Syntia Lamarão. A secretária de turismo do estado fala das perspectivas para o setor no segundo semestre de 2016. |
Por Cleber Barbosa
Para o Diário do Amapá
Diário do Amapá – A Festa de São Tiago deste ano reeditou a boa frequência de público e se consolida como um evento de alcance estadual, não é?
Syntia Lamarão – Com certeza, foi uma programação extensa cujo ponto alto foi na segunda-feira, com toda a programação religiosa, uma programação que pela comunidade e por todo o Governo do Estado. Sem dúvida recebemos um grande número de visitantes, com grande movimento para o município e que também foi marcado pela entrega oficial da rodovia toda asfaltada. A programação de São Tiago sempre produz grandes surpresas, apesar de toda a tradição.
Diário – Havia uma expectativa grande sobre a possibilidade da ponte sobre o rio Matapi ser entregue antes da festa deste ano, o que acabou não acontecendo devido a ajustes no projeto da obra segundo o governo. Ainda se viram muitas filas na balsa não é secretária?
Syntia – É, a Secretaria dos Transportes fez um grande planejamento para evitar o máximo possível as filas, mas é claro que o volume era muito grande e em dados momentos de pico houve filas sim. Mas se Deus quiser até o final deste ano a ponte deverá ser inaugurada e as balsas serão coisa do passado.
Diário – Outra grande vantagem dessa ponte é a possibilidade de conectar os municípios de Macapá e Santana com o sul do estado, pois através de Mazagão é possível a ligação com o trecho sul da BR 156 que vai até Laranjal do Jari e Vitória do Jari, não é mesmo?
Syntia – Exatamente, a rodovia estadual AP 010 é muito importante para a gente e passa e ser também uma rodovia de integração do estado com a parte sul, o que vai facilitar enormemente a vida de quem mora lá e também representará uma economia de vários quilômetros para quem vai ao sul do Amapá, pois hoje precisa antes acessar a BR 210.
Diário – Na semana passada o Ministério do Turismo divulgou o novo Mapa Turístico do Brasil, onde o Amapá figura com apenas uma região turística, chamado de Polo Macapá. Já foram cinco os polos turísticos cadastrados então a pergunta é se encolhemos do ponto de vista de potencial turístico?
Syntia – Bom, a atualização do mapa turístico iniciou em dezembro do ano passado. Nós tivemos quatro meses para dar as respostas ao Ministério, período em que trabalhamos intensamente junto com todos os municípios. Infelizmente nem todas as prefeituras tem uma estrutura mínima ou um investimento mínimo para a atividade turística. Sabemos que é uma atividade de extrema importância que abre um leque imenso de possibilidades, especialmente para a economia do local.
Diário – Deixou a desejar então esse novo desenho do mapa turístico do país, cujo mote é a regionalização do setor?
Syntia – Olha, foi um pacto celebrado pelo governo federal e os municípios que atenderam a esse chamado. O Estado era meramente um interlocutor, alguém que faz o pacto principal com o ministério, mas nessa construção depende das respostas de cada prefeitura junto ao Ministério do Turismo. Alguns, na verdade a maioria dos municípios, não dispõe de infraestrutura básica e também de órgão oficial, tampouco disponibilidade orçamentária e financeira destinada para essa atividade, infelizmente.
Diário – Há um gargalo em relação ao turismo, a senhora diria?
Syntia – Nessa questão específica do Ministério do Turismo era o principal requisito quanto a pactuação do Programa de Regionalização do Turismo, o qual gerou a atualização desse mapa a que nos referimos anteriormente.
Diário – Que ficou como exatamente desenhado, secretária?
Syntia – Apenas Macapá, Santana, Tartarugalzinho, Oiapoque e Serra do Navio alcançaram o perfil para que houvesse essa pactuação.
Diário – Desde a divulgação do mapa a primeira impressão foi negativa realmente até porque houve uma redução dos polos turísticos do estado, mas talvez esse enxugamento possa significar uma atenção maior e melhor aos destinos que restaram, não é?
Syntia – Com certeza, essa é a nossa expectativa também. Na verdade, isso otimiza a implantação de políticas públicas porque não é simplesmente apenas realizar eventos. Temos que ter aí uma organização do setor para que tenhamos resultados positivos. Minha leitura a respeito dessa notícia é como um ponto positivo para que possamos iniciar a implantação de políticas públicas no estado que possibilitem retorno para o setor do turismo, que é extremamente importante pois é capaz de melhorar a qualidade de vida das pessoas das diversas comunidades, de uma região ou de um município, pois oportuniza a geração de emprego e renda para as pessoas.
Diário – A semana também foi marcada pela abertura das inscrições para o maior evento do turismo em todo o continente, que é a Expo Internacional de Turismo, em São Paulo. Este evento já se chamou Feiras das Américas e era no Rio de Janeiro. No ano passado o Amapá esteve presente a partir de um trabalho de sua gestão à frente da Setur, retomando a presença em um evento de grande visibilidade, a participação deste ano está garantida?
Syntia – É, nós estamos dependendo apenas da resposta ao pedido de apoio que fizemos ao Ministério do Turismo, pois este ano nós já participamos da WTM, que ocorreu em março também no Expo Center Norte em São Paulo, quando esse apoio foi garantido. Nós estamos articulando junto ao Fórum Nacional do Turismo a participação de todos os estados, assim como no ano passado.
Diário – Estar presente neste tipo de evento faz parte de uma estratégia de promoção e marketing, o que pode sem dúvida ajudar no incremento do Amapá como destino turístico, não é secretária?
Syntia – Exatamente, mas é oportuno lembrar que o Amapá já recebeu só no primeiro semestre mais de quinze mil turistas, são visitantes procedentes de outros estados e de outros países, então graças a Deus a gente está entrando nessa rota e sem dúvida alguma crescendo cada vez mais.
Diário – Um recente estudo de demanda hoteleira acabou registrando uma perda significativa de hóspedes no último ano, impactada também pela crise econômica que resultou até na redução do número de voos para Macapá. Estamos em plena alta temporada e o setor ensaia uma reação. A senhora está otimista?
Syntia – Com certeza, o turismo é uma atividade que nesse momento é uma grande alternativa para a crise econômica e temos a oportunidade de crescer, essa é a minha expectativa e a minha crença.
Perfil…
Entrevistada. A secretária Syntia Machado dos Santos tem 29 anos de idade, é amapaense, casada e mãe de uma filha; é bacharel em Direito, formada pela Faculdade Estácio de Sá/Famap e pós graduanda em Gestão Pública; exerceu vários cargos públicos como de chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Assistência Social, diretora Administrativa Financeira da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Semdec); Secretaria Municipal de Assistência Social e Trabalho (Semast) e Secretaria Estadual do Desporto e Lazer (Sedel); assessora especial da Diretoria Geral do Ministério Público do Estado do Amapá (MPEA) e da Companhia Docas de Santana (CDSA), além de consultora política na Assembleia Legislativa do Estado do Amapá.
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