A velha Fortaleza de São José de Macapá está sendo uma das grandes apostas do Estado para a atração de público e de turistas para esta temporada das férias escolares do mês de julho em Macapá. |
As crianças, os jovens e os adolescentes são o público-alvo dessa iniciativa. A programação iniciou na quarta-feira (03), com as visitas das escolas municipais José Duarte e Rondônia. No encontro, as crianças tiveram a oportunidade de conhecer, interagir e aprender a história do patrimônio, através de vídeos e visitas monitoradas.
A gerente do museu, Aldinéia Machado, ressaltou a importância da realização desse tipo de atividade, onde o foco maior são as crianças. “Elas precisam entender que esse museu é delas, uma geração que é passada de pai para filho. Elas precisam ter consciência do que é a Fortaleza de São José de Macapá, pois é através da educação, da participação quando vem visitar ou quando perguntam, acabam repassando um pouco a história para outras pessoas”, afirmou.
Já no primeiro dia de atividades, testemunhos empolgados. O pequeno Victor Gabriel, de 9 anos, que cursa o 4º ano do ensino fundamental, diz que adorou muito ter conhecido um pouco da história da fortificação e de sua implantação. “Foi muito divertido e prazeroso poder visitar a Fortaleza e saber que aqui passaram escravos”, frisou o estudante.
Para este domingo a programação contará com a Exposição Fotográfica e de filmes; Instalações e Intervenções Urbanas. A partir das 14h Projeto Língua Ferina “Varal Literário, intervenções, atividades lúdicas”, na Praça central do museu; das 14h às 16h haverá a exibição de filmes “Desconhecidos”, no Auditório do museu; a partir das 16h haverá a exibição do filme “Centenário do Vinícius de Moraes”, no Auditório do museu; a partir das 16h a programação contará com a apresentação do “Canto Forte”, na Praça central do museu; encarrando a programação a Oficina estêncil, na Galeria do museu Fortaleza de São José.
A programação será retomada a partir de quarta-feira, com as excursões escolares monitoradas, sarau e atividades lúdicas. A programação encarra somente no dia 18 deste mês, com o “Dia da Família”.
Uma história de muito simbolismo e estratégia
Para suceder os redutos de 1738 (Reduto do Macapá) e de 1761 (Forte do Macapá), e dar solução definitiva à fortificação da barra norte do rio Amazonas, o Governador e Capitão-general do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Fernando da Costa de Ataíde Teive, dirigiu-se à vila de São José do Macapá, onde, a 2 de janeiro de 1764, em companhia do Sargento-mor Engenheiro Henrique Antônio Galucio, examinou o terreno e aprovou a planta geral da nova fortaleza.
Meses mais tarde, a 29 de junho nesse mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental da fortaleza, no ângulo do baluarte sob a invocação de São Pedro, na presença do governador, do Coronel Nuno da Cunha Ataíde Varona, comandante da Praça, do Sargento-mor Galúcio, do Senado da Câmara e das demais autoridades civis e religiosas da vila.
O bispo D. Frei Caetano da Anunciação Brandão, que passou por Macapá em viagem pastoral em 23 de março de 1785, registou em seu diário de viagem a observação de que a fortaleza era "(...) regular, segura e espaçosa ao gosto moderno, que importou ao rei Dom José três milhões (...); porém acha-se mui falta de gente para defender."
A construção usou mão de obra índia e negra e demorou 18 anos para conclusão
A sua construção empregou, além de oficiais e soldados, canteiros, artífices e trabalhadores africanos e indígenas. Eram pagos 140 réis diários aos primeiros contra apenas quarenta réis para os segundos. Os trabalhos distribuíram-se entre as pedreiras da cachoeira das Pedrinhas, no rio Pedreiras, a cerca de 32 quilômetros de distância de Macapá (extração e cantariação), os fornos de cal, as olarias (tijolos e telhas), a logística (transporte fluvial e terrestre), além do próprio canteiro de obras em Macapá.
O Sargento-mor Galucio veio a falecer de malária durante as obras, a 27 de outubro de 1769, tendo assumido a direção dos trabalhos o Capitão Henrique Wilckens, até à chegada do Sargento-mor Engenheiro Gaspar João Geraldo de Gronfeld. Comandava a praça, à época, o Mestre de Campo do 1º Terço de Infantaria Auxiliar de Belém, Marcos José Monteiro de Carvalho.
No primeiro semestre de 1771 estavam concluídos os trabalhos internos, demorando-se os acabamentos exteriores até depois de 1773. Deste período (dezembro de 1772), existe planta dada pelo Governador e Capitão General do Grão Pará, João Pereira Caldas, ao Ministro Martinho de Melo e Castro (Planta da Fortaleza de S. José de Macapá, c. 1772. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa).
O falecimento do rei D. José (1750-1777), e a exoneração do Marquês de Pombal por D. Maria I (1777-1816), trouxeram como reflexo sérias restrições orçamentárias, fazendo com que a inauguração da fortaleza só viesse a ocorrer, com as obras complementares ainda pendentes de realização, a 19 de março de 1782, dia do seu padroeiro, São José. Estima-se que foram consumidos nas obras, três milhões de cruzados.
INFORMAÇÕES
- A Fortaleza de São José de Macapá localiza-se numa ponta de terra à margem esquerda do rio Amazonas, na antiga Província dos Tucujus, atual cidade de Macapá, no estado do Amapá, no Brasil.
- Ela é testemunha do vasto projeto de defesa da Amazônia desenvolvido pelo marquês de Pombal, as suas dimensões são comparáveis às do Real Forte Príncipe da Beira.
1764
Este foi o ano do início da construção da Fortaleza de São José de Macapá.
CARTÃO-POSTAL
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