em relação à proximidade gestada entre o governo Lula e de Hugo Chávez, o líder venezuelano à época.
Nem vê problemas na estratégia de aproximação com países africanos que abriu as portas para negócios brasileiros - entre eles, lucrativos contratos com a construtora Odebrecht, que, como se descobriria mais tarde, pagou mais de R$ 1 bilhão em benefícios ilegais em Moçambique e Angola.
"O que as empresas brasileiras fizeram, eu não sei. E não sabia. Agora, também posso dizer que não é diferente do que fizeram empresas francesas, espanholas, americanas", afirma ele, dizendo que casos de corrupção internacionais estão longe de ser exclusividade brasileira e o que o Brasil estaria cometendo que chama de "automortificação" no escrutínio global a suas empresas.
Apesar dos cinco processos enfrentados pelo ex-presidente Lula, Amorim considera que "não pode haver um cenário presidencial" sem o petista em 2018. Para o chanceler, ele próprio filiado ao PT, Lula seria a única pessoa com capacidade para derrotar "as ameaças de direita e de extrema-direita". Ele considera as acusações contra o ex-presidente "ridículas" e "descabidas".
"Tenho certeza que nenhuma dessas acusações se sustentará. Acho que as pessoas percebem que as acusações são infundadas", considera. "Acho que o povo não vai cair nessa, e que o Lula tem muita chance de ser eleito."
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
BBC Brasil - Primeiro queria saber como o senhor vê a política externa do Brasil no momento. A gente viu muitas guinadas no país ao longo do último ano e agora o governo acaba de assumir a presidência do Mercosul...
Celso Amorim - (interrompendo) Mal se percebe, não?
BBC Brasil - Como o senhor vê o papel que o Brasil está desempenhando?
Amorim - A política externa obviamente teve uma queda brutal. Você não percebe mais a presença do Brasil. Eu me recordo que, quando presidia reuniões do Mercosul, eram entrevistas sem parar, jornais, canais de TV, sempre tinha uma coisa nova, algo palpitante, ainda que fosse para criticar. Agora, não tem nada. Dá impressão que você está cumprindo tabela.
O Brasil estava presente em quase tudo que aconteceu de importante no mundo, da Rodada de Doha às questões da reforma da ONU, passando pelo Oriente Médio, Teerã, integração da América do Sul... Hoje, o que eu vejo é uma coisa passiva. Nos melhores momentos é passiva. Nos piores, é desastrada.
BBC Brasil - O Brasil assume o Mercosul em um momento de crise acirrada na Venezuela. A situação está crítica, com a eleição da Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro marcada para domingo. Como o senhor vê as ações do Brasil em relação à Venezuela?
Amorim - O governo brasileiro adotou uma posição de crítica tão frontal ao governo venezuelano que deixou de ser um interlocutor. Na situação atual, o Brasil sumiu. Porque se colocou em uma posição em que não há diálogo.
E em vez de ter presente que o mais importante é a paz na Venezuela, a paz social e política, resolveu tomar um lado, e o lado contrário ao do governo. Eu não vou entrar nem no mérito das posições do governo Maduro, mas se você quer agir como um país que tem influência, você não pode tomar partido.
BBC Brasil - Mas havia muitas críticas à proximidade dos governo do PT em relação ao ex-presidente Hugo Chávez e de Maduro, à falta de posicionamento em relação a violações de direitos humanos e de liberdades democráticas.
Amorim - Isso é totalmente injusto. Claro que Lula, nós todos, tínhamos simpatia pelo desejo do Chávez de afirmar uma independência em relação aos EUA, e de fazer um governo mais voltado para a população pobre.
Agora, veja bem. Quando havia um problema sério entre Colômbia e Venezuela, o Uribe (o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe) vinha correndo falar com o Lula. Nós tínhamos diálogos com todos. Essa ideia de que a gente passava a mão na cabeça dos bolivarianos, de que o Brasil era leniente, é totalmente errada.
Havia uma proximidade. Havia muito esforço de persuasão. O Brasil criou o Grupo de Países Amigos da Venezuela, teve uma liderança indiscutível. Foi o Brasil que convenceu, persuadiu, com jeito, sem agressividade, o presidente Chávez a fazer o referendo revogatório e a aceitar que a OEA (Organização dos Estados Americanos) fosse observadora. Algo impensável hoje, devido ao clima de hostilidade.
É fundamental o diálogo na Venezuela. É dificílimo, mas tem que haver. Não adianta você apoiar a solução do governo ou da oposição. Você tem que trabalhar pelo diálogo.
O presidente da Venezuela Nicolas MaduroDireito de imagemGUSTAVO SALAZAR / PRESIDENCIA DA VENEZUELA
Image caption'É fundamental o diálogo na Venezuela. Não adianta você apoiar a solução do governo ou da oposição. Você tem que trabalhar pelo diálogo', diz Amorim
BBC Brasil - O senhor não faz nenhuma autocrítica pelo fato de o governo Lula nunca ter questionado tendências antidemocráticas na Venezuela, ainda mais agora que a situação se agravou tanto?
Amorim - Não, não faço, porque não somos nós que temos que decidir para onde vai o povo venezuelano. A gente pode atuar numa crise para facilitar o diálogo. Coisa que o presidente Lula sempre tentou fazer. Mas há um limite do que você pode fazer.
BBC Brasil - Dentro do próprio PT há um racha em relação à questão da Constituinte, com a presidente atual do partido, Gleisi Hoffmann, declarando apoio à convocação feita por Maduro, e outros quadros do partido desconfortáveis com esse apoio público. Como o senhor vê essa questão?
Amorim - Eu não sei se tem um racha. O PT não tem força para fazer isso (influir na questão). Você tem que perguntar ao governo. O governo é que tem força para agir de uma maneira ou de outra. Você tem trabalhar pelo diálogo, e o governo não está tentando fazer nada parecido com isso.
O PT está fazendo uma manifestação de simpatia. Embora eu ache que a Constituinte não vá resolver problema nenhum, eu até entendo (esse movimento). Tem que haver um pouco de entendimento, e no momento não há nenhum. O importante é você tentar promover um diálogo, que é difícil. Mas diplomacia é para isso, para as coisas difíceis.
BBC Brasil - O senhor é filiado ao PT. Se não concorda com a Constituinte, lhe causa desconforto a defesa pública do partido?
Amorim - Sou filiado, mas não sou do diretório, não participo das decisões. Não vou dizer que causa desconforto. Eu acho que a Constituinte não vai solucionar o problema e é passível de críticas. Mas não estou no governo, não tenho como influir. Se tivesse, eu me manifestaria.
O (ex-presidente da Espanha José Luiz Rodríguez) Zapatero, o (presidente colombiano Juan Manuel) Santos, essas pessoas estão tentando mediar. Tem que se fazer as coisas de outra maneira. Teria talvez que chamar Cuba para participar. Mas qual é o diálogo que o governo brasileiro tem com Cuba, se Cuba nem sequer dá agrément (consentimento à nomeação de diplomata estrangeiro para atuar no território de um país) para o embaixador brasileiro?
Isso tem a ver com a falta de legitimidade do governo atual. Você não dá um golpe impunemente. Você pode conseguir o poder, mas paga um preço.
BBC Brasil - Após o impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff visitou diversos países para falar sobre seu afastamento e transmitir a perspectiva do PT de que ela foi vítima de um golpe. O senhor acha que a comunidade estrangeira se convenceu de que teria havido um golpe?
Amorim - Olha, eu acho que essas coisas semânticas... Eu, pessoalmente, acho que foi um golpe. As formalidades foram seguidas, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso estão funcionando, então não é um golpe militar, claro. Mas se você teve uma eleição que elegeu uma chapa com um determinado projeto de país - pode até ter errado na execução, isso é outro problema - mas um projeto que pressupõe maior inclusão social, autonomia na política internacional, não incluía privatizações como as que estão sendo feitas agora, nada disso. E você substitui, através do impeachment, por um projeto oposto - isso é um golpe, a meu ver. Ainda que os meios não tenham sido ilegais do ponto de vista formal.
A sensação que eu vejo fora do Brasil é de perplexidade. As pessoas nem entendem o que está acontecendo no Brasil. As condenações do Lula são percebidas como uma coisa política, direcionada. Como você pode comparar o Lula, um homem que a maioria ainda responde que foi o melhor presidente do país, com o Eduardo Cunha, gente? O sujeito tinha contas na Suíça, é um manipulador. São entidades totalmente diferentes. Isso já mostra que a cabeça dessa pessoa que julgou não é uma cabeça... sei lá. Não vou falar mais nada.
O ex-presidente Lula dá entrevista coletiva em São PauloDireito de imagemRICARDO STUCKERT
Image caption'O Lula é a única pessoa que tem capacidade de mobilizar o povo para derrotar essas ameaças de direita e de extrema-direita', diz Celso Amorim
BBC Brasil - Mas o Lula foi condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro e enfrenta quatro outros processos. Como o senhor vê a sucessão presidencial para 2018?
Amorim - Primeiramente, eu presumo que não pode haver um cenário presidencial sem o Lula. Nessa coisa não tem que ter plano B.
As eleições de 2018 serão muito importantes, e temos riscos até da (ascensão de um candidato de) extrema-direita, graças à campanha feita no Brasil. O objetivo foi desmoralizar o PT, mas desmoralizou a política. Os candidatos que se apresentam como não-políticos, da extrema-direita ou da direita mesmo, podem se beneficiar disso.
O Lula é a única pessoa que tem capacidade de mobilizar o povo para derrotar essas ameaças de direita e de extrema-direita. Não é nem para ganhar do PSDB tradicional, não, é para ganhar de pessoas que são antipolíticas e antidemocráticas.
BBC Brasil - Mas para além das dúvidas que pairam sobre o futuro político do Lula, ele enfrenta uma série de acusações de corrupção. Como isso se concilia com a ética demandada por um candidato a presidente?
Amorim - Mas você tem que se perguntar por que esses processos foram abertos. Não existe materialidade do crime. "Por que tinha intenção?" Como é que você faz uma relação de causa e efeito para aferir um eventual benefício para uma empresa? São coisas totalmente descabidas.
Criminalizaram o fato de o Lula receber determinada quantia pelas palestras que fez. Gente, isso é o que faz o Clinton, o Bush... já que a gente gosta de ver exemplos fora. Quase todos esses líderes têm uma fundação. Você acha que eles tiraram dinheiro do bolso deles para botar na fundação? O Instituto Lula é auditado com uma lupa que eu nunca vi aplicada a outros institutos. Eu não tenho nada contra o Instituto Fernando Henrique Cardoso, acho bom que haja. Mas são critérios diferentes, nunca ninguém nunca pensou (em fiscalizar).
BBC Brasil - Mas há acusações muito sérias de corrupção envolvendo o PT - outros partidos também, claro - e o período de governo do Lula, como as centenas de milhões de reais desviados da Petrobras.
Amorim - Eu sei, houve acusações, não tenho como fazer aferições, mas posso falar das impressões que existem. Muitas dessas coisas na Petrobras, que não são defensáveis, já aconteciam antes, e não foram investigadas com o mesmo rigor. Agora o João Vaccari Neto, que era o tesoureiro do PT, acabou de ser absolvido. Claro que depois de você criar uma imagem dessas...
As acusações contra o Lula são absolutamente ridículas. Um dos processos tem a ver com a aquisição dos aviões (36 caças suecos comprados durante o governo Dilma). Eu posso dizer para você, e poderia dizer a um juiz, se ele por acaso me chamar: A influência do Lula na compra dos aviões suecos foi zero. Zero. Até porque a preferência de seu governo eram os aviões franceses, porque estávamos com uma aliança estratégica com a França. Mas a escolha das Forças Armadas era pelos caças suecos. A escolha da Aeronáutica era essa.
Tudo se amontoa. Em um dos processos, um sujeito se propõe a fazer determinada coisa para ter influência, e aí porque ele propôs, você incrimina a pessoa sobre a qual ele faria o lobby. Tenha dó. A questão é que tem que descobrir alguma coisa sobre o Lula. Tem que inventar.
Os outros estão acusados de ter contas na Suíça, tem mala sendo carregada, até filmada. Não tem cabimento. Tenho certeza que nenhuma dessas acusações se sustentará. E acho que as pessoas percebem que as acusações são infundadas. Acho que o povo não vai cair nessa, e que o Lula tem muita chance de ser eleito.
BBC Brasil - Em uma palestra recente em Cabo Verde, o senhor defendeu a necessidade de um entendimento entre os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. De que maneira?
Amorim - Isso, um entendimento para fazer a reforma política. Eu acho que tem que fazer parte da plataforma política do próximo presidente convocar uma Constituinte para promover uma reforma política e mudar o sistema eleitoral.
Todos os problemas que ocorreram - Mensalão, Petrolão - estão ligados a financiamento de campanha. E isso está ligado ao alto custo da eleição. Se a eleição for cara, você pode fazer as proibições que fizer que o dinheiro vai continuar aparecendo, seja por caixa 2, caixa 3, caixa 4.
O ex-presidente Fernando Henrique CardosoDireito de imagemTÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL
Image caption'Eu respeito o Fernando Henrique, ele não é como a maioria de políticos da centro-direita brasileira', afirma Amorim
Eu respeito o Fernando Henrique, ele não é como a maioria de políticos da centro-direita brasileira. Ele tem influência e pode ajudar a fazer uma reforma política que dê legitimidade ao poder no Brasil.
Senão, fica impossível. Com o Congresso sendo eleito da maneira como é eleito hoje, qualquer governante vai ser obrigado a entrar em negociação.
Não estou falando de negociar politicamente. Isso é normal. Em qualquer país do mundo, você faz concessões para fazer uma coalizão. Não é isso. O problema é você ter que negociar favores, verba. Como você está vendo agora. Nunca vi uma coisa assim tão escancarada. É quase sexo explícito.
BBC Brasil - O que o senhor diz que é quase sexo explícito? As negociações entre o governo e o Congresso? O toma lá dá cá?
Amorim - Isso. É impressionante. Na frente de todo mundo. Eu nunca vi isso. Falaram tão mal da Dilma, mas a Dilma não mudou a composição de Comissão nenhuma (referência à substituição de última hora de membros da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados em julho para rejeitar denúncia contra Temer). E isso de pessoas do mesmo partido, como o deputado que soube pelo jornal que tinha sido substituído por outro.
BBC Brasil - Recentemente especulou-se na imprensa que o PT poderia indicar o seu nome para se candidatar ao governo do Estado do Rio em 2018. O senhor foi sondado? Está cogitando voltar para a política?
Amorim - Eu nunca saí da vida política, sempre mantive boas relações, mas nunca cheguei a me posicionar como candidato a nada. Fico envaidecido, mas, honestamente, tentando ver de fora e me desvincular emocionalmente, não acho que eu seja um bom nome. Acho que tem que ser uma pessoa mais jovem, que possa enfrentar os problemas atuais.
Se eu puder ajudar para que um governo voltado para justiça social e para a autonomia no Brasil ganhe a eleição, farei o que for possível. Mas não sei se uma eventual candidatura ao governo do Rio ajudaria com isso. Eu acho que não.
BBC Brasil - A operação Lava Jato descortinou esquemas de corrupção de empreiteiras, sobretudo da Odebrecht, muito além das fronteiras brasileiras, incluindo nos países africanos dos quais o Brasil se aproximou durante o governo Lula, como parte da política de aproximação Sul-Sul. Diante da corrupção revelada, como o senhor olha para essa estratégia em retrospecto?
Amorim - Olha, o que as empresas brasileiras fizeram, eu não sei. E não sabia. Agora, também posso dizer que não é diferente do que fizeram empresas francesas, espanholas, americanas, porque era como essas empresas agiam.
Empresas americanas, alemãs, também foram acusadas disso ou daquilo. A Volkswagen, por exemplo, com aquele software (que mascarava as emissões de carbono). Claro que ninguém vai justificar essas coisas erradas, mas não é por isso que você vai fechar a possibilidade de estar presente em outros países.
Se propinas foram pagas, isso é lamentável e tem que ser punido. Mas eu nunca vi uma campanha acirrada, nem da justiça americana, nem da justiça alemã, para destruir todas as suas empresas. Você teria que ir corrigindo as coisas, mandar embora as pessoas ligadas àquelas práticas, e ir consertando.
Aqui, o nível de colaboração com a justiça estrangeira, com países mais poderosos que o Brasil, é uma coisa que nunca vi acontecer. São assuntos nossos, para serem resolvidos aqui.
BBC Brasil - O senhor está falando das colaborações para investigar a corrupção no exterior, como da Petrobras e da Odebrecht?
Amorim - Sim, porque houve um compartilhamento de dados com a Justiça Americana que teve efeitos graves. Acho que tínhamos que resolver os problemas aqui, e quem quisesse, que viesse pedir para saber mais.
Você não vê outros países fazerem isso. Da maneira que foi feito, dá a impressão que só as empresas brasileiras fizeram isso (pagaram propina para obter contratos).
Eu não vou nem mencionar os países, mas nós já perdemos concorrências de maneiras muito suspeitas, onde sabíamos que tínhamos condições melhores para determinado contrato. Na hora H ganhava uma outra companhia, de um país europeu ou de uma ex-potência colonial.
Um erro não justifica o outro, mas nós fizemos uma automortificação, não é? Você vai sanear as empresas, mas você vai levar muito tempo para recuperar a credibilidade.
BBC Brasil - O senhor acha que a Lava Jato virou uma automortificação?
Amorim - Em boa parte. É muito delicado falar desse assunto, porque eu não quero defender de modo algum as ações erradas que foram praticadas. Agora, eu acho que sim, houve uma automortificação. Na maneira como foi levado, a maneira como a imprensa tratava...
Você ter uma ação política em favor de uma empresa é parte da ação comercial de um país no exterior. Por exemplo, a Boeing queria vender o seu avião no Brasil. A Hillary Clinton me escreveu uma carta. A Condoleezza Rice já tinha levantado o assunto comigo.
Agora, acho que tudo ficou criminalizado indistintamente. Fez-se uma generalização errada e vai levar muito tempo para que isso seja corrigido. Se convenções internacionais anticorrupção já existem há algum tempo, é porque corrupção havia, né? Acho que isso tinha que ser visto de forma menos ingênua, de modo a não achar que eram só as brasileiras. Ainda que com a punição adequada aqui dentro.
BBC Brasil - O governo do presidente norte-americano Donald Trump acaba de completar seis meses, e lá também o dia a dia tem sido de sucessivas crises. Como o senhor vê o impacto de seu governo até agora?
Amorim - Eu não tenho nenhuma simpatia pessoal pelo Trump. Em muitas coisas ele representa um risco, porque a linguagem dele, em vez de apaziguar, atiça conflitos. Mesmo vendo todos os defeitos do Trump, acho que ele fez uma coisa positiva, que foi acabar com a TPP (a Parceria Transpacífico, ou Transpacific Partnership). Se há uma área em que o Obama, na minha opinião, falhou, foi na área do comércio, porque ele não fez nenhum esforço para reviver a Rodada de Doha numa época em que isso ainda era possível.
O TPP tinha o objetivo geopolítico de limitar a ação da China. Houve uma fragmentação do comércio internacional na época do Obama. Tudo bem que o Trump não vai defender a OMC (Organização Mundial do Comércio), mas terminar com o TPP eu acho positivo, pelo menos esse realismo nos poupa da conversa fiada em que a mídia entrava, falando que o Brasil está isolado, e é o Brasil é o único país que não tem acordo... mentira. Nenhum dos Brics é parte de nenhum desses acordos.
Mas não é bom falar que o Trump está certo porque ele é uma pessoa machista, contra imigrantes, racista. O que está fazendo com o México é uma barbaridade. Eu acho, aliás que a América Latina tem que se posicionar. Por que o Mercosul não dá uma declaração criticando o que o Trump está fazendo com o México?
BBC Brasil - Condenando o muro que ele quer construir?
Amorim - O muro, que evidentemente viola os direitos humanos, e também o que eles estão fazendo no Nafta, obrigando o México a fazer mais concessões para manter o acordo. O México já fez vários sacrifícios para entrar para o Nafta. Sobretudo a agricultura mexicana sofreu muito. Cadê a coragem dos que falam mal da Venezuela e do Maduro nesse momento? Não vejo.
BBC Brasil - O mais recente ranking que mede os países com maior soft power no mundo recentemente mostrou que a França ultrapassou os Estados Unidos. Por outro lado, o Brasil caiu e está quase saindo da lista...
Amorim - Quando o Brasil estava fortíssimo! O soft power existe como potencial. Se não há uma diplomacia ativa, ele se perde. Foi o que o governo do presidente Lula procurou fazer. Eu sempre disse que a política externa brasileira era ativa e altiva. O Brasil pode, sim, fazer as coisas. Aquela história do "yes, we can" (o slogan de Barack Obama). Sim, nós podemos. Sim, o Brasil pode trabalhar pela unidade sul-americana. Sim, o Brasil pode trabalhar pela paz na Venezuela. Sim, o Brasil pode fazer um acordo com os Brics. Sim, o Brasil pode ter uma política africana. Pode ter havido erros aqui e ali, mas era isso que nós tentamos fazer.
Nem tudo se perde. Alguma coisa fica. E quando a gente tiver um governo mais legítimo, vamos poder novamente usar as coisas que criamos, os Brics, o Ibas (Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul), o diálogo com os árabes, a boa relação com a África. A gente vai poder voltar.
Espero que seja um governo voltado para a justiça social, porque isso é essencial. O Brasil não é uma empresa. Não basta ter o balanço adequado e estar tendo lucro. O Brasil é um povo.
BBC Brasil - E como está esse Brasil hoje? Qual é a sua sensação como brasileiro?
Amorim - Olha, eu seria tentado a fazer uma frase de efeito e dizer: "O Brasil não está". Tirando o período negro da ditadura militar, é o pior momento em que eu já vi o Brasil. Inclusive em matéria de credibilidade internacional.
Mas o Brasil é um país grande, a diplomacia tem tradição, as Forças Armadas vão exigir que projetos importantes continuem, temos instituições de primeiríssima qualidade, como a Fiocruz, que luta pela saúde brasileira.
O Brasil tem que voltar a ter o peso e a credibilidade que perdeu. Agora, o Brasil está cumprindo tabela. Na realidade, não pode fazer muito mais do que isso. Mas eu acho que vai se recuperar. Agora como, e quando, eu não sei.