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sábado, 22 de julho de 2017

"PSB e o PDT sempre estão juntos em nível nacional, mas no Amapá há divergências"

Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista e radialista Luiz Melo (Grupo Diário de Comunicação), o deputado federal Roberto Góes (PDT-AP) analisa de forma franca e objetiva a realidade política brasileira e o cenário local, fala sobre os processos que responde no STF e revela que o seu partido, que tem como maior liderança o governador Waldez Góes, está conversando com vários partidos, inclusive com os de oposição, na tentativa de criar um arco de alianças das mais diversificadas frentes para a disputa das eleições gerais de 2018, inclusive o PCdoB, o PT e o Psol. Desportista desde a infância e presidente da Federação Amapaense de Futebol (FAF), Roberto Góes admite, até, uma união de forças com a Rede, do senador Randolfe Rodrigues, e o PSB, do senador João Capiberibe, adversário histórico do PDT no Amapá.

Luiz Melo – Quando o senhor iniciou sua carreira política?
Roberto Góes – Minha atuação parlamentar começou em 1992, quando me elegi vereador pelo PSD e tomei posse em 1993, sendo prefeito de Macapá na época o atual vice governador Papaléo Paes; em 1994 fui eleito deputado estadual, com mandato a partir de 1995 na primeira gestão do governador João Capiberibe; logo em seguida o PSD se fundiu com o PTB, onde passei alguns meses e depois me elegi deputado estadual. Posteriormente, em 2008, fui eleito prefeito de Macapá e atualmente exerço meu primeiro mandato de deputado federal, para o qual fui eleito em 2014.

Luiz Melo – O senhor tentou a reeleição à Prefeitura de Macapá em 2012 e por muito pouco não logrou êxito. O senhor voltaria a ser candidato a prefeito?
Roberto Góes – Na realidade, sou contra reeleição, porque nos dois últimos anos do mandato você acaba não fazendo governo, mas sim política; passa dois anos pensando na reeleição, mas também acho que quatro anos para o mandato é muito pouco. O ideal seria de cinco a seis anos sem reeleição.

Luiz Melo – Foi boa a sua experiência como prefeito?
Roberto Góes – Sim. Aprendi muito. Todo aquele que tem oportunidade de administrar um município, um estado e mesmo uma secretaria de governo, e deixa um legado, como eu deixei, sente-se gratificado pela contribuição que deu para o desenvolvimento do seu município, do seu estado…

Luiz Melo – O senhor foi o deputado mais votado nas eleições de 2014. Nesses quase três anos de mandato o senhor mudou o seu modus operandi, digamos assim, considerando a sua fama de ‘pavio curto’?
Roberto Góes – Na verdade eu não tenho o pavio curto, pois apenas me defendo das pessoas que querem brigar comigo. Sempre procuro me defender; mas a gente vai mudando com a idade, a experiência, a convivência com outras pessoas. A Câmara tem sido um aprendizado pra mim, pois lá são 513 pessoas que pensam diferente, inclusive com grandes brasileiros que contribuíram com seus estados, com o país de modo geral; ao contrário do que alguns pensam, a Câmara tem muitos políticos decentes, de grande envergadura moral e intelectual, como o Miro Teixeira, por exemplo, uma pessoa que admiro muito, um grande brasileiro, dentre tantos outros.

Luiz Melo – Mas na Câmara tem muitos maus políticos também. E muitos faltosos…
Roberto Góes – A Câmara é um reflexo da comunidade, da sociedade; a atuação do parlamentar não é só no Plenário, há agendas com ministros, nos estados, no governo, agendas internacionais; é um trabalho intenso, diuturno, e tantas ações muitas vezes exigem a ausência do parlamentar do Plenário.

Luiz Melo – A politica é mesmo uma eterna e inevitável troca de favores?
Roberto Góes – Não só a partidária, como também a política da vida; você vive constantemente tentando sobreviver nesse ritmo de vida que precisa, sim, estar constantemente conversando, negociando, buscando alternativas, seja no trabalho, na Igreja, no futebol, enfim, em todos os setores; o sistema não para e por isso temos que sempre buscar alternativas, compensar, conversar. Tem uma frase atribuída ao Lucas Barreto, que eu concordo plenamente, dizendo que “na política ou na vida não é como a gente quer, é como poder ser”.

Luiz Melo – Destroçado com o impeachment de Dilma e agora com o Lula prestes a ser preso, na sua avaliação o PT ainda consegue se botar de pé apesar do descrédito que passa?
Roberto Góes – Tive oportunidade de viver esses últimos três anos na Câmara, onde existe grande briga pelo Poder, e vejo que isso não acontece só com PT, pois hoje existe essa discussão a nível nacional envolvendo todos os partidos; eu fiz parte da base política da Dilma, fui vice líder do governo dela e vi que muitas reformas dessas que hoje estão sendo aprovadas o PT era a favor, mas hoje vira o disco, assim como outros partidos que eram contra e agora são a favor e vice versa; o Lula foi um grande presidente, em especial na geração de emprego e renda, no fortalecimento das universidades federais, na melhoria da autoestima dos cidadãos; as empresas também cresceram. O que eu defendo é que todas as forças políticas, de todos os partidos, de todas as ideologias devem ser juntadas para buscarmos, unidos, uma alternativa para conduzir o país.

Luiz Melo – Mas o PT se perdeu dentro do Poder…
Roberto Góes – O que eu vejo é que o PT era um partido cujos companheiros sempre apontavam os dedos para os companheiros de outros partidos, mas quando uma mancha de tinta pegou na camisa vermelha começou a manchar a biografia do partido. Além disso, esse modelo de gestão está perdido, está altamente ultrapassado; por isso o Brasil precisa de um novo modelo de gestão.

Luiz Melo – O senhor concorda com candidaturas avulsas para todos os cargos eletivos?
Roberto Góes – Hoje a mídia, as redes sociais vêm massacrando a classe política. Mas eu entendo que não há um só país democrático no mundo que viva sem políticos; não se pode marginalizar o politico, pois a politica é reflexo da sociedade; no parlamento, por exemplo, temos radialistas, taxistas, doutores, advogados, autônomos, enfim, todos os segmentos do povo têm sua representatividade.

Luiz Melo – Analistas políticos e da área econômica defendem maior alternância no Poder…
Roberto Góes – Veja só, o Fernando Henrique Cardoso, um reconhecido intelectual, fez grande governo, mas mesmo assim enfrentou problemas; logo depois dele o povo elegeu um operário, um homem do Nordeste, que contribuiu muito para o crescimento do país; depois o povo brasileiro elegeu uma mulher; essa alternância no Poder sempre existiu; a população sempre votou consciente, sempre mudou esperando que o eleito trabalhe em favor da sociedade.

Luiz Melo – Nesse caso, ao que o senhor atribui tantos reveses, tantos escândalos?
Roberto Góes – Nesse pouco tempo na Câmara dos Deputados eu constato que o país cresceu, mas tem uma grande conspiração internacional para conter esse crescimento, como esse escândalo recente na área de carnes que reduziu a exportação exatamente porque o Brasil é um dos maiores exportadores de carnes; hoje nossas carnes estão sendo boicotadas em todo o mundo; e isso aconteceu exatamente para enfraquecer o país; isso vem acontecendo de forma recorrente seja na carne, na produção de grãos e também na política; porém, mesmo com toda essa turbulência nós vemos que os índices do país estão reagindo; mas, infelizmente, essa turbulência vai ter sempre, porque o crescimento do Brasil incomoda muitos outros países.

Luiz Melo – Agora o presidente Michel Temer caminha sobre gelo fino, por assim dizer. Ele sobrevive ou afunda?
Roberto Góes – O PMDB e os demais partidos da base aliada se empenham muito para que aconteça logo a votação que vai autorizar ou não a investigação contra o Temer, porque se ela ocorrer em curto prazo há chance dele sobreviver, mas se demorar a ocorrer essa votação eu acredito que ele não vai resistir.

Luiz Melo – Segundo na linha sucessória, como presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia tem competência para governar o país?
Roberto Góes – Ele tem tradição, experiência, é filho de um grande governador do Rio de Janeiro, de uma tradicional família com forte atuação política, mas mesmo assim eu não acredito que ele suporte a pressão do Congresso Nacional, porque lá muitos vivem em função de si próprios; caso ele venha a assumir o comando do país, a pressão da Câmara e do Senado vai ser muito maior do que foi com a Dilma, o Temer e o próprio Lula. Se não tiver uma composição de forças políticas as coisas não andam, e isso acontece em todos os níveis da administração pública, seja na Presidência da República, seja nos estados e nos municípios.

Luiz Melo – Se o Rodrigo Maia assumir seria um mau negócio para o PDT no Amapá?
Roberto Góes – Não, de jeito nenhum. O PDT está bem consolidado no estado; o governador Waldez vem dando resposta; mesmo pegando o governo como pegou, com muitos problemas, ele já conseguiu avanços consideráveis, melhorando sensivelmente as áreas da saúde, educação e segurança pública; ele vem reagindo, vem fazendo grandes obras, contando para isso com a ajuda da maioria dos parlamentares da bancada, no Senado e na Câmara; o senador Davi (DEM) é uma das exceções, porque ele tem oportunidade, como vice líder do governo, de trazer benefícios para o estado, mas até agora não fez; eu fui vice líder, e mesmo atacado por todos os lados, respondendo a processos, com muita superação e seguindo a orientação do presidente José Sarney, conseguimos conquistas importantes, como por exemplo ficamos acampados no Palácio do Planalto até a presidente Dilma assinar o decreto de transferência das terras da União para o Amapá. Eu tenho visto o Davi até agora, na mesma função que eu exerci, só com muita conversa e pouca ação.

Luiz Melo – Como vai ser a relação do PDT com o presidente Temer daqui pra diante?
Roberto Góes – Tudo vai depender da aceitação ou não pela Câmara da denúncia feita contra ele pela Procuradoria Geral da República.

Luiz Melo – O senhor admitia até há bem pouco tempo que gostaria de se candidatar ao Senado, mas pelo visto agora mudou de ideia…
Roberto Góes – Não é que eu não queira, na verdade o PDT tem como prioridade a reeleição do governador Waldez Góes, que tem se dedicado bastante à governabilidade, de fazer a gestão com o apoio dos parlamentares federais e estaduais, com os prefeitos, vereadores, lideranças comunitárias, e ele vem fazendo isso de forma muito clara, buscando alternativas, dialogando permanentemente com todos os partidos; e a governança ele está fazendo botando os secretários pra trabalhar para o estado andar; grandes obras já foram feitas e muitas outras estão em andamento. Hoje nossa prioridade é a sua reeleição e dentro desse foco queremos atrair outros parceiros, tanto que estamos tendo conversas com o Vinícius Gurgel, Lucas Barreto, Jaime Nunes, com o Pedro Paulo, com várias personalidades políticas de diferentes partidos.

Luiz Melo – Então esse seu recuo de uma eventual candidatura ao Senado não tem nada a ver com uma possível candidatura do ex-presidente Sarney?
Roberto Góes – Eu sempre falei sobre o carinho e o respeito que tenho pelo presidente Sarney, porque reconheço a sua importância para o Amapá; eu sempre disse que se ele fosse o candidato (ao Senado) eu o apoiaria de imediato; eu tenho certeza que se o presidente Sarney estivesse no Senado essa crise política não estava acontecendo. Eu o visito sempre, ele está bem fisicamente, está muito lúcido, mas não deixa transparecer essa intenção de forma objetiva; num momento sinto que ele quer, mas em outro momento não. E reafirmo: no momento o foco, a nossa prioridade é a reeleição do Waldez, por entendermos que ele tem ainda muito a fazer pelo estado; por isso eu abri mão de disputar o Senado, permitindo a construção de uma grande aliança, e nesse caminho tem o Lucas Barreto, o Jorge Amanajás, Jaime Nunes, Papaléo Paes, o Pedro Paulo, tem o Gilvam Borges, que sempre foi parceiro do PDT de primeira hora.

Luiz Melo – Na sua avaliação, como haverá duas vagas ao Senado em disputa, a oposição faz um senador e a situação outro?
Roberto Góes – Eu acredito nisso… O Randolfe está muito bem posicionado… Há uma série de perspectivas pela frente; o Psol tem uma relação muito boa com PDT em nível nacional… Eu também não descarto a possibilidade de conversarmos com o Randolfe e com o próprio prefeito Clécio (ambos da Rede), com o senador Capiberibe, que tem uma articulação muito forte, e considerando que o PSB e o PDT sempre estão juntos em nível nacional, aqui no Amapá há algumas divergências, mas não vejo nenhum problema para uma composição.

Luiz Melo – Nesse caso, como agradar a gregos e troianos colocando tudo num mesmo grupo?
Roberto Góes – Estamos vivendo uma transição política muito forte, e acredito que um amplo entendimento poderia garantir a governabilidade, trabalhando com tranquilidade e segurança para uma transição do governo no futuro.

Luiz Melo – O senador Davi vem pregando que será candidato ao governo do Amapá em 2018…
Roberto Góes – Eu não vejo o Davi como adversário; ele foi meu secretário de obras, e essa foi a única vez que ele trabalhou na administração pública, porque antes e depois ele não administrou nada, absolutamente nada; não vejo ele com toda essa liderança politica; não se constrói um nome para o governo sem base política; o Davi não se elegeu para o Senado com votos dele, e sim do PSB, que deu os votos para ele se eleger, assim como o partido também fez com o Clécio quando eu me candidatei à reeleição para prefeito de Macapá. Eu não vou subestimar a articulação nem a inteligência do senador Davi, mas vejo hoje o próprio senador Capiberibe bem posicionado tanto para o Senado como para o governo, e bem melhor que o próprio Davi, como também vejo o senador Randolfe bem melhor posicionado para a reeleição.

Luiz Melo – Com Jaime Nunes compondo a chapa de Waldez como vice sobraria Gilvam e Papaléo para o Senado. O senhor também vislumbra esse quadro?
Roberto Góes – Claro que sim. Com o Papaléo permanecendo como vice, seria o Gilvam e o Jaime Nunes (a dobradinha para o Senado); vejo também outros nomes, como a professora Marcivânia, ou mesmo o vice pode vir, quem sabe, do Laranjal do Jari, do Oiapoque; temos grandes nomes para vice, como o Jorge Amanajás, o Lucas Barreto… Vejo que temos condições de fazer uma grande aliança, até mesmo com possibilidade de o vice ser do PSOL, da REDE, alguém do próprio grupo do prefeito Clécio, ou do prefeito Ofirney Sadala, de Santana, do PCdoB, quer também tem conversado muito com o governador Waldez; sei que o deputado Milhomen tem relação direta com o Clécio, mas o partido vem conversando muito com o Waldez.

Luiz Melo – O senhor acha que vai ser possível aprovar as reformas trabalhista e previdenciária?
Roberto Góes – Diante de todo esse turbilhão o PDT tem se posicionado contra. Eu acho que a reforma trabalhista tem que ser mais discutida, porque talvez não seja como o governo pensa, e por isso, não apenas a trabalhista e a previdenciária, como também a reforma política tem que ser feita através de um novo pacto federativo; eu não vejo nesse momento condição de aprovação de nenhuma delas. As eleições estão ai na frente, a pré-campanha já começa agora até dezembro… Não há unidade no país, ninguém quer abrir mão; trabalhei na comissão trabalhista (da Câmara) e vi muitas vezes professor, policial, médico, servidor público em geral dizer que não vai abrir mão de nada; tem que haver muita discussão porque não pode ser só como o governo quer ou só como a sociedade quer.

Luiz Melo – O Michel Temer está aí no turbilhão da corrupção. Se o Rodrigo Maia montar no cavalo, que pode passar selado pela segunda vez, ele tem como pacificar o país?
Roberto Góes – Não tem como pacificar o país nesta situação; para pacificar tem que haver eleição, um novo governo e novos ministros.

Luiz Melo – Esse ‘cavalo selado’ pode ser montado pelo Bolsonaro?
Roberto Góes – Eu não acredito. Acho muito difícil essa possibilidade. Nós precisamos criar novas lideranças porque todas as grandes lideranças com trabalhos voltados para o Brasil estão manchadas. Porém, é necessário ressaltar que a questão ética não deve ser trabalhada só na Câmara e no Senado, mas também em toda a sociedade, acabando com os maus costumes de furar fila no banco, de ‘dar carteirada’…

Luiz Melo – O senhor é reconhecidamente um político bom de voto. A que o senhor atribui isso?
Roberto Góes – É por causa da minha convivência com o eleitorado, tentando solucionar os problemas coletivos; é essa a minha vida. Eu assumi a vida publica para melhorar a vida do cidadão; eu não faço negociata, não tenho empresa, e politico que faz como eu faço vem logrando êxito; na minha família todos fazem isso, indistintamente, desde a minha mãe Maria Góes como deputada ao meu irmão mais novo, Cláudio, que é vereador.

Luiz Melo – Os processos que o senhor ainda responde na justiça federal o preocupam? O senhor vai consegue colocar os ‘pingos os iiis’ a tempo de não prejudicar a sua candidatura à reeleição?
Roberto Góes – É importante destacar que fui vereador, depois deputado estadual, agora deputado federal e nunca tive problemas com a justiça nos exercícios desses mandatos; fui ter processos na prefeitura de Macapá, num total de dez; como esses processos subiram para Brasília, meus advogados estão trabalhando; já ganhei alguns, outros estão para serem julgados; tem aqui no estado a doutora Glaucia e em Brasília o doutor Luiz Henrique, e sempre que sou intimado eu levo as minhas comprovações; estou com meus direitos políticos plenos para disputar qualquer eleição; e afirmo com toda a convicção: posso responder pelas coisas que eu fiz, não pelo que dizem que eu fiz.

Luiz Melo – Recentemente a imprensa nacional destacou que, ao ser intimado através de telefone por um oficial de justiça do STF o senhor respondeu “intimado porra nenhuma”… O que foi que realmente aconteceu?
Roberto Góes – Isso ocorreu em fevereiro, quando eu estava embarcando com uma delegação brasileira de futebol para o Catar e o meu telefone tocou; a pessoa disse que era oficial de justiça e estava me notificando; aí, de bate pronto, eu respondi “intimando porra nenhuma”, mas eu respondi assim pensando que se tratava de trote; na realidade eu não sabia se era realmente um oficial de justiça; eu não tenho maldade nem arrogância e tampouco prepotência; toda vez que fui notificado eu sempre compareci, porque não tem ninguém mais interessado que eu de provar a minha inocência das coisas que sou acusado; depois pedi ao meu advogado para entrar em contato com oficial para confirmar se era ele mesmo e ficou tudo esclarecido.

Luiz Melo – O senhor prevê que a bancada federal do Amapá manterá em 2018 quantos dos oito deputados?
Roberto Góes – Acredito que o percentual de mudança vai seguir a tradição de 50%, que é a média nacional; não se trata, porém, se um ou outro não tem condições de se eleger, porque muitas vezes o deputado tem muitos votos, mas acaba não se reelegendo por causa do coeficiente eleitoral; da nossa parte, nós vamos lutar para fazer o maior numero possível de parlamentares. Eu vejo que cada deputado faz o seu papel, todos, indistintamente, como o André Abdon, Vinícius Gurgel, Josi Araújo, a professora Marcivânia, o Cabuçu Borges, Marcos Reátegui, a Janete Capiberibe… Enfim, todos têm um papel importante nos cenários nacional e local, e nós sempre nos unimos para participar de grandes discussões. Nossa bancada é de oito, muito pequena se comparada às de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas, que juntas representam a metade dos 513 deputados, mas acabamos ficando fortes, com maior poder de barganha quando nos unimos às demais bancadas, além do fato de que cada deputado dentro do seu partido orienta sua bancada para votar favoravelmente a projetos de interesse do Amapá.

Luiz Melo – O senhor não citou o ex-deputado Bala Rocha para compor a aliança que está sendo articulada pela base aliada do Palácio do Setentrião. Isso significa dizer que ele está fora?
Roberto Góes – De jeito nenhum, muito pelo contrário, porque o deputado Bala tem uma relação muito boa com o governador Waldez, com a base aliada. Inclusive eu tenho visto pesquisas com o nome do Bala aparecendo com destaque. Ele e Waldez estão conversando, como também com várias outras lideranças políticas… O deputado Bala Rocha faz parte da aliança com muitos parceiros que irão participar desse grande projeto para 2018.

Luiz Melo – Prestes a concluir o seu mandato, o senhor se dá por satisfeito pelo trabalho realizado em Brasília?
Roberto Góes – Não, não me dou por satisfeito. Acho que eu poderia ter feito muito mais; porém esse turbilhão em Brasília, com tanta briga pelo Poder, atrapalha muito e a gente acaba produzindo pouco; agora vamos depender da aceitação ou não da denúncia contra o Temer para consolidar muito mais ações em benefício do Amapá e de todos os amapaenses.

Luiz Melo – Fala-se muito que o presidente Michel Temer está liberando emendas para os deputados para garantir os votos necessários à rejeição da denúncia e sua consequente manutenção no Palácio do Planalto…
Roberto Góes – A mídia diz isso, mas é importante esclarecer que essas emendas parlamentares não são dos deputados, mas sim destinadas aos estados, aos municípios, para investimentos em saúde, construção de escolas, revitalização de praças e segurança pública; a imprensa noticia que deputado fulano de tal é voto garantido para o Temer porque vai receber 16 milhões de reais em emenda, por exemplo; isso não existe, uma coisa não tem nada a ver com a outra, tudo é resultado do trabalho parlamentar.

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