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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

“Estou deixando a base do PSB e não do governador”



Ele chegou ao Congresso Nacional como o segundo mais votado e também o mais jovem parlamentar da bancada do Amapá, portanto com moral para reivindicar seu lugar ao sol. Mas o tempo mostrou que o deputado federal Vinícius Gurgel (PR) é afeito ao diálogo, ao entendimento e ao consenso. Só isso pode explicar a difícil equação que ele apresentou no final da semana ao anunciar para o governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB) que estava deixando a base de apoio de sua gestão, onde ele trilhou desde a eleição do ano passado. Para Vinícius Gurgel a saída é em defesa do seu partido, que pretende ter maior valorização nas eleições municipais do próximo ano. Com relação ao apoio institucional ao governo está mantido, apenas o parlamentar quer adotar uma linha de independência. O próprio Gurgel explica melhor seus planos nesta entrevista ao jornalista Cleber Barbosa.

CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO

Diário - Deputado, o primeiro ano de mandato já se passou praticamente, foi rapidinho, não? Diria que já se aclimatou perfeitamente à rotina de Brasília e do Congresso Nacional?
Vinícius Gurgel -
Na verdade a gente está caminhando para isso. Foi um ano de aprendizado, de crescimento e amadurecimento. Com relação a se acostumar com Brasília o que posso dizer é que amo mesmo Macapá, sinto muita falta da nossa terra, que é maravilhosa, assim como dos amigos, da família e da cidade de um modo geral, especialmente do nosso rio Amazonas.

Diário - E sobre a rotina parlamentar, o que dizer?
Vinícius -
Posso dizer que deu para aprender um pouco sobre os caminhos da Casa [o Congresso Nacional] e tenho certeza de que neste ano de 2012 vai ser muito mais produtivo no trabalho legislativo.

Diário - Mas voltando a essa saudade que o senhor sente da cidade, como funciona?
Vinícius -
Sou apaixonado por Macapá, é complicado até falar disso... As pessoas que me conhecem sabem da história de quando eu fui estudar em Belém e não agüentei a saudade e voltei, pedindo transferência de uma conceituada universidade paraense para uma faculdade amapaense que estava ainda começando, mas é que a saudade do Amapá falou mais alto.

Diário - É comum no Congresso Nacional a organização das bancadas por afinidade ou área de atuação dos parlamentares. No seu caso, empresário, um empreendedor, como foi a receptividade da bancada da indústria?
Vinícius -
Foi muito boa. Inclusive aqui a gente tem que saber onde pisa, literalmente, pois tudo é muito observado, sabe-se quem não vai às comissões, que falta às sessões no plenário, enfim, é preciso definir uma linha de atuação.

Diário - E qual a sua?
Vinícius -
A linha que eu resolvi atuar foi a busca incessante de recursos federais para o nosso Estado, sabendo das dificuldades que o Amapá enfrenta, então a gente assumiu algumas Emendas [parlamentares] de alguns outros de-putados, como a deputada Lucenira [Pimentel] e conseguimos até agora empenhar R$ 3 milhões para o Estado, R$1,5 milhão para fazer pontes de concreto no Bailique, R$ 500 mil para fazer o calçamento em Cutias do Araguari, R$ 600 mil para fazer uma creche em Macapá e R$ 900 mil para fazer o muro de arrimo em Itaubal do Piririm.

Diário - Então esses recursos estavam assegurados no Orçamento da União desde o ano passado, é isso?
Vinícius -
Exatamente, são emendas que já estavam colocadas pela deputada e não houve mudança, mas sim um empenho muito grande nosso para liberar esses recursos, além de ter sempre atuado junto com o governador para ajudar no que era possível.

Diário - E como tem sido o relacionamento dele com a Bancada Federal do Amapá?
Vinícius -
Eu queria até parabenizá-lo pelo relacionamento com a bancada, especialmente neste final de ano quando a gente define as emendas de bancada, Houve um consenso com o governador no sentido de que todos colocaram suas emendas para o Estado, mesmo os da oposição. O deputado Davi [Alcolumbre] colocou para a Ueap (Universidade Estadual do Amapá), o deputado Luiz Carlos colocou para o trânsito, o deputado Milhomen colocou para o esporte, para as obras do entorno do nosso Zerão [estádio], eu coloquei para um centro de saúde mental para o Estado do Amapá, pois não tem; o deputado Bala Rocha para um pronto-socorro na zona norte, enfim, a gente entrou num consenso e os projetos não foram individuais, mas realmente de bancada, um conjunto e o governador abraçou a proposta, não estando todos alinhado no mesmo palanque político, mas a gente está trabalhando em prol do desenvolvimento do Amapá.

Diário - Deputado, há quem critique a maneira com que o parlamentar elabora suas emendas ao orçamento, com queixas de que muitos projetos acaba não se consolidando em obras efetivas para a população pela falta de um debate mais apropriado para se elegerem verdadeiras prioridades. O que o senhor fez para evitar isso?
Vinícius -
Minha estratégia foi diluir minhas emendas individuais no maior número de emendas possível, para que esses recursos pudessem chegar na ponta, digamos assim.

Diário - Cite algumas de suas emendas então, para sabermos como foram diluídos os recursos?
Vinícius -
Coloquei emenda para revitalização do parque zoobotânico, recursos para fazer uma casa do estudante em Macapá, recursos para ampliar a sede do Tribunal Regio-nal do Trabalho, para a compra de 500 coletes balísticos para os policiais militares, além de outra emenda para a segurança dos policiais que é uma viatura blindada, coisa que hoje a PM não conta.

Diário - São emendas de valor não muito alto o que pode ampliar o leque dos benefícios do mandato parlamentar não é mesmo?
Vinícius -
Exatamente. Para que possam ser liberadas, possam ser acessadas, virem algo palpável para a sociedade. Vale lembrar que colocamos emendas também para o setor produtivo, prevendo uma agroindústria assim como a aquisição de tratores para a escola agrícola, assim como para a área de turismo com uma fonte como tem em Brasília e em outras cidades. Acaba virando uma atração turística dos lugares onde são instaladas.

Diário - E onde ficaria essa fonte que sua emenda poderá viabilizar?
Vinícius -
Ou na praça Zagury ou na praça Floriano Peixoto, se for revitalizada. De maneira geral procuramos atender o maior número de municípios possível.

Diário - Deputado, a notícia do final da semana foi o anúncio de que o senhor está deixando a base do governador Camilo Capiberibe, para adotar uma linha de independência, mas com apoio institucional do Governo dele. Como é essa equação?
Vinícius -
Na verdade quando a gente ganha uma eleição a gente se elege para ajudar o Estado, então é o que eu te-nho feito, tenho ajudado o governador Camilo e quero continuar ajudando sempre para desenvolver o Estado do Amapá, levando recursos através das emendas parlamentares, ajudando a destravar os problemas do estado em Brasília e sempre que solicitado dando contribuições ao governo dele, mas ano que vem é um ano eleitoral e o meu partido, o PR, está disposto também conversar, fazer composições, quem sabe lançar vice-prefeito de alguém ou até mesmo encabeçar uma chapa, afinal temos alguns nomes também no partido que vislumbram essa possibilidade.

Diário - Mas isso o senhor conversou com o governador?
Vinícius -
Fizemos um comunicado a ele, de que o partido dificilmente poderá ter esse espaço, pois o PSB e o PT já estão juntos, numa chapa de prefeito e vice, o que torna difícil o PR estar junto com o PSB nas eleições municipais do ano que vem.

Diário - O rompimento é no campo da política partidária então?
Vinícius -
Sim, é uma questão de palanque político, não é uma questão de Estado, de governo, não sou oposição do governador Camilo, pelo contrário, sou um entusiasta para que o governo dele dê certo porque se isso acontecer quem vai ganhar é a população. Mas a gente também tem que pensar no partido, tem que pensar na política e infelizmente o pacote fechado fica complicado.

Diário - O fato é que o PR quer ser protagonista e não coadjuvante, é isso?
Vinícius -
Olha, o PR está aberto a conversar com outros partidos. Vamos conversar com o deputado Michel, com o prefeito Roberto Góes, com o deputado Davi, Milhomen, enfim, todas as lideranças que se lançarem candidatos para dizer que estamos abertos ao diálogo, a uma negociação de modo a formar uma chapa que faça uma nova prefeitura para Macapá e para os demais municípios.





Perfil O amapaense Vinícius de Azevedo Gurgel, filho de Hildebrando Carneiro Gurgel Junior e Telma Lucia de Azevedo Gurgel, é casado, pai, empresário e formado em Ciência Contábeis, pelo Centro de Ensino Superior do Amapá (CEAP) , no período 1996-2000. Está em seu primeiro mandato parlamentar, mas já na estréia obteve a façanha de ser o mais votado deputado federal do Amapá, com 21.479 votos, sendo que fora eleito pelo PRTB e atualmente se encontra no PR. É atualmente membro titular da Comissão de Minas e Energia - CME, da Câmara dos De-putados; suplente da Comissão de Finanças e Tributação - CFT e da Comissão Especial Bebidas Alcoólicas.

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