Por Cristian Klein e Luciano Máximo | Valor
Econômico
Inspirado na anticandidatura à
Presidência da República, lançada em 1973 pelo deputado federal Ulysses
Guimarães (1916-1992), o senador Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP) tenta mobilizar colegas da Casa para derrotar o
favoritismo de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado. Em campanha, o
parlamentar faz um giro que inclui visitas a São Paulo e ao Rio de Janeiro e
Recife, onde buscará os votos dos senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE). "Não acho bom que alguém que renunciou à presidência da
Casa se eleja cinco anos depois. As razões que levaram à renúncia se esgotaram?
Me inspiro no papel que Ulysses cumpriu na ditadura. Mas, veja, hoje estamos
numa democracia", afirma o senador.
Randolfe refere-se à insistência do então
líder do MDB, Ulysses Guimarães, de se lançar ao Palácio do Planalto mesmo
diante da impossibilidade da vitória em meio ao predomínio de um regime de
exceção. Hoje, compara Randolfe, Renan Calheiros reúne forças semelhantes à
hegemonia dos militares nos anos 1970 para voltar ao comando do Senado - do qual
renunciou em 2007 após denúncias de corrupção. Enquanto Renan Calheiros é o
candidato da ampla base governista, Randolfe Rodrigues tenta amealhar votos
entre a minoritária oposição - PSDB, DEM e PSOL reúnem 17 parlamentares - e o
grupo de meia dúzia de senadores com atuação independente.
O senador do PSOL não
questiona o critério da proporcionalidade - que norteia as eleições para os
principais postos no Congresso - mas sugere que, neste caso, o PMDB, a maior
bancada do Senado, lançasse o ex-governador e ex-ministro Pedro Simon (RS) por
sua trajetória e reputação. "Tenho procurado convencê-lo. De todos os 81
senadores, é o que reúne as melhores condições", diz Randolfe, sobre o
parlamentar que completará 83 anos no dia 31. Há muito tempo, no entanto, Simon
é da ala minoritária do PMDB, liderado por Renan e José Sarney (AP). Aos 40
anos, Randolfe tenta ameaçar outra vez a hegemonia de petistas e pemedebistas.
Em 2011, também disputou a Presidência do Senado - vencida por José Sarney
(PMDB-AP) - quando teve oito votos. Cotado para disputar a Presidência da
República ou o governo do Amapá, em 2014, o senador diz tender à primeira opção.
Para Randolfe, a disputa contra o PSB, no comando do Estado, poderia favorecer
as forças mais conservadoras derrotadas nas últimas eleições. O parlamentar
negou que vá se transferir para o partido em gestação pelo grupo da ex-senadora
Marina Silva. Sobre um dos projetos prioritários na agenda legislativa, Randolfe
disse ao Valor que apresentará voto em separado sobre pontos ligados ao
financiamento público da educação brasileira na votação do projeto de lei
8.035/2010, que trata do Plano Nacional de Educação (PNE).
No entendimento do
parlamentar, o relatório do colega José Pimentel (PMDB-CE) não garante a
elevação do investimento no setor dos atuais 5% do Produto Interno Bruto (PIB)
para 10%, como foi aprovado na Câmara dos Deputados por unanimidade em junho do
ano passado. Para o senador, houve retrocesso na definição de fontes de recursos
para o ensino e excesso de concessões ao setor privado na apreciação do projeto
de lei no Senado.
Publicado no Blog Amapá no Congresso
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