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sábado, 24 de março de 2012

Coronel Pinheiro: “O Exército é imprescindível no país”

CORONEL PINHEIRO - Ele é o novo comandante do Exército Brasileiro no Amapá
CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO


O novo comandante do Exército Brasileiro no Amapá, o tenente-coronel de Infantaria Marcelo Pinheiro é oriundo do Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX) e é um militar empenhado na política de relações públicas da Força Terrestre. Ele possui também vasta experiência em Operações na Selva, tendo atuado como instrutor do tradicional Centro de Instrução na Selva, o temido CIGS, em Manaus. O coronel Pinheiro também serviu às Forças de Paz das Nações Unidas no Haiti e veio para o Amapá em fevereiro deste ano. Ontem ele concedeu uma longa entrevista ao jornalista Cleber Barbosa durante o programa Conexão Brasília, pela Diário FM. Os principais trechos da conversa o Diário do Amapá publica a seguir.


Diário do Amapá - Esta semana que passou o senhor comandou uma comemoração lá no quartel, foi o aniversário do batalhão?
Marcelo Pinheiro - Exatamente, comemoramos no dia 17, mas na verdade o aniversário do batalhão é no dia 14, nós é que preferimos escolher um sábado para fazer a atividade, quando o batalhão completou 44 anos, já que está aqui desde 1968 integrando essa sociedade amapaense.

Diário - Inclusive o batalhão foi mudando de nome ao longo da história, fazendo com que várias gerações de amapaenses até façam confusão com o nome dele.
Pinheiro - Isso, ele veio para cá como a 1ª Companhia do 34º BI (Batalhão de Infantaria) e depois retornou já que o 3º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva) está em Barcelos (AM), que é oriundo do 3º BI, que era lá em São Gonçalo (RJ), daí a decisão de retornar à denominação de 34º BIS, mas com certeza a sociedade amapaense vai logo conhecer esse nome.

Diário - Por falar em história foi muito interessante ver o resgate feito aos antigos recrutas da primeira turma incorporada nessa unidade, durante a cerimônia de aniversário do Batalhão. Como foi isso?
Pinheiro - Eu tenho procurado fazer esse trabalho de trazer os ex-militares, aliás, os militares que integraram o Batalhão, particularmente os pioneiros, aqueles que chegaram com o Batalhão, que o construíram, nos anos de 1968, 1969 e 1970 porque é importante a gente cultuar essa nossa história. Eu pretendo fazer um espaço lá no batalhão destinado a eles, divulgando esse trabalho que eles fizeram muito importante para o que o batalhão é hoje.

Diário - Também aconteceu uma incorporação de novos recrutas recentemente, não é mesmo?
Pinheiro - Isso, nós incorporamos os recrutas tanto aqui como na nossa fronteira, já que nós somos além de 34º BIS um Comando de Fronteira, então temos além do batalhão aqui uma companhia lá no Oiapoque. Nesses dois quartéis nossos nós tivemos a incorporação dos recrutas vindos da nossa sociedade amapaense.

Diário - Lá na fronteira o efetivo é de uma Companhia? Quantos homens coronel?
Pinheiro - É o que a gente chama de uma Companhia Mais, um efetivo maior do que uma Companhia, o dobro na verdade, para fazer o trabalho na nossa fronteira. São 300 homens e mulheres.

Diário - Por falar nelas, as militares do Exército foram homenageadas pelo senhor pela passagem do Dia Internacional da Mulher, não é mesmo?
Pinheiro - Nós fizemos questão de homenageá-las sim, pois temos um trabalho de relações públicas importante e não poderíamos deixar passar datas como esta, do Dia Internacional da Mulher, então já que nós temos nome mulheres aqui no batalhão e mais duas lá na fronteira, não deixamos de ressaltar a importância da mulher também no Exército, afinal já são mais de 8 mil mulheres, um fato realmente significativo para nós.

Diário - Como se dá o ingresso de mulheres no Exército coronel?
Pinheiro - A entrada de mulheres no Exército pode ser feita de duas formas básicas. Por concurso, que é a entrada para as escolas militares, como a Escola de Administração do Exército, em Salvador, e a Escola de Sargentos de Logística, lá no Rio de Janeiro. Há também as temporárias, entrando com a documentação lá na 8ª Região Militar (Belém). Mas tudo isso pode ser esclarecido com o acesso ao nosso portal no endereço www.exercito.gov.br onde qualquer informação desse tipo pode ser buscada de forma detalhada.

Diário - Para os homens o leque de opções para a carreira militar é bem maior não é mesmo?
Pinheiro - É um pouco maior. Nós temos ainda a Academia Militar das Agulhas Negras (Resende-RJ) e a Escola de Sargentos das Armas (Três Corações-MG), talvez o que diferencia das mulheres, por serem da área de combatentes.

Diário - As mulheres ainda não entram nessa área, das chamadas especialidades combatentes?
Pinheiro - Ainda não. As mulheres não ingressam nas armas combatentes, somente na área administrativa, de saúde e outras.

Diário - Mas concorrem à escala de serviço de guarda, manuseiam armamento, enfim?
Pinheiro - Sim, normal, a atividade é a mesma, não tem regalia... [risos]

Diário - Mas o senhor falou anteriormente em relações públicas e está vindo para o Amapá depois de ter servido na unidade do Exército que é responsável pela política de comunicação, o Cecomsex [Centro de Comunicação Social do Exército], então a pergunta é sobre o que é preponderante para esse trabalho hoje na Força?
Pinheiro - É, eu trabalhava na área de planejamento do Cecomsex e hoje o Exército tem buscado realmente mostrar o seu trabalho, mostrar que ele é imprescindível, isso é importante para gente. Estamos buscando esses espaços que nos são destinados, nos são oferecidos para realmente divulgar o nosso trabalho. É importante que a sociedade como um todo conheça o nosso trabalho e nós estamos abertos para mostrar tudo isso, especialmente a importância da nossa fronteira.

Diário - E sobre a obrigatoriedade do serviço militar coronel, ainda há quem critique essa exigência. Como isso é administrado pelo Exército?
Pinheiro - Na verdade a obrigatoriedade do serviço militar não é nenhum desejo do Exército é um alei prevista pelos legisladores, são eles quem determinam as leis, então o Exército cumpre uma lei, que é a Lei do Serviço Militar. Só que para nós isso mais do que nunca nós observamos que 100% dos nossos recrutas são voluntários. Isso mostra que esse fato da obrigatoriedade não atrapalha em nada a vida de ninguém. A gente nem consegue atender a maior parte dos voluntários, muita gente fica fora, pois nós não conseguimos absorver todo esse voluntariado.

Diário - São mais de 7 mil alistados, segundo o delegado do serviço militar declarou recentemente, para pouco mais de 300 vagas só no 34º BIS, para muitos o primeiro emprego não é mesmo?
Pinheiro - Exatamente, é um efetivo realmente pequeno que ingressa no 34º BIS, já que é grande o número de voluntários. A parte social do serviço militar é mais preponderante, a experiência que esses jovens têm com o Exército é muito importante. A gente dá os primeiros passos, complementa a formação que a família e a sociedade já fornecem para eles, então o Exército recebe esses jovens com muita gratidão e procura realmente dar essa complementaridade na formação desses cidadãos.

Diário - Ainda sobre os ex-militares, hoje chamados de reservistas, muita gente gostaria de manter os vículos com a caserna, o que há voltado para essas pessoas?
Pinheiro - Será uma tônica do meu comando resgatar e fazer com que os reservistas retornem ao quartel para que essas pessoas que construíram a imagem do nosso Exército através dos tempos, principalmente aqui no Amapá é bem característico, então eu tenho em todas as formaturas procurar através do nosso setor de relações públicas fazer o contato com os reservistas. Logicamente que são muitos e a gente ainda não conseguiu cadastrar todos, mas temos procurado divulgar mais dentre esses militares da reserva essas atividades. Pretendemos colocar em forma [em formação] e desfilar junto com a gente.

Perfil

O novo comandante do Exército Brasileiro no Amapá é Marcelo Pinheiro Pinto, casado com dona Michele Pinheiro e pai de três filhos. Filho de militar, ingressou na carreira pelo Colégio Militar, tendo depois cursado a Academia Militar das Agulhas Negras (Resende-RJ). Especializou-se em Operações na Selva através do Centro de Instrução de Guerra na Selva, o CIGS (Manaus-AM), onde também foi instrutor. Concluiu o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, na EsAO (Rio de Janeiro-RJ) e cursou Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (EsCEME). Em 2009 foi compor as Forças de Paz da ONU no Haiti. Antes de vir para o Amapá servia no centro de Comunicação Social do Exército - CCOMSEX (Brasília-DF).

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