João Alvarenga. O executivo do Sebrae esclarece nuances do mercado empreendedor nos estúdios da Diário FM. |
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Como está o Sebrae, superintendente?
João Alvarenga – Muito bem, graças a Deus. O ano está realmente começando e nós estamos na fase de alinhamento do planejamento, nossas ações para o período, sempre focado naqueles que realmente geram emprego, que geral renda, que geram riqueza, mas que às vezes não são bem vistos principalmente pelas autoridades, que são os pequenos negócios.
Diário – Tem isso então, não é?
Alvarenga – Sim, e nós precisamos ajuda-los, principalmente nesse momento difícil da economia, daí a importância que nós do Sebrae estejamos junto deles, participando, ajudando e neste sentido preciso aqui agradecer à nossa equipe técnica e os demais membros da diretoria, que fazem termos uma equipe realmente fantástica.
Diário – O senhor falou sobre esse início do ano e a gente lembra que no período de férias coletivas lá no Sebrae houve um sistema de plantão para atender os micros e pequenos empreendedores, não é?
Alvarenga – É, foi exatamente para atender ao MEI [Microempreendedor Individual], pois de 1º de janeiro a 31 de maio é o período que o MEI tem que apresentar sua declaração de rendimentos, o faturamento do ano anterior, então o plantão foi para que ele não perca esse prazo, tanto em Macapá como em Santana, então a ideia é dispor dessa estrutura para que eles não percam tempo e possam realmente se regularizar.
Diário – E nesses tempos de crise, essa categoria de empreendedores continua sendo a que mais gera emprego e renda no Brasil?
Alvarenga – Com certeza, e com a crise econômica, com a perda do emprego, e aqui no Amapá tivemos um índice de mais de 15% de desempregados, portanto atingimos um número alto. No Brasil foram mais de 12 milhões de desempregados. Então o que aconteceu é que as pessoas saíram do seu emprego formal e tinham que buscar alguma atividade para se manter, para custear sua família, então para muitos a saída foi colocar um negócio próprio. E a primeira alternativa é ser microempreendedor individual. Então isso aumentou muito e hoje temos em torno de 6 milhões no Brasil e no Amapá passamos dos 13 mil microempreendedores individuais, então é uma categoria que aumentou pela necessidade, pela busca pela sobrevivência.
Diário – Então a gente imagina como esse novo contingente de novos empreendedores precisam de orientação não é?
Alvarenga – Sim, daí o Sebrae precisar ficar muito mais atento, pois quando você coloca uma atividade qualquer sem estar preparado, sem ter conhecimento, as chances são muito poucas de sucesso. E todos esses que colocaram algum negócio são aqueles que foram indenizados com fundo de garantia, indenizações por demissões, portanto um dinheiro que é sacrificado, que o trabalhador guardou a vida toda, então se ele não for bem aplicado com certeza não vai ter resultado, então o Sebrae tem trabalhado, tem feito campanhas, temos nos colocado à disposição para ajudar, orientar para que ele busque uma atividade que adequada às condições dele, ao conhecimento dele, como saber se atividade que ele quer colocar está adequada, se o ponto é legal, enfim, tudo isso é importante que se oriente. E para isso temos um espaço de tempo muito bom, como agora em maio a Semana do MEI, não só no Amapá mas no Brasil todo, com capacitação, orientações, palestras e a custo zero.
Diário – O empresário Gil Marra, que é do Sindbar, chamou atenção outro dia para o fato de que muitas dessas pessoas que perderam o emprego formal buscaram na venda de comida uma alternativa, devido ao clichê de que em se tratando de alimentação tudo vende. Mas isso estaria pondo em risco a qualidade desse segmento que vem crescendo muito por aqui. O que o senhor tem a dizer a respeito?
Alvarenga – Olha, a gastronomia aqui no Amapá tem uma ligação muito forte com o Sebrae. Eu mesmo participei de toda a história do desenvolvimento, da ascensão, da mudança que houve desde os ambientes dos restaurantes, das casas de alimentos, quanto também do produto, os serviços, a higienização, enfim, tudo. Tivemos uma participação muito forte desde a criação da primeira associação gastronômica do Amapá, depois transformada na Abrasel, além da participação das empresas, o próprio Gil fez parte, a dona Socorro, o Márcio, o Cajueiro que agora está no Oiapoque, e muitos outros que fizeram parte dessa fase, como a Flora também, gente que cresceu dentro desse projeto em que todos nós fomos realmente muito audaciosos.
Diário – E sobre essa observação do Gil, sobre os riscos da improvisação de quem está chegando agora ao setor?
Alvarenga – Realmente, eu acho que a primeira opção que você tem é na alimentação, quando você abre uma porta, ou abre uma banca, sai pelas ruas no final da tarde ou no final da manhã, com várias bancas nas calçadas com as pessoas oferecendo o frango, o feijão, as comidas mais típicas, enfim, é legítimo, mas claro nós temos que ter cuidado e a própria população pode ser a grande fiscalizadora da qualidade, da higiene, pois muitas pessoas ainda apresentam um produto sem qualidade, não tem os devidos cuidados ou o próprio ambiente não tem muitas vezes estrutura higiênica para oferecer o alimento, então cabe também aos órgãos de fiscalização, de controle, fazer isso, agora a gente não pode é proibir as pessoas de buscarem uma atividade para se manter.
Diário – E sobre aquela velha prática nas comunidades de um vizinho copiar o outro na hora de abrir um negócio próprio, acabam concorrendo entre si?
Alvarenga – Pois é, isso é outra coisa que a gente sempre coloca quando as pessoas vão em busca da orientação do Sebrae, que é o saturamento do mercado. Aqui nós tivemos a fase do churrasquinho, a fase das locadoras de vídeo, depois da própria internet. Eu lembro que quem começou com o primeiro ponto de internet, a lan house, custava R$ 5 reais o acesso, e hoje isso passou a custar centavos, exatamente porque as pessoas colocam um tipo de negócio e todo mundo vai atrás e esquece que tem que buscar uma maneira de não saturar para não acabar porque quando você entra demais num determinado mercado, alguém vai acabar caindo fora. Agora, quem tem mais capacidade, quem tem mais conhecimento, mais preparação, tem condições de oferecer o melhor serviço, o melhor produto, se mantem no mercado.
Diário – E sobre a Expofeira superintendente, alguma chance do Sebrae voltar a organizar esse evento?
Alvarenga – Essa é uma pergunta recorrente, mas não depende do Sebrae é um evento do Governo do Estado que o Sebrae tem sido parceiro por vários anos, mas que não cabe a nós agora responder a essa pergunta.
Diário – Mas do ponto de vista da estratégia de eventos, ou seja, reunir sob a mesma tenda quem quer vender com quem quer comprar, é válido?
Alvarenga – Com certeza. E nós até mudamos a nossa estratégia com os grandes eventos como a Feira do Empreendedor, que está sendo desmembrada, ou seja, fatiar em eventos menores em todos os municípios.
Perfil…
Entrevistado. O administrador João Carlos Calage Alvarenga está na diretoria do Sebrae no Amapá há 14 anos. É especializado em Políticas Públicas para Micro e Pequenas Empresas, pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, e em Desenvolvimento de Liderança do Sistema Sebrae, pela Fundação Dom Cabral. Possui os cursos de Gestão Avançada para Executivos, Desenvolvimento de Executivos do Sistema Sebrae e APG – Programa de Gestão Avançada, pelo Instituto Amaná Key, Métodos e Instrumentos para o planejamento integrado sob a visão do desenvolvimento sustentável, pelo Instituto de Desenvolvimento Local da Universidade de Valência e de Desenvolvimento de Dirigentes do Sistema Sebrae, Pela Universidade Católica de Milão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário