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sexta-feira, 23 de março de 2012

Congresso Nacional lembra 90 anos de fundação do PCdoB

via Amapá no Congresso de Said Barbosa Dib em 22/03/12

Foto: Agência Brasil

Por iniciativa dos presidentes das duas Casas do Legislativo, José Sarney e Marco Maia, o Congresso Nacional vai realizar sessão solene conjunta na próxima segunda-feira (26) para homenagear os 90 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). O Partido Comunista do Brasil, organização de esquerda baseada nos princípios do marxismo-leninismo, foi fundado em março de 1922, na cidade de Niterói (RJ). Nasceu com o nome de Partido Comunista - Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC). Participaram do congresso de fundação barbeiros, jornalistas, eletricistas, alfaiates, sapateiros e outros representantes dos trabalhadores urbanos. Em 1962, após período de cisão, foi reorganizado em São Paulo, dessa vez rompido com a Internacional Comunista e já sob a sigla PCdoB. Ao longo de sua trajetória, o partido atuou por longos períodos na clandestinidade, o que não o impediu de exercer grande influência sobre organizações estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União da Juventude Socialista (UJS).

Com o fim da ditadura militar, alcançou definitivamente a legalidade. Foi o presidente Sarney quem garantiu isso ao Partido Comunista do Brasileiro e outros que tinham sido jogados na clandestinidade, ao receber Giocondo Dias, João Amazonas e outros líderes da esquerda no Palácio do Planalto, algo que nem Tancredo cogitava fazer, por medo de reação de setores da chamada ‘Linha Dura’. Foi um ato simbólico importante para a transição democrática. O senador Inácio Arruda, elogiando a postura corajosa e decisiva de Sarney, em pronunciamento em 10/12/2008, descreveu assim o fato histórico que permitiu a legalização do PCdoB: “Foi nesse período que o Partido Comunista do Brasil alcançou a sua legalidade, num ato também extraordinário do Presidente Sarney. João Amazonas, Presidente do nosso Partido, sempre se referia a esse aspecto. Que num gesto só – porque era preciso uma emenda constitucional para legalizar os partidos que estavam proscritos no nosso País –, o Presidente Sarney, dizendo ´puxa vida, mas esse Congresso é muito conservador; ele derrotou as diretas, se eu mandar uma emenda constitucional para lá ele vai derrotá-la, e vai ficar o embaraço; então, vamos encontrar um meio`. Convidou então João Amazonas para ir a Palácio e colocou lá os Dragões da Independência. João Amazonas queria entrar no Palácio ali por baixo, e o Sarney disse: ´Não, vai subir a rampa. Tem de parar lá na avenida, subir a rampa, atravessar os Dragões, e os Dragões da Independência postados para subir o João Amazonas`. E ia junto com Haroldo Lima, que era Líder do Partido, que era Vice-Líder do PMDB. E o Haroldo Lima, levando ali o João Amazonas, e o João Amazonas olhava assim para trás, para os Dragões da Independência, e dizia: ´Mas, Haroldo, nós estamos subindo no canto errado. Não pode ser este lugar aqui. Aqui é o Presidente`. E o Haroldo disse: ´Não, mas o Presidente deu a ordem de que tem que subir por aqui´. E abriu a porta do Gabinete da Presidência da República, mandou entrar todos os jornalistas e anunciou que todos os partidos políticos proscritos estavam legalizados. E ponto. Não teve emenda, não teve lei, não teve nada. Legalizou os partidos dessa forma. E, assim, entramos na eleição de 1986 já com o partido legalizado". Sarney restabeleceu, ainda, eleições diretas nos antigos municípios de segurança nacional. Logo em seguida convocou a Assembléia Constituinte. Nos cinco anos de seu governo as instituições foram solidificadas. As eleições se sucederam em absoluta tranqüilidade. A imprensa nunca foi tão livre. "A sociedade encontrou o caminho da democracia que não se esgota na eleição de seus representantes, mas se prolonga na consciência de cidadania. Pela primeira vez o brasileiro considerou-se cidadão, senhor de seus direitos, capaz de por eles se manifestar e exigir", nas palavras do presidente Sarney. Atualmente, sob a bandeira de “um Brasil socialista, um país verdadeiramente democrático e soberano”, o PCdoB conta com dois senadores – Inácio Arruda (CE) e Vanessa Grazziotin (AM) –, 14 deputados federais, 18 deputados estaduais, 42 prefeitos e 608 vereadores. Apoiou todas as canditaduras à Presidência da República de Luiz Inácio Lula da Silva desde 1989. Faz parte da base do governo Dilma Rousseff, em que está representado pelo ministro dos Esportes, Aldo Rebelo.   

Luta armada

É marcante na história do partido sua atuação na chamada Guerrilha do Araguaia, no início da década de 70. Na ocasião, militantes que vinham organizado a luta armada na fronteira dos estados do Pará, Tocantins e Maranhão para enfrentar a ditadura militar entraram em confronto com agentes do Estado. Até hoje, não se sabe o saldo de mortos da operação do Exército, pois muitos dos corpos nunca foram encontrados. Por esse motivo, o PCdoB é um dos maiores defensores da Comissão da Verdade, cuja implantação foi aprovada no ano passado pelo Congresso Nacional. A homenagem está marcada para as 17h, no Plenário do Senado Federal.

Agência Senado/ Raíssa Abreu

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