FRANCESES VISITAM O TREM: Canal de tv da França na Estrada de Ferro

A incursão dos jornalistas da França na velha Estrada de Ferro do Amapá (EFA) foi até a rotina dos agricultores do interior do Amapá, que utilizam o trem para o transporte de sua produção e para chegar até a Capital.

Cleber Barbosa
Editor de Turismo

O trem de passageiros da velha Estrada de Ferro do Amapá (EFA), hoje controlado pela mineradora Anglo American, será  destaque no  programa “Des trains pas comme les autres” (trens como nenhum outro) apresentado pela Televisão francesa Canal France 5, a ser exibido este mês. Uma equipe da TV européia viajou  na composição, de Pedra Branca do Amapari até Santana, colhendo depoimentos de colonos e extrativistas que se utilizam do trem para o transporte pessoal e de seus produtos.

Uma das entrevistadas do programa será a agricultora Maria Graciete, 69 anos de idade, residente na colônia agrícola do Cachorrinho e que há 46 anos transporta gêneros pela Estrada de Ferro do Amapá. “Eu amo este trem. Só vou deixar de viajar nele quando morrer”, declarou à TV francesa, acrescentando que para chegar à estação, precisa percorrer três quilômetros de sua casa até a beira do rio Amapari, vencer mais um quilômetro de rio, à remo, e andar mais alguns metros para pegar a composição.

Na viagem de ida a Pedra Branca, os franceses estiveram em comunidades da rodovia Perimetral Norte,   acompanhando a rotina dos agricultores e extrativistas. Numa delas, o destaque foi a extração do açaí, com a TV filmando  um jovem subindo na árvore e apanhando o fruto que hoje é conhecido no mundo todo. Atualmente, a Anglo American está distribuindo cerca de 70 mil mudas dessa espécie aos agricultores das regiões próximas ao seu empreendimento, contribuindo para a expansão desse produto de grande valor econômico.
O programa “Des trains pas comme les autres” é apresentado uma vez por ano e registra viagens de trens pelo mundo todo. Este ano, o programa exibido este mês terá como tema “Um trem no coração da floresta amazônica”, mostrando o trem de passageiros e sua importância para a economia e sobrevivência das comunidades de agricultores e extrativistas que habitam ao longo da ferrovia.

Segundo o assessor de imprensa da Anglo American, jornalista Paulo Oliveira, esta não é a primeira vez que veículos de comunicação de fora se interessam em resgatar a memória da ferrovia dos amapaenses. “Nós costumamos receber nossos visitantes a bordo do trem e até já fizemos pequenas conferências a bordo dos vagões”, comenta o profissional, membro da equipe de relações com a comunidade da empresa.

Estudantes têm palestra a bordo do trem da EFA

Outra iniciativa da mineradora Anglo American no Amapá diz respeito a conscientizar estudantes sobre a história, a importância e também sobre segurança na velha Estrada de Ferro do Amapá (EFA). A empresa realizou no último dia 27 de agosto um passeio educativo sobre segurança na ferrovia para os alunos da Escola Municipal Gentila Nobre, de Santana.

As crianças do 1º ao 4º ano do ensino fundamental, portanto na faixa etária dos sete aos dez anos, andaram no trem no percurso entre as estações de Santana e Yost que fica no km 17 da ferrovia, já no município de Macapá. Durante o passeio, que durou cerca de quarenta minutos, elas puderam tirar dúvidas sobre diversos assuntos como passagem de nível, faixa de domínio e riscos de travessia na linha férrea.

A ação foi coordenada pela equipe de Relações com a Comunidade da mineradora e faz parte de um trabalho que começou previamente com palestras educativas nas salas de aula. A previsão é de que esse passeio aconteça uma vez por mês abrangendo todas as escolas próximas à linha férrea em Santana.

Os trens da estrada de ferro transportam as riquezas minerais do estado do Amapá

A Estrada de Ferro Amapá foi construída para transporte de minério de manganês na década de 1950, possui e extensão de 194 quilômetros e locomotivas diesel-elétrica, sendo a única ferrovia de carga de bitola standard (1,435 m) no Brasil. Foi inaugurada em 1957, tem por principal objetivo o transporte do minério de manganês extraído e beneficiado na Serra do Navio, Estado do Amapá, que é embarcado para exportação pelo Porto de Santana, em Santana (Amapá).

Em 1947 a empresa Indústria e Comércio de Minério S.A. - ICOMI venceu a licitação para exploração do manganês na Serra do Navio, no Território Federal do Amapá. Em 1950 a empresa norte-americana Bethlehem Steel Company, se tornou sócia com 49% do empreendimento, sob a alegação que o projeto carecia de maiores investimentos e conhecimentos técnicos. A ferrovia começou a ser implantada em março de 1954 e foi concluída em janeiro de 1957.

Em 1980 a Bethlehem vendeu sua participação para a Caemi, sendo a exploração de manganês encerrada em 1997. O trem continuou a circular transportando modesta quantidade de cromita e o passageiros.

Em março de 2006 a MMX Mineração e Metálicos assume o controle da EFAmapá, vencedora do processo licitatório por meio da Acará Empreendimentos e será a nova administradora da ferrovia.

Já em 2008, a MMX foi adquirida pela poderosa mineradora Anglo American, que desde então opera os trens e deu continuidade ao programa de recuperação da linha férrea e dos vagões da composição.

CURIOSIDADES

-  Em 1997 a velha ferrovia transportou 84 mil passageiros e um milhão de toneladas de mercadorias (minério de manganês, ferro-silício, dormentes, areia, explosivos, etc.), equivalente a 194 milhões de TKU, empregando 40 funcionários.
- A EF Amapá possui cinco locomotivas diesel-elétricas, sendo quatro SW1200 numeradas de 1 a 4, construídas em 1955 (nº1-3) e 1966 (nº4) e uma SW1500 construída em 1971 (nº5) pela GM EMD.

1957
Ano de inauguração da Estrad de Ferro do Amapá, que inciou o primeiro embarque de manganês.

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