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sábado, 19 de setembro de 2015

“A missão da Marinha na foz do Amazonas começou com os portugueses”

Um militar de fala mansa e muito sereno acaba de assumir o Comando do 4º Distrito Naval, cuja jurisdição é a região da Amazônia Oriental, desde o Piauí até o Pará, portanto tendo como área de abrangência o mar territorial do Amapá, seus principais rios e afluentes. Ele esteve visitando o estado na semana que passou, ocasião em que falou com exclusividade ao jornalista Cleber Barbosa, para o programa Conexão Brasília, da Diário FM. Falou didaticamente da missão da Marinha para essa extensa área de atuação, seja do lado administrativo, com a Capitania dos Portos, seja do lado operacional, com os navios patrulha que estão lotados na Base Naval de Belém e que a qualquer tempo são deslocados para o Amapá. Os principais trechos da conversa o jornal Diário do Amapá publica a seguir. 

Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – O senhor acaba de assumir o Comando do 4º Distrito Naval, e nessa primeira visita à Guarnição Militar do Amapá, como encontrou a representatividade da Marinha do Brasil por aqui, almirante?
Alípio Jorge – Efetivamente essa foi uma excelente oportunidade de poder participar com o general Ferreira da entrega do diploma de cidadão honorário do estado do Amapá. Ao mesmo tempo, como primeira visita oficial ao estado no comando do 4º Distrito Naval, poder visitar o governador, o prefeito de Santana, a Companhia Docas e fazer a visita de inspeção na nossa Capitania Fluvial do Amapá, o que foi muito importante para mim nesse momento. Estar aqui, conversando com todos para ter o sentimento do governo e das pessoas sobre a participação da Marinha nessas atividades do estado e do município.

Diário – A população do estado vem acompanhando ao longo dos anos o crescimento da presença da Marinha no estado, desde a Delegacia até a criação da Capitania dos Portos, então a pergunta é sobre o olhar do Alto Comando para esta região da Foz do Amazonas?
Alípio – A missão da Marinha na foz do Amazonas na verdade começou até com os portugueses... [risos] E a Marinha do Brasil tem procurado dar prioridade e importância. Paulatinamente, tem procurado incrementar as atividades da Capitania aqui. E diferente até de outras regiões do Brasil, aqui na região da Foz do Rio Amazonas as atividades da Marinha do Brasil podem ser vistas. O navio quando se afasta do litoral a população não vê mais, mesmo que ele fique um mês operando. E aqui as atividades são mais voltadas para a parte da inspeção naval, a parte da formação das pessoas que trabalham no rio, a conscientização da segurança da navegação, enfim, tudo isso é muito importante e essas atividades nós procuramos incrementar cada vez mais.

Diário – A Marinha do Brasil aqui no Amapá faz um trabalho mais administrativo então, portanto a parte mais operacional se concentra em Belém, no seu distrito Almirante?
Alípio – Isso. A Marinha, diferente do Exército, por exemplo, ela não deve estar na cena de ação parada. Ela deve estar na área de interesse em movimento, então nós temos uma característica que é a mobilidade, ou seja, poder chegar rapidamente a qualquer local, e o que nós chamamos de permanência. Então a Marinha sai com seus navios, vai para uma área e permanece numa área muito tempo. Então o fato da Base ser em Belém, e é uma posição já antiga lá, isso não quer dizer que na parte operativa a prioridade seja o estado do Pará, ele não é. O nosso Distrito prioriza as operações no mar do Piauí ao Amapá e prioriza nos rios os estados do Pará e do Amapá principalmente.

Diário – Já que o senhor está explicando essas diferenças entre a Força Terrestre através do Exército e a Força Naval, que é a Marinha do Brasil o que é possível falar em relação à instalação de uma Brigada do Exército no Amapá. A exemplo do Exército a Marinha também poderá aumentar seu efetivo por aqui?
Alípio – Não o fato do Exército estar aumentando a sua participação, mas o fato da Marinha continuar fazendo estudos sobre aonde ela se faz mais necessária. Então temos estudos, temos estudos no estado do Amapá, mas ainda sem nenhuma definição sobre aonde nós podemos ter alguma organização a mais. Mas eu repito, o mais importante não é ter uma organização, o mais importante é ter os militares da Marinha e as embarcações, navios e lanchas, apoiando e participando das atividades marítimas.

Diário – Particularmente o que poderá ser uma marca de seu comando à frente do 4º Distrito Naval, o que o senhor vislumbra como política de gestão para esses próximos dois anos e que pode adiantar para gente?
Alípio – Eu não quero dizer que eu tenho uma meta, um objetivo principal pessoal. O que eu vou procurar é observar o que é mais importante para as regiões, pois entendo que mais importante do que atender um propósito meu é procurar apoiar os objetivos das regiões, então vou buscar o desempenho das atribuições das atividades da Marinha apoiar o desenvolvimento econômico e social através das nossas atividades. O mais importante é o que é necessário para cada região e como a Marinha pode, desempenhando as suas atividades, contribuir para isso.

Diário – Para fechar Almirante, qual mensagem o senhor poderia deixar para aquelas pessoas que diariamente utilizam aquilo que se chama de estradas dos ribeirinhos, que são os nossos rios infindáveis da região amazônica, na área que a Marinha do Brasil tem essa jurisdição bem grande aliás. Um ‘aviso aos marinheiros’, como se diz no jargão naval?
Alípio – O mais importante é a vida humana. Então que cada um que use os rios tenha a preocupação de buscar a habilitação necessária para usar o rio, navegar com suas embarcações com segurança e contribuindo não só com as suas atividades, mas contribuindo com sua própria segurança. A vida humana é a parte mais importante, repito.

Diário – Muito obrigado pela entrevista Almirante.
Alípio – Eu que agradeço, contem sempre com a Marinha do Brasil.

Perfil...

Entrevistado. O vice-almirante Alipio Jorge Rodrigues da Silva é natural do Rio de Janeiro. Foi declarado guarda marinha em 13 de dezembro de 1980. Entre seus principais cargos ou Comissões, o Navio-Escola “Custódio de Mello”; Fragata “União”; Navio de Desembar- que-Doca “Ceará”; Imediato da Estação Rádio da Marinha em Brasília; Comandante do Navio-Patrulha Fluvial “Raposo Tavares”; do Navio- Escola “Brasil”; do Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão; Chefe do Estado-Maior da Esquadra; Coordenador da Manutenção de Meios da Diretoria-Geral do Material da Marinha; e Diretor de Comunica-ções e Tecnologia da Informação da Marinha. Antes de assumir o 4º Distrito Naval, em Belém, era Diretor de Sistemas de Armas da Marinha.

“Não dá para perder tempo com picuinhas, com desavenças políticas”

Sarney foi o personagem da semana no Amapá, por toda a mobilização da classe política local em torno de uma das mais respeitadas biografias da República. Ex deputado, ex senador e ex presidente do país, ele demonstra que não precisa de mandato para colocar seu prestígio a serviço do Brasil e do estado que o acolheu depois que deixou o cargo mais importante da Nação. Foram 24 anos consecutivos de representatividade no Congresso Nacional. Sarney passou três intensos dias de agenda oficial no estado, para testemunhar a consolidação de projetos concebidos ainda como senador do Amapá, como pontes, aeroportos, portos, energia. Ele recebeu o Diário do Amapá para avaliar essa nova fase de sua vida, ocasião em que voltou a pregar a paz entre a classe política local, além do indefectível otimismo em relação ao estado.

Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – Então, presidente, como foi essa volta ao Amapá depois de um bom período em que ficou só em Brasília?
José Sarney – Pois é, eu havia dito que um dos motivos para deixar de concorrer à reeleição era também para cuidar mais de minha esposa Marly, que estava realmente precisando de minha atenção. Não sou médico, como todos sabem, mas o fato é que houve muito progresso no tratamento dela que deixou a cadeira de rodas e hoje está caminhando, graças a Deus. Ela até bateu perna no comércio de Macapá estes dias... [risos] Mas voltar aqui é sempre uma oportunidade para matar as saudades. O Amapá é uma saudade que não passa!

Diário – E na sua chegada o que se viu foi uma grande mobilização da classe política local no aeroporto, como foi para o senhor receber essa manifestação?
Sarney – São essas coisas que nos dão a certeza de que acertamos muito mais do que erramos nesta missão de representar o Amapá no Senado. Desde que aqui cheguei, sempre recebi o carinho dos amapaenses e dos inúmeros brasileiros, como eu, que para cá vieram com o propósito de trabalhar, ajudar o estado. Foram anos maravilhosos, intensos, mesmo, de muito trabalho e dedicação às coisas do Amapá, fato que aliás ainda continuamos fazendo mesmo sem mandato de senador.

Diário – Como assim, presidente?
Sarney – Sim, pois tive que abrir um escritório lá em Brasília para receber melhor as inúmeras pessoas que continuam a nos procurar, sejam políticos, lideranças, representantes de categorias de servidores públicos e autoridades como o governador do estado, os prefeitos, enfim, as mesmas pessoas que sempre estavam conosco, lá no Senado, levando algum tipo de demanda daqui pra ser resolvida lá. 

Diário – E como o senhor consegue resolver essas coisas?
Sarney – Olha, hoje eu não tenho o mandato, o voto, o discurso, mas tem uma coisa que vale muito na vida pública, que é o prestígio, o respeito, pelos anos que dediquei à política e também pela postura que sempre adotei de retidão e hombridade. Além do mais, todo pedido que faço em nome do povo amapaense é no sentido de reparar os muitos anos em que os governos poderiam dedicar mais atenção a estados do Norte, para a região amazônica como um todo. Tenho um bom relacionamento com a presidente Dilma, e sempre que a situação exige, recorro a ela ou a algum de seus ministros para tratarmos de algum projeto de interesse do estado. 

Diário – Foi assim com essa questão da obra do aeroporto de Macapá, que teve os trabalhos retomados num evento que contou com sua presença?
Sarney – Sim, exatamente. Eu sempre defendi as obras de infra-estrutura, como portos, aeroportos, hidrelétricas, pontes, que são obras difíceis de se conseguir. Dão muito trabalho, mas quando ficam prontas projetam o estado para o futuro. Com o aeroporto, também foi assim. Tive a felicidade de receber do então presidente Lula a informação de que essa seria a primeira obra liberada por seu governo em 2004. Depois, infelizmente, uma das empresas do consórcio responsável pela construção teve problemas, acabou quebrando e prejudicando outra até que o Tribunal de Contas da União interveio e a obra acabou paralisada. Mas, como se vê, falta pouca coisa para se entregar o novo aeroporto, que terá uma capacidade anual na ordem de 5 milhões de passageiros, ou seja, atenderá à necessidade do estado para os próximos 20 anos.

Diário – O senhor sempre está olhando para o futuro, não é?
Sarney – Sim. Gosto muito de uma frase de Winston Churchill, que ao responder sobre a diferença de um estadista para um demagogo, disse que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações. Sempre persegui esse ideal, ou seja, de olhar para o futuro e projetá-lo através de obras que preparem a sociedade para as demandas que virão. Desde que para cá me mudei, sempre procurei ser útil, olhando para as necessidades do momento e pensando em soluções mais à frente, para quando a população aumentasse. Aqui o primeiro problema era a energia elétrica, pois os motores eram desligados à certa hora da noite. Havia racionamento. Então consegui os motores maiores, que vieram de Camaçari, na Bahia. Depois pensei em um grande projeto econômico, quando então conseguimos trazer os incentivos da Área de Livre Comércio para Macapá e Santana, uma conquista importante e que vem garantindo a sobrevivência do estado, até hoje. E foi sempre assim, planejando, pensando soluções.

Diário – O comércio é a maior vocação, o senhor diria?
Sarney – Sempre foi, mas não queríamos parar por aí, por isso continuamos os esforços no setor elétrico, aumentando a capacidade de produção da usina Coaracy Nunes e depois de um estudo sobre o potencial hidrelétrico do Araguari, conseguimos outras usinas, como a de Ferreira Gomes e a de Caldeirão, além da de Santo Antônio, no rio Jari. Aí veio a interligação com o Sistema Elétrico Nacional, por meio do Linhão do Tucuruí, o que está possibilitando que o Amapá hoje possa até exportar energia. Mais que isso, essa autossuficiência em energia possibilita agora o incremento da indústria, que terá cenários favoráveis com a implantação da Zona Franca Verde e também da Zona de Processamento de Exportação, outros projetos que desenvolvemos, enquanto senador, com a ajuda das autoridades de Brasília e também de nossos colegas de bancada federal que sempre estiveram ao nosso lado.

Diário – Muito interessante o senhor dividir os louros dessas vitórias com seus ex colegas congressistas.
Sarney – Ah, não poderia ser diferente. Sou pelo diálogo, pela conciliação. O Amapá é um estado pequeno, que tem tudo para crescer e se tornar um dos mais importantes da nossa região, então não dá pra perder tempo com picuinhas, com desavenças políticas. O povo não tem nada a ver com a briga dos políticos. Precisamos deixar a política partidária para a época das eleições e unir esforços em prol do desenvolvimento do estado, garantindo a governabilidade e buscando alternativas econômicas.

Diário – Além do aeroporto, que teve as obras destravadas, como o senhor está sentindo o Amapá nestes tempos difíceis na economia e na política do país?
Sarney – Fiquei muito feliz com o convite do governador Waldez para estar aqui nestes dias, no lançamento de obras importantes que tiveram minha modesta contribuição, como do próprio aeroporto, a ponte, estradas e implantação de equipamentos urbanísticos como na pequena e histórica Mazagão. As nossas estradas terão sua pavimentação concluída em breve, e a notícia de que o impasse sobre a ponte do rio Jari também está sendo resolvido, possibilita a quebra de barreiras históricas, como o isolamento do restante do país e do próprio continente, pois também estamos resolvendo os últimos entraves na fronteira da Guiana Francesa para entregar a ponte binacional. 

Diário – Obrigado pela entrevista, presidente.
Sarney – Eu que agradeço e dirijo especial mensagem aos amapaenses no sentido de continuarem confiantes no futuro deste estado, de gente ordeira e trabalhadeira, pelo qual tenho profundo agradecimento pela forma com que fui acolhido e para onde continuarei dedicando especial atenção, sempre.

Perfil...

Entrevistado. José de Ribamar Sarney Costa tem 85 anos, é advogado, jornalista e escritor. Começou a vida política ainda estudante do Colégio Liceu, em São Luís (MA), tendo depois chegado a suplente de deputado federal, até vencer uma eleição para a Câmara Federal e depois se elegeu governador do Maranhão e após senador. Nos anos 1980 se engajou na campanha pelas eleições diretas e pouco depois compôs como vice a chapa vitoriosa deTancredo Neves, que faleceu antes da posse. Sarney assumiu as rédeas do país e conduziu o período da redemocratização, da Constituinte e da volta das eleições diretas para Presidente. Depois foi eleito senador pelo Amapá por três mandatos, constituindo-se um dos mais importantes políticos da história do estado.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

“Apesar das dificuldades econômicas temos um horizonte bom para o Amapá”.

Ele é o mais experiente membro da diretoria do Sebrae no Amapá, alguém que fala com segurança e otimismo sobre as possibilidades do estado conseguir se firmar no cenário econômico regional. Também com bom trânsito no meio político, João Carlos Alvarenga acabou se tornando uma espécie de embaixador dos grandes e pequenos empreendedores, tanto que chegou a ser apelidado “Senhor Lei Legal”, por sua determinação em disseminar pelos municípios a aprovação da nova legislação que trata de forma especial os pequenos e micro empreendedores, inclusive mudando o eixo das compras governamentais. Alvarenga esteve ontem no programa Conexão Brasília, na Diário FM, ocasião em que detalhou a estratégia de enfrentamento da crise e da grande vitrine que deverá se transformar a 51ª Expofeira do Amapá.

Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – A forma candente com que o senhor defende a legislação de incentivo às micro e pequenas empresas já lhe valeu o apelido de “Senhor lei geral”. Como é isso?
João Alvarenga – Com certeza... [risos] A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas veio para ficar, pois é uma das melhores legislações, um dos melhores instrumentos, o melhor marco regulatório hoje para os pequenos negócios. Falta um pouco mais de divulgação, falta um pouco mais de entendimento inclusive por parte do próprio empresário em conhecer a lei, conhecer seus direitos e os nossos gestores em aplica-la.

Diário – É por isso que o senhor tanto se esforça para propagar as vantagens dela?
Alvarenga – Sim, é um trabalho de formiguinha que nós fazemos em todos os municípios, num primeiro momento na implantação dela e agora é a implementação que a gente vem fazendo, criando a sala dos microempreendedores nos municípios, forçando, incentivando, mostrando a importância das compras governamentais, dos nossos prefeitos, dos nossos gestores comprarem localmente, para incentivar e oportunizar as empresas a participar desse mercado público que para nós é muito importante.

Diário – Por falar em incentivo esta semana acontece um evento importante para esse segmento, com a vinda de palestrantes de renome a Macapá. Qual é a proposta do evento?
Alvarenga – Sim, nós sabemos que o momento econômico é complicado, é muito difícil, uma situação quase que ímpar em nossa economia e a gente precisa mostrar o quanto é importante hoje um pequeno negócio, uma pequena empresa, um empreendedor individual. O Sebrae a nível nacional está fazendo uma campanha de mostrar à população quanto comprar do pequeno é importante, o quanto comprar do pequeno você desenvolve a economia, gera emprego, o quanto você gera riqueza. Vamos começar essa semana, a partir de quarta-feira às 17 horas promovendo uma evento lá no Sebrae com renomados palestrantes como Carlos Júlio, que vai falar da fidelização do cliente, além do João Kleper, que vai falar sobre como você lucrar com inovação.

Diário – Bem apropriado para o momento mesmo.
Alvarenga – É, esse é o primeiro passo de um trabalho que vai culminar no dia 5 de outubro no Dia da Microempresa.

Diário – É uma estratégia mesmo, tanto que o tema deste evento é “Movimento compre do pequeno negócio”. O objetivo é a valorização desse segmento?
Alvarenga – Com certeza, demonstrar para os nossos empresários, pois muitas vezes há queixas e não a busca de soluções. As pessoas preferem muitas vezes colocar a culpa nos outros do que resolver os seus problemas. Às vezes você tem um estoque, está tudo parado, não gira a mercadoria, ficou muito tempo, saiu de moda, enfim, ou outra coisa, que na verdade você precisa fazer alguma coisa, reduzir preços por exemplo. Então nós vamos fazer esses eventos como as palestras e de 21 a 26 de setembro uma semana de capacitação para os empresários, para os vendedores, seus funcionários, todo mundo, e depois nas comemorações pelo Dia da Microempresa fazer um barulhão na cidade, para incentivar e homenagear esses empreendedores que são tão sacrificados e às vezes mal entendidos por alguns gestores, então é importante esse movimento a custo zero lá em nosso espaço que tem capacidade para 700, 800 pessoas quase.

Diário – Todo mundo convidado então.
Alvarenga – Sim, principalmente os empresários, suas equipes, que possam ouvir esses palestrantes, pois queremos com isso capacitar, ensinar esses empresários a calcular seu preço mínimo de vendas para ele poder participar do mercado, ser competitivo, pois às vezes o preço mal calculado gera prejuízo ou pode fazer com que a sua mercadoria fique empatada na prateleira, então é importante ver essas coisas, saber um pouco da contabilidade da empresa.

Diário – Muito bom, uma grande sacada do Sebrae.
Alvarenga – Pois é e depois dessa programação, ainda em outubro, nos dias 2, 3 e 4 vamos fazer uma feira de produtos agrícolas lá no Sebrae, de hortaliças, enfim, vai ser um fim de semana aonde nós vamos trazer esses produtores aqui da região de Macapá, de Porto Grande, Tartarugalzinho, enfim, para mostrar que nós produzimos tudo isso e que é importante que a gente compre, porque às vezes não sabe, que muitos produtos hoje de qualidade em nossos supermercados, são produzidos aqui no Amapá.

Diário – Antigamente muitos queriam seguir carreira militar, ou concurso para o Banco do Brasil. Depois veio a febre de abrir um próprio negócio. E agora com os pequenos negócios, com o advento da Lei Geral, questões como previdência, enfim, dá para fazer carreira como empreendedor?
Alvarenga – Sim, com certeza. Aliás, isso é até tema de uma discussão pois hoje a inadimplência do empreendedor individual é muito grande, principalmente aqui no estado, então é importante que ele esteja adimplente com as suas obrigações previdenciárias e tributárias em dias para que ele possa usufruir desses benefícios, pois quando você tem um direito, você também tem obrigações. Daí a gama de benefícios como aposentadoria, auxílio-doença, licença maternidade para as mulheres, reclusão, acidente, enfim. Hoje temos mais de 11 mil empreendedores individuais, mas com uma taxa de inadimplência muito alta.

Diário – Esta semana também foi marcada pelo lançamento da 51ª Expofeira Agropecuária que marca também uma reedição da parceria do estado com o Sebrae, que deu muito certo em edições anteriores. Como está vendo esse novo momento diretor?
Alvarenga – Nós tínhamos feito mesmo uma boa parceria entre o Governo do Estado e o Sebrae em anos anteriores da gestão do governador Waldez e estamos retomando agora. Acho que o estado precisa de alguma motivação mesmo, se movimentar, não adianta ficar parado, como o governador falou, temos que buscar alguma solução, pois quando ocorre um problema não podemos ficar parados esperando que as soluções cheguem. Vamos em frente, vamos enfrentar isso, é o que estamos fazendo, buscando um ambiente adequado para as empresas, melhorar os negócios, incentivar os empresários, incentivar os compradores a buscarem suas necessidades e a Expofeira se presta para isso.

Diário – Uma grande vitrine mesmo, não é?
Alvarenga – Pois é, não só com relação ao mercado local, para movimentar a economia, bem como ser uma vitrine sobre o que nós temos, pois vivemos um momento especial na economia, de dificuldade, mas também vivemos um momento muito especial no Amapá. O nosso horizonte é muito bom, apesar das dificuldades da economia, pois temos aí o agronegócio chegando com toda força, a nossa logística que vai atender a necessidades de outros estados, o petróleo é algo também a ser discutido, não é algo para amanhã, mas nós temos que começar a nos preparar para quando chegar. E a Expofeira vai apresentar todas essas oportunidades, onde o Sebrae, o Governo do Estado e todos os nossos empreendedores e as instituições empresariais com o mesmo pensamento, com o mesmo objetivo que é ajudar a desenvolver esse estado e melhorar a nossa economia.

Perfil...
 
Entrevistado. O administrador João Carlos Calage Alvarenga está na diretoria do Sebrae no Amapá há 14 anos. Já cumpriu seis mandatos como diretor técnico, administrativo-financeiro e superintendente. Especializado em Políticas Públicas para Micro e Pequenas Empresas, pela Universidade de Campinas, e em Desenvolvimento de Liderança do Sistema Sebrae, pela Fundação Dom Cabral. Possui curso Gestão Avançada para Executivos, Desenvolvimento de Executivos do Sistema Sebrae e APG – Programa de Gestão Avançada, pelo Instituto Amaná Key, Métodos e Instrumentos para o planejamento integrado sob a visão do desenvolvimento sustentável, pelo Instituto de Desenvolvimento Local da Universidade de Valência, na Espanha.

sábado, 15 de agosto de 2015

“Muitas lideranças têm se manifestado sobre eu ser uma opção para Santana”.

Nilson Borges. O Deputado Cabuçu pode ser a surpresa na disputa pela Prefeitura de Santana no próximo ano. 
Desde que chegou ao Congresso Nacional, como um dos mais votados deputados federais do Amapá, o humorista Nilson Borges, o Cabuçu, mostrou que não está lá para brincadeiras. A exemplo do colega de parlamento e de palcos, Tiririca, ele é um dos mais assíduos e atuantes congressistas, defendendo o que chama de política de resultados. Nesta entrevista, a partir de uma conversa com o jornalista Cleber Barbosa, no programa Conexão Brasília deste sábado (15), o deputado amapaense quebra o silêncio sobre convite para ser candidato a prefeito de Santana no próximo ano. Ele diz que tem sim disposição e inteligência para esse grande desafio na carreira política que não é um marinheiro de primeira viagem, pois vem de tradicional família de políticos e sempre se posicionou como tal. Os principais trechos o Diário publica a seguir.

Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – Como foi o primeiro semestre para o senhor deputado, nessa sua estreia no Congresso Nacional?
Nilson Borges – Foi um semestre de muitas emoções, pois a gente assumiu esse primeiro mandato lá na Câmara Federal com entusiasmo, pois quando a gente recebeu a votação que tivemos entendemos que realmente o eleitor de forma consciente votou no Cabuçu e que queria uma resposta, um resultado positivo. E tem até uma pesquisa na Câmara que nos coloca como um dos parlamentares mais atuantes, mas isso não nos envaidece, pois o que a gente faz é simplesmente conduzir o trabalho da melhor maneira possível, não só içando a bandeira da cultura como também de todos os vieses da sociedade moderna, da sociedade brasileira e principalmente da sociedade amapaense.

Diário – Quando o senhor foi eleito, com a expressiva votação que teve, muita gente comparou com o caso do deputado federal Tiririca, outro humorista que foi para o Congresso Nacional e surpreendeu positivamente, sendo assíduo e atuante. O senhor tem contato com ele?
Cabuçu – Quase que diariamente. O Tiririca é um parlamentar muito assíduo e é tido como um dos mais atuantes na Câmara e a gente o respeita, respeita os eleitores dele, pois teve mais de 1 milhão de votos é um cara que tem densidade eleitoral, claro. Com relação ao perfil intelectual do Tiririca a gente não entra no mérito, mas sim no mérito de sua dedicação enquanto parlamentar. Já o nosso trabalho, muito pelo contrário, além de minha formação em Economia, a gente também milita na cultura, como um dos intelectuais aqui do estado, mesmo porque também faço parte da Academia Maçônica de Letras e a gente também tem muito estudo, muito conhecimento, pois a gente está sempre lendo, sempre buscando e isso a gente quer fazer refletir na Câmara, através das nossas ações, através das nossas atitudes.

Diário – Com que tipo de ações deputado? Cite algumas.
Cabuçu – Hoje a gente vislumbra o reconhecimento como patrimônio cultural e imaterial do Brasil a Festa de São Tiago, lá em Mazagão, como também estamos trabalhando para ver se a gente também consagra a nossa dança do marabaixo como também patrimônio cultural e imaterial do Brasil.

Diário – Nessas questões relacionadas à cultura o senhor sempre se posicionou que é acima de tudo um direito do cidadão, daí defender a alocação de recursos para a cultura assim como outras áreas das políticas públicas. Sofre resistência?
Cabuçu – É verdade, a cultura só está abaixo de Deus, mas está acima da política. Então a gente tem esse entendimento e muita gente acha que a cultura é despesa, é gasto, mas o nosso entendimento é totalmente ao contrário, a cultura é um investimento e que traz dividendos não só para o país como aqui para o estado do Amapá. A cada real investido na cultura você tem um retorno de três, quatro reis em tributos. Então nós temos que entender como se alavanca uma economia ou através dos meios de produção ou você pode alavancar através da cultura, a exemplo de muitos países que recebem milhares de turistas por conta da atividade eminentemente cultural e histórica.

Diário – Por falar em Mazagão, o senhor e sua família passaram a ter uma relação mais intensa com aquele município, primeiro pelo Carnaval depois com seu irmão sendo eleito prefeito de lá, não é?
Cabuçu – Nós temos uma história muito bonita em Mazagão, iniciada com meu pai, Miguel Pinheiro Borges, que foi o maior colono que teve aqui no antigo Território Federal do Amapá na década de 1950. Ele trouxe bancado pelo próprio bolso em torno de 1.000 famílias nordestinas. Foi o maior agricultor do Norte do Brasil na época e trouxe aqui até o ministro da Agricultura para visitar Mazagão, então toda essa história agora está se congeminando com o grande trabalho que o prefeito Dilson está fazendo em Mazagão, um trabalho visto, palpável e que a comunidade já está sentindo o retorno. E é esse sentido que a gente quer dar em nosso mandato, pois somos muito voltado a essa questão da política de resultado, não adianta só falar, não adianta só reunir, você tem também que partir para a prática do resultado para que a gente possa ver e deixar para a posteridade, pois estamos aqui só num intervalo de tempo e temos que fazer com que esse período seja memorável e fique para a história.

Diário – E sobre as demais agendas do Amapá em Brasília, deputado, questões com essa tão esperada transposição dos servidores do antigo Território e dos primeiros anos do estado que poderão ser beneficiados pela MP 660, originada na PEC 111. Como está esse processo?
Cabuçu – Está na fase burocrática, né? A transposição a gente quer ver se ainda no mês de setembro a gente possa ter uma data para a gente marcar e passar a ser uma data comemorativa para que essa luta que começou a muitos anos atrás a gente possa ver concluída e o desfecho é ver todos os funcionários que fizeram essa opção nos quadros da União. E isso é muito importante para o estado e todos os que estão nessa luta para ver se identificam seu nome referendado na transposição já como servidor federal.

Diário – Nesse segundo semestre é época também de correr atrás da papelada para conseguir a efetiva liberação dos recursos alocados através de emendas parlamentares que os senhor já conseguiram reservar neste primeiro ano de mandato. O senhor também está mobilizando sua equipe em Brasília?
Cabuçu – Com certeza, estamos abertos para ver se a gente faz isso da forma mais racional possível, inclusive estou vendo se coloco recursos formidáveis para a nossa cultura. Eu só quero ter certeza de que realmente a gente vai conseguir executar esses recursos, porque o Ministério da Cultura ele admite que não tem equipe suficiente, mas a gente está persistindo e perseguindo essa meta, além de outros assuntos que permeiam o Governo do Estado. A gente está numa sintonia muito grande com o governador Waldez e a gente quer participar do seu governo colaborando desta forma, ele dizendo “Cabuçu, o mais importante para o estado, aonde nós temos os nossos gargalos, são nessas situações”, aí eu acredito que assim também vão as prioridades das emendas parlamentares.

Diário – Para terminar deputado, a pergunta que não quer calar nos bastidores da política nestes últimos dias é sobre a especulação em torno de uma eventual pré-candidatura do senhor para disputar a Prefeitura de Santana no próximo ano. O que tem de verdade sobre isso e que já possa anunciar?
Cabuçu – Olha, o pessoal né? As grandes lideranças políticas de Santana, muitas têm se manifestado sobre essa questão de ser uma opção para o município de Santana. A gente está avaliando, mesmo porque a gente entende que pode colaborar sim. Disposição, inteligência, enfim, nós temos. E a gente tem que colocar isso bem claro porque Santana passa por uma situação crítica, difícil e o próximo prefeito de Santana tem que ter lucidez, tem que ter tranquilidade, tem que ter responsabilidade, porque o município de Santana é onde está o porto, a entrada e saída de riquezas do estado e onde a gente tem que vislumbrar um futuro promissor para aquele município. E a gente pelo fato de ser político se coloca à disposição, mas isso o partido é quem vai decidir. A gente ainda vai reunir com as lideranças, ver se existe realmente um compromisso, um pacto por Santana, porque esse pacto tem que trazer uma condição de governabilidade para aquele município. E a gente está aí...

Diário – Obrigado pela entrevista.
Cabuçu – Eu que agradeço, estamos à disposição. E vamos pra frente!

PERFIL

Entrevistado. O amapaense Luiz Gionilson Pinheiro Borges, o Nilson Borges, tem 51 anos de idade, é casado e pai de três filhos. Formado em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1985, foi eleito um dos oito deputados federais do Amapá com mais de 18 mil votos, sendo o terceiro mais votado. Decidiu ser humorista criando o personagem Vardico, da dupla Os Cabuçus. A parceria só acabou a morte de Pádua Borges, o Lurdico, ocorrida exatamente no início da campanha eleitoral do ano passado. Coincidentemente o parceiro deixou gravado dois dias antes de morrer a música que embalaria a corrida pelo voto, mesmo em meio à comoção que o falecimento prematuro do artista provocou na família e nos fãs.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Deputada Marcivânia reúne lideranças em Santana para prestar contas do mandato.

Prestando contas com lideranças comunitárias de Santana.A deputada federal professora Marcivânia (PT) reuniu mais de 70 lideranças comunitárias e formadores de opinião de vários bairros do município de Santana, na manhã deste domingo, 26, para prestar contas do primeiro semestre do seu mandato.
Durante o encontro, ela destacou resultados já conquistados na Câmara Federal, como a destinação de R$ 10 milhões de reais que serão investidos nas áreas da Saúde, Cultura, Educação e Infraestrutura dos municípios de Macapá, Santana e Mazagão. Além disso, a parlamentar garantiu que tem posicionado-se contrariamente a inúmeros projetos de lei que vão na contra mão do desenvolvimento do país, como por exemplo, o PL da Terceirização.
O processo de Emenda Participativa, que assegura a inserção direta do povo, na discussão da destinação de parcela significativa de suas emendas parlamentares, também foi destacado. “Estamos trabalhando muito para honrar cada voto de confiança em mim depositado”, afirmou parlamentar.
A aproximação e a atuação junto a entidades locais também foi ressaltada pela deputada. Ela afirmou que tem buscado criar maior proximidade com as causas dessas entidades, visitando-as com frequência. “Estamos muito presentes, visitando sempre as instituições. Tenho sempre destacado que o nosso mandato sempre estará a disposição das boas causas amapaenses. Tenho certeza que esse será apenas a primeiro de muitas prestações de contas que virão”, garantiu.
Todas as lideranças presentes na reunião avaliaram de forma positiva a condução do mandato. “Sua atuação defende aquilo que é necessário para o povo. Ela sempre foi uma deputada presente e disposta a conversar com a população”, declarou Ricardo Nascimento, liderança do bairro Paraíso.

Roberto Góes posta foto em que reúne quatro gerações de sua família.

Roberto Góes compartilhou a foto de Roberto Góes.
Boa tarde.
Domingo em família.
Quatro gerações da família do deputado federal Roberto Góes reunida. Na foto: Os filhos Mateus e Netto. Os netos: Lucas e Maria Beatriz com o bisavô Raimundo Góes.‪#‎familiareunida‬ ‪#‎domingoemfamilia‬

Deputado Marcos Reátegui preside lançamento de frente contra as hepatites virais

O parlamentar amapaense no evento que contou com a presença do ministro da saúde
Amigos, como resultado do intenso trabalho de articulação que resultou no lançamento da Frente Parlamentar Mista de Combate às Hepatites Virais, participei, nesta tarde, a convite do Ministro da Saúde, de um importante evento alusivo ao Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, realizado na sede do Ministério, aqui em Brasília.
No evento, foi feita a Divulgação do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2015, além do Lançamento do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatites C e Coinfecções 2015 e, ainda, da Apresentação da Campanha Nacional de Hepatites Virais.
Fiquei muito feliz em participar do evento, porque mostra que nossa Frente Parlamentar Mista, que tenho a honra e a responsabilidade de coordenar, foi reconhecida pelo Governo Federal como um importante ator nesse processo de enfrentamento dos males causados pelas hepatites virais. O trabalho, contudo, apenas começou. Temos ainda muito a fazer em termos de conscientização da sociedade e promoção de estudos e ações que levem a resultados concretos para todos.

“A proposta do parlamentarismo reflete a crise de confiança no presidencialismo".

Vinícius Gurgel. O parlamentar faz uma avaliação sobre a atual conjuntura política do país e um balanço do semestre.
O  deputado federal Vinícius Gurgel (PR-AP) fez ontem uma avaliação a respeito do primeiro semestre no Congresso Nacional. Avaliou como positivo o período, especialmente pela decisão política de seu amigo e aliado Eduardo Cunha (PMDB) de colocar para votação algumas das mais esperadas propostas de reformas políticas e eleitorais no país. O parlamentar amapaense também defende a mobilização da classe política local em torno de se buscar alternativas para o enfrentamento da crise econômica que assola o país neste momento. Diz estar fazendo sua parte, conseguindo emendas parlamentares para o estado, municípios e instituições. Vinícius também repercute a proposta de adoção do regime parlamentarista, coisa que ganha corpo em Brasília, onde uma frente com 225 deputados promete debater o tema à exaustão.

Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – O Congresso Nacional fechou esta etapa mais uma vez sendo o centro das atenções, e como foi o primeiro semestre para o senhor deputado?
Vinícius Gurgel – Bem, o Congresso Nacional conseguiu avanços importantes, diria até históricos, pois recuperou o protagonismo político, digamos assim. Então fazer parte desse momento é especial, principalmente para um político ainda jovem como eu.

Diário – Mas que já tem pinta de veterano, afinal da atual bancada federal é um dos poucos reeleitos no ano passado. Como é isso?
Vinícius – Normal, faz parte. Mas temos parlamentares de primeiro mandato que são políticos experientes, como é o caso do deputado Roberto, que foi parlamentar de vários mandatos e também prefeito. Além disso os demais que estão chegando agora demonstraram também muita vontade de trabalhar e produzir resultados. No Senado temos o senador Capiberibe, também experiente, que foi governador.

Diário – E como tem sido essa convivência entre todos vocês?
Vinícius – Tem sido boa, muito boa, em que pese sermos cada um de partidos diferentes, com ideologias diferentes, interesses também, mas o que nos une é o Amapá. Então quando são os interesses do estado que estão em jogo a gente consegue mobilizar toda a bancada e vamos em bloco, seja aos ministérios, seja ao governo federal ou aos dirigentes das duas casas, Senado e Câmara.

Diário – Por falar em dirigentes, um grande personagem desse semestre foi Eduardo Cunha. O que o senhor achou desse início de mandato dele?
Vinícius – Olha, ser presidente da Câmara imagino que deva ser uma função muito difícil, além do que não dá para ficar em cima do muro, nunca, pois até o mandato é limitado, não cabe reeleição. Tem que ser um tiro só, digamos assim. Mas é aquela coisa, só erra pênalti quem bate...

Diário – E ele mais errou ou mais acertou?
Vinícius – Acertou mais, claro! Afinal assumiu o compromisso de tocar as reformas que estavam a anos paradas na Câmara dos Deputados e conseguiu. Houve avanços. Disseram que ele perdeu algumas de suas propostas, mas acredito que ele foi o grande vencedor, pois a proposta era colocar para andar, debater mesmo, o que aconteceu e ainda está acontecendo.

Diário – As propostas especialmente propondo mudanças nas regras das eleições sofreram mudanças na Câmara, mas ainda ficaram aquém da expectativa de setores da sociedade. Houve corporativismo?
Vinícius – Veja, o Congresso é uma casa plural, existem lá os representantes dos mais diversos segmentos da sociedade, assim preconiza a nossa Constituição e a democracia que escolhemos para seguir. Tudo é no voto, com muito debate, claro, mas é tudo deliberado e a maioria é que vence. As reformas aprovadas na Câmara tiveram o respaldo do Senado na semana passada, portanto ainda estão em discussão.

Diário – Os críticos do Congresso Nacional dizem que é uma casa pautada pela opinião pública. O que o senhor acha?
Vinícius – Sinceramente que bom que seja assim, para que os congressistas não fechem os olhos para o que acontece aqui fora, ou que não escutem o que se convencionou chamar de a voz rouca das ruas. Se virasse uma casa hermeticamente fechada, uma confraria ou algo parecido é que seria péssimo para o país. Ao contrário, somos abertos e nossas reuniões acompanhadas pela sociedade, pois tudo é transmitido pelo rádio, pela televisão e pela imprensa e pela sociedade que diariamente está lá.

Diário – E o que dizer da proposta de se adotar o parlamentarismo no Brasil deputado, o que o senhor acha dela?
Vinícius – Assim como se diz que o Congresso é movido pela opinião pública, acrescento que o momento também, a conjuntura. Para mim a proposta de adotar o parlamentarismo reflete a crise de confiança que o país vive em relação à Presidência da República. Com o parlamentarismo o poder não seria concentrado nas mãos de apenas uma pessoa. A proposta na verdade não é recente, tanto que a Frente Parlamentar lançada na quinta-feira leva o nome de André Franco Montoro, ex deputado e governador de São Paulo que durante toda a sua vida política defendeu e lutou pelo parlamentarismo.

Diário – E o senhor, o que acha dessa proposta de um novo regime no Brasil?
Vinícius – Como disse, acredito que a volta dessa proposta é um reflexo do momento delicado da República, mas é uma proposta que tem sim vantagens comparativas. O regime presidencialista está em vigor no Brasil desde 1891 e está gerando insatisfação há muito tempo. A frente de parlamentares que quer a adoção do parlamentarismo já reúne 225 deputados, então é algo a se considerar. Acho que a sociedade precisa ser consultada a respeito.

Diário – E o seu mandato em particular, deputado, como está sendo conduzido nesta nova etapa de sua carreira?
Vinícius – Estou bastante à vontade, pois a renovação do mandato nos leva a muitas reflexões e aprendizado. A gente conhece mais profundamente as engrenagens, o fluxo das matérias e também a dinâmica das emendas parlamentares, aliás, uma valiosa ferramenta que nos aproxima de ser Executivo, afinal é a possibilidade concreta de garantir obras estruturantes, como temos conseguido para diversos municípios do interior e também para Macapá. Assim como para o estado, os Poderes Constituídos e várias instituições.

Diário – Tem vontade de ser do Executivo? Tem uma candidatura aí pintando?
Vinícius – Olha, não vale fazer tipo, ser demagogo, quem entra para a política é porque algum dia na vida já pensou em ser prefeito, governador ou até presidente. Mas acho não é o momento de falar nisso não. Estou focado no mandato de deputado federal. Tenho trabalhado intensamente com minha equipe e interagido com as prefeituras para atender as exigências dos ministérios para ver a liberação desses recursos das emendas. Que é bom lembrar são do orçamento da União, dinheiro federal que faz falta para o Amapá. Agora mesmo conseguimos empenhar as emendas para Macapá, para a área da saúde, o que é muito importante e necessário para nossa população.


Diário – Obrigado por esta entrevista deputado e boa sorte no segundo semestre.
Vinícius – Eu que agradeço a atenção de vocês, então acho oportuno parabenizar ao jornalista Luiz Melo pelo belo trabalho que realiza com seu grupo de comunicação, com o jornal, a rádio, o site e as redes sociais que recebem diariamente aquilo que é produzido nesses veículos. É um trabalho de vanguarda que vem recebendo a aprovação da sociedade. Aos demais cidadãos e cidadãs do estado a minha mensagem de otimismo e confiança em dias melhores, pois temos um novo governo arrumando a casa para garantir respostas aos anseios de todos. São tempos difíceis, é bem verdade, mas no que depender de mim e tenho certeza da classe política, haveremos de conseguir alternativas econômicas que nos façam atravessar essas turbulências econômicas e políticas que o país está experimentando.

Perfil...

Entrevistado. O amapaense Vinícius de Azevedo Gurgel, filho de Hildebrando Carneiro Gurgel Junior e Telma Lúcia de Azevedo Gurgel, é casado, pai de dois filhos, é empresário e formado em Ciência Contábeis, pelo Centro de Ensino Superior do Amapá (Ceap) , no período 1996-2000. Está em seu segundo mandato parlamentar, mas já na estreia obteve a façanha de ser o mais votado deputado federal do Amapá, com 21.479 votos, sendo que fora eleito pelo PRTB. Atualmente se encontra no PR. É membro titular da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, suplente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle além de membro titular do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Artigo do ex-presidente do Brasil e senador pelo Amapá José Sarney

Cabra parida

George Orwell , quando, em 1949, publicou o seu famoso livro "1984", imaginou uma sociedade com um Ministério da Verdade para zelar por condutas morais "corretas".
Em 2002, a ficção torna-se realidade. O Pentágono criou um Departamento de Influência Estratégica, que, numa paródia a Orwell, tinha a função de mentir. O "Departamento da Mentira" tinha objetivos definidos: "atuar em programas ocultos e sujos até os mais claros"; "notícias falsas distribuídas em órgãos estrangeiros de mídia para promover pontos de vista americanos"; "usar operações secretas, atividades psicológicas e fraude" (citações literais). Tudo isso de eficiência comprovada na guerra do Afeganistão.
Uma das transformações introduzidas pelo computador foi a impossibilidade da escolha e da descoberta da verdade, com a infinidade de versões de informações que jorram aos borbotões na internet, disseminadas na mídia global em tempo real.
Unamuno, depois de dizer que "a mentira mata a alma", afirma que a pergunta mais instigante do Novo Testamento é a de Pilatos: "O que é a verdade?". Eu acrescentaria a do bom samaritano: "Quem é o teu próximo?".
Assisti numa tarde, no Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro, a Carlos Lacerda fazer um dos mais brilhantes discursos de nossa vida parlamentar. Naquele tempo, como no Império, dava-se nome aos discursos, e aquele foi chamado de "A Corrida dos Touros Embolados", touradas em que os touros não morrem. Lacerda falou da mentira na política. "Tudo aqui é fingido. Tudo é mentira", disse ele. "Finge-se a amizade, finge-se a revolta, finge-se o amor". E terminou: "Aqui, até o ódio é fingido".
Agora, a mentira não é mais falta de caráter e deslize de conduta. É razão de Estado, como consagra o Pentágono. Mesmo nos EUA a reação a esse novo departamento era grande. No Brasil, a coisa fica mais preta diante da abertura ao capital estrangeiro da área de informação.
Tancredo, certa vez, quando lhe perguntei por que não aproveitara em seu governo um ativo colaborador de sua campanha, respondeu com gingado irônico: "Ih!, esse mente demais". Ele poderia ser recrutado para o Pentágono. No Nordeste, esses tipos são designados pela expressão: "Mente mais do que cabra parida".
De tudo isso, sai-nos a melancólica constatação de que o mundo destrói os códigos morais que construíram a digna convivência entre os humanos. E o exemplo parte do grande país dos direitos humanos, que adota a fórmula stalinista de que os fins justificam os meios.
Um bom nome para o novo órgão seria "Departamento Estratégico da Cabra Parida".

"Não é papel da escola colocar e cuidar de uma criança como uma babá".

Arnely Schulz. Especialista fala sobre como a música pode ser uma valiosa ferramenta na educação das crianças.
Ela é amapaense e tem brilhado dentro e fora do Brasil por defender uma arrojada proposta de usar o ensino regular da música em sala de aula, por considerar que isso ajuda a formar cidadãos mais sensíveis, a prevenir a violência e até mesmo aliviar as dores. Pode até parecer utopia, mas ao ouvir os argumentos da professora e maestrina Arnely Schulz muita gente reconhece a enorme autoridade que ela tem para justificar seu trabalho científico e até mesmo literário. Autora de livros como “Eu canto conta”, a educadora debate perspectivas para o futuro do ensino público. As reflexões e as principais conclusões da carreira brilhante de Arnely o Diário do Amapá publica a seguir, extraído em uma longa entrevista concedida por ela ao jornalista Cleber Barbosa, no programa Conexão Brasília, da Rádio Diário FM. Confira os principais trechos.

Por Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá - A senhora ganhou reconhecimento nacional e até internacional pelo trabalho que desenvolve com a música sendo utilizada como ferramenta didática. Como está sendo o seu retorno ao Amapá?
Arnely Schulz - É com muita honra, com muito carinho que falo a esse respeito, especialmente por falar ao meu povo, é muito importante isso para mim, pois sempre estou falando para outras pessoas fora do Estado. Finalmente eu consegui chegar aqui e abrir meu coração a meus colegas professores do Estado como foi num encontro de educadores em que eu participei fazendo uma palestra sobre a música e sua implementação na escola, no ensino regular.

Diário - Foi uma feliz coincidência então a senhora voltar logo agora que se discute propostas para o futuro da educação no Amapá, num horizonte de dez anos, não é mesmo?
Arnely - Exatamente, são as propostas, as metas até 2020. O Estado está aí muito empenhado através da Secretaria de Educação, que discute propostas para que a gente possa atuar de forma bem real em cima da realidade do estado do Amapá para que possamos levar em frente e alcançar os objetivos maiores melhorando a qualidade da educação, lógico, que é o propósito maior.
Diário - A senhora faz parte de um grupo de trabalho instituído pelo Ministério da Educação voltado a discutir a regulamentação da lei que torna obrigatório o ensino da música na educação fundamental. Como está esse trabalho?
Arnely - Falando um pouquinho sobre a lei 11.769, de 18 de agosto de 2008, uma vez implementada, então nós já estamos discutindo a contribuição que com certeza a música trará para a educação brasileira, lgo imensurável porque hoje a educação em nosso país infelizmente não contempla a questão do desenvolvimento da inteligência emocional do educando e a gente vê que hoje mais do que em outros tempos a criança é emocionalmente doente, não só elas como nós adultos também.

Diário - Como assim doente, professora, explique melhor?
Arnely - Tudo parte da emoção. Se a criança não está bem emocionalmente ela também não vai ter um bom aproveitamento no rendimento do conteúdo curricular ao desenvolver suas atividades dentro da sala de aula. Então a música vem trazer esse equilíbrio para a criança, trazendo essa maturidade emocional.

Diário - E por que a senhora diz que hoje isso é mais preponderante do que antes?
Arnely - É porque hoje a nossa sociedade é mais desestruturada em termos familiares. Crianças que normalmente são filhas só de mãe, às vezes filhas só de pai, em função até mesmo da separação ou muitas vezes em função do pai não assumir a criança, em outros momentos pela jornada de trabalho, com os pais às vezes passando o dia totalmente fora de casa e as crianças sozinhas, sendo educadas por uma televisão.

Diário - E qual a educação que essa televisão dá atualmente professora?
Arnely - Olha, a gente sabe que grande parte dos nossos programas é muito inútil para a educação dos nossos filhos, infelizmente a gente se depara com essa realidade. Daí quando a música entra nesse contexto, ela supre esse lado emocional, essa carência, porque a criança participando de um grupo de práticas musicais dentro da sala de aula ela vai se sentir mais integrada, acolhida, participativa dentro do contexto social, vai elevar a autoestima e o autoconceito dela.

Diário - E como se dá esse processo, essa consciência por parte da criança?
Arnely - Ela vai começar a descobrir que é importante, que é capaz sim de construir e por isso ela se desenvolve não só na questão da linguagem musical em si, mas em todos os outros aspectos da sua vida.

Diário - Pelo que diz a sua obra também literária, além desses benefícios todos narrados anteriormente a música ela também pode ser utilizada como uma ferramenta didática para a transmissão de conhecimentos em outras disciplinas, é isso mesmo?
Arnely - Com certeza. Essa proposta eu levei como amapaense ao Ministério da Educação e estou defendendo que ela seja encaminhada ao Conselho Nacional [de educação] para que a música se dê dessa forma na escola e isso vai acontecer porque graças a Deus o grupo [de trabalho] está bem solidário e vê que realmente caminha por aí. Não adianta você trabalhar a música apenas arte pela arte dentro do ensino regular porque você não vai ter condições de formar músicos, mas terá condições de sensibilizar pessoas, transformar vidas, fazer com que essas crianças tenham perspectivas diferentes de vida do que normalmente elas têm em casa e na sociedade comum.

Diário - Mesmo diante da distância que leva à plena execução desse projeto a música como arte já dá sua contribuição não é mesmo?
Arnely - Ah, sim, claro. A música como instrumento é muito valiosa, pois como se vê no livro "Eu canto conta" [de sua autoria] ela não é apenas disponibilizar como arte apenas, ela desenvolve sim a linguagem musical, como uma linguagem de expressão, mas vem trabalhando também a matemática, a língua portuguesa, a literatura, os direitos humanos, meio ambiente, enfim, são várias áreas contempladas pelo livro e que dá acesso à criança a um desenvolvimento integral, a educação integral de fato.

Diário - Isso é diferente da proposta de escolas em tempo integral, não é mesmo?
Arnely - Claro, eu acho que não é papel da escola apenas colocar e cuidar da criança como uma babá, mas sim aproveitar esse tempo inteiro que a criança fica na escola para desenvolver uma educação de fato integral, onde mude a criança, sua postura como cidadão, como ser humano, tornando-a mais sensível ao meio onde ela vive, comprometida com a sua formação e também com a transformação social.

Diário - Pelo que se percebe há mesmo que intrinsecamente uma preocupação com a formação de platéia para fazer frente é enorme concorrência com a chamada música comercial que as crianças têm acesso?
Arnely - Sim, com certeza, pois essas músicas que rodam nos meios de comunicação e massificadas nas cabeças das crianças, chegam a elas e a gente não consegue nem impedir. Muitas vezes nós como educadores queremos dentro da nossa sala de aula uma criança que respeite o professor e os colegas enquanto muitas vezes a mídia impõe uma música que leva a criança à violência, à sensualidade precoce, à imoralidade, enfim, no geral a música não contribui, não dá um meio ambiente favorável a esse desenvolvimento integral da criança, ferindo inclusive o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal, que falam num ambiente favorável para o crescimento e desenvolvimento da criança com dignidade.

Diário - Para fechar, o que a senhora poderia dizer a respeito dos benefícios proporcionados pela música?
Arnely - Além da questão da interdisciplinaridade que a gente falou anteriormente, o projeto defende também a intersetorialidade, que é a sua atuação a partir da sala de aula em diversos aspectos de interesse público, como a prevenção da criminalidade, a inclusão social e a saúde na escola, pois a gente sabe que o canto produz a endorfina, que é a substância que destrói as células malignas que a cada dia são produzidas pelo nosso organismo. Diz o doutor San Lee, que é japonês, que a endorfina é trezentas vezes mais forte que a morfina, então quando você canta qualquer dor que estiver sentindo vai passar.

Perfil...

Entrevistada. A professora Arnely Ferreira Pires Schulz nasceu em Macapá, tem 44 anos de idade, é casada e mãe de três filhas, Anezka, Miluse e Ayesha. Possui Licenciatura em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é Pedagoga e tem Formação em Canto Lírico, pela Escola de Música de Brasília. Foi maestrina do Coral do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá e fundou o Coral Municipal de Macapá, além do Coro . Atualmente é conselheira da Associação Brasileira de Regentes de Coro e Presidente do Instituto Accorde Brasil. Trabalha na Universidade do Estado do Amapá (UEAP) e no Instituto Accorde Brasil e atuou no Grupo de Trabalho instituído pelo Ministério da Educação (MEC) para implementar a lei 11.769.