Lucas Barreto. O pré-candidato ao Setentrião foi ao rádio falar de suas propostas e fez uma análise do atual Estado. |
A série de entrevistas com os pré-candidatos a governador do Amapá, que vem sendo feita aos sábados pelo programa Conexão Brasília, da Diário FM, ouviu ontem Lucas Barreto (PSD). O ex-deputado, que agora é vereador por Macapá, falou abertamente sobre como vem atuando na trincheira da oposição ao ex-adversário na disputa de 2010, quando chegou a liderar as pesquisas no primeiro turno, mas perdeu a eleição na reta final. Diz que o contraponto que faz é equilibrado e sério, mas garante que a mudança prometida pelo rival naquele ano não foi alcançada, como prometida. Acha que chegou a sua hora, pois para que se garanta a alternância de poder não se pode polarizar a disputa em apenas dois grupos políticos, que ele diz estar há 20 anos no poder no Amapá. Acompanhe o resumo do que Lucas Barreto disse.
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Esta é mais uma etapa importante da sua carreira, não é?
Lucas Barreto – Isso. Lanço novamente essa pré-candidatura, uma nova etapa, mas vem junto com uma nova experiência, que é ser vereador.
Lucas Barreto – Isso. Lanço novamente essa pré-candidatura, uma nova etapa, mas vem junto com uma nova experiência, que é ser vereador.
Diário – Nunca tinha sido vereador?
Lucas – Não. Fui deputado estadual por quatro mandatos e perdi uma eleição para vereador, a primeira, em 1988. Em 1990 nos elegemos deputado. Hoje tenho essa oportunidade de ser vereador, o que tem me rendido um grande aprendizado.
Diário – Alguém já chegou a definir essa sua experiência como sendo um ‘vereador estadual’. O vereador dispõe de ferramentas do mandato que assegurem indicações tanto ao Executivo Federal como o Estadual?
Lucas – Isso, a nível de Estado. Na verdade todos os vereadores lá são chamados vereadores estaduais.
Diário – Mesmo porque a gente tem uma cidade-estado, como também já disseram, não é?
Lucas – Isso, uma Capital que tem quase 70% da população [do Estado] além de que lá tem oposição, situação, esquerda, direita e defendem também o Governo, assim como o Governo também lá sofre críticas, mas penso eu que todas as críticas que nós fazemos são críticas construtivas. Temos cobrado sim, mas com muito equilíbrio, com muita responsabilidade, como sempre fizemos.
Diário – Fazemos dos problemas da cidade de Macapá. A zona norte, tida como a mais populosa, pra onde a cidade está avançando, lhe passa que tipo de sentimento?
Lucas – O sentimento de abandono total. Podemos começar pelo fluxo de carros que tem da região norte de pessoas para a cidade baixa como chamamos, a Macapá antiga. Se você ver tem um gargalo violento ali naquela ponte, que na verdade é uma lombada, como eu já chamei várias vezes. A questão da Rodovia Norte-Sul foi inaugurada pela metade, aliás, nem pela metade, porque só vai até a Ilha Mirim. Mas não adianta inaugurar a Norte-Sul se não se duplicar a Duca Serra, porque senão vamos transferir o congestionamento de um lado para o outro. Mas é preciso olhar para o futuro, isso é um problema de falta de planejamento urbano, que nunca teve um pra Macapá. Mas a zona norte tem um problema mais grave ainda.
Diário – Qual?
Lucas – A água. Você imagina, como é que nós vamos captar água do Rio Amazonas e bombear lá para a zona norte que está 17 metros acima? E agora parou tudo porque a MBO, acho que é a mesma empresa que fez o píer do Santa Inês e que está caindo, é a mesma empresa que estava fazendo a elevação de água e ela faliu. Sumiu! Então você imagina quanto tempo nós vamos levar para termos água realmente com qualidade com bombas potentes.
Diário – O senhor já abordou esse problema em campanhas anteriores. E as soluções?
Lucas – Eu sempre falei que é muito mais fácil captar água ou no subsolo, nós estamos sobre o Aquífero Guarani, o maior do mundo com água de qualidade, ou você pode captar água de outros rios, por que não? Água do Rio Pedreira, do Rio Matapi, por exemplo, que já vêm com menos sedimento. São menos de 20 quilômetros. São Paulo e outras capitais captam água a 200 ou 300 quilômetros.
Diário – O que fazer para melhorar o atendimento no Hospital de Emergências?
Lucas – O problema da saúde é que a Prefeitura deveria cuidar da baixa complexidade, que são os postos de saúde passa por um problema gravíssimo, pois não temos uma UPA, agora é que temos me parece um posto que passa a funcionar 24 horas. Então a população não tem saída, seja ela da zona norte ou da zona sul, bem como do interior. Todos chegam e vão direto para o Pronto Socorro que é referência, pois deveria ser como o próprio nome diz, para cuidar só de pronto-socorro, como traumas. Lá não existe mais espaço físico. O próprio Hospital Geral, que cuida da média e alta complexidade tem 60 anos, foi o Janary que fez. O que precisamos é construir UPA’s realmente nos bairros, como existem em outras cidades. Hoje o maior problema do Pronto Socorro é a falta de remédios. Além disso, lá fica lotado porque tem gente há uma semana esperando para ser transferido pro Hospital Geral ou gente há um mês esperando por uma cirurgia ortopédica. Não tem gestão, essa é que é a verdade. Precisamos de um novo Hospital Metropolitano e uma nova Maternidade.
Diário – E sobre a buraqueira nas ruas de Macapá. O que o senhor pensa a respeito desse problema?
Lucas – A Prefeitura sem o Governo não consegue fazer nada em relação ao asfalto. Mas podemos observar no Governo que foi asfaltado o Ramal da Bacabinha, lá no Amapá, com dinheiro do BNDES emprestado, que nossos filhos e netos vão pagar. Mas foi asfaltado também o ramal que sai de Amapá, passa ao lado da Base [Aérea], que inclusive já rompeu uma parte do asfalto, ligando à BR-156. Então você imagina que não elegem prioridades. O Ramal da Bacabinha é importante? Muito! Foi asfaltado? Tudo bem, liga as pessoas. Mas o ramal por trás do Amapá gastaram uma fortuna, trinta e poucos milhões de reais e liga nada a lugar nenhum. Poderia se colocar aqui [em Macapá], onde temos 500 quilômetros de asfalto deteriorado.
Diário – O atual Governo vive uma animosidade com a classe dos professores, o que atrapalhou muito o ambiente escolar, o relacionamento entre a gestão e o magistério. Qual sua estratégia para reaproximar esse grupo do magistério do Governo?
Lucas – Tenho a convicção que não é possível combater as mazelas sociais ignorando a classe dos professores, em hipótese alguma. A prova disso é a minha defesa intransigente pela valorização do magistério. Fui o único parlamentar à época, quando deputado estadual, que não rasguei o Estatuto do Magistério e um dos poucos agora que não aceitei a incorporação da regência de classe, fui contra a incorporação da regência, porque é um direito adquirido, numa luta de vários anos.
Diário – Essa incorporação foi votada esta semana na Câmara de Macapá?
Lucas – Isso, aqui em Macapá, com o Clécio professor. Foi lá e diminuiu a regência de classe para 45%. O problema é que ele não incorporou a diferença que ele tirou. Ele só incorporou 28% do professor para dar a data-base. Então eu penso que a educação é gestão compartilhada.
Diário – E sobre a segurança pública, existem muitas reclamações sobre falta de gasolina, até de papel e estrutura de registro de ocorrências, investigações, enfim, o que o senhor tem de proposta para este setor?
Lucas – Nós somos hoje a 42ª cidade mais violenta do mundo! E isso está no site da Polícia Federal. Os Ciosp’s que são o local de trabalho da polícia está tudo caindo. Você vai lá de madrugada os agentes estão treinando com a baladeira para acertar os ratos. E isso é fato! Faltam equipamentos, fala papel, falta mão de obra. Temos um déficit de pelo menos 500 agentes. Eles não conseguem ter um planejamento de combustível. Na PM prometeram equiparar o salário deles com o salário do policial militar federal. Não equipararam. Promete-se tanta coisa e não se cumpre.
Diário – Durante as campanhas os candidatos apresentam solução para tudo, mas que depois não resolvem os problemas como se esperava.
Lucas – É importante observar que nós estamos há mais de 20 anos elegendo os mesmos. Numa eleição a gente está com raiva de um aí vota no outro. Na outra, está com ódio do outro e volta para o anterior. É por isso que não muda. É por isso que não há política pública renovada. Eu até penso que o Amapá nem precisa mais de mudança, ele precisa de uma renovação. E é nesse sentido que nós estamos buscando e colocando a nossa candidatura.
Diário – Que nota o senhor dá para a administração Camilo Capiberibe?
Lucas – Dou nota 1, porque existe uma administração. Existe, mas não funciona.
Perfil
Entrevistado. Luiz Cantuária Barreto (Macapá, 9 de novembro de 1964), mais conhecido pelo nome Lucas Barreto é filiado ao Partido Social Democrático. Já militou pelo Partido Trabalhista Brasileiro (do qual saiu em 2013) e pelo Partido Democrático Trabalhista. Ocupou o cargo de deputado estadual1 entre os anos de 1991 e 2006 (num total de quatro mandatos), tendo presidido a Casa entre 2003 e 2004. Foi candidato à Prefeitura de Macapá em 2008, ficando em terceiro lugar na disputa com 25.19% dos votos. Candidatou-se em 2010 ao governo do estado, chegando a liderar o primeiro turno (28,93% dos votos), todavia foi derrotado no segundo turno com 46,23% dos votos válidos.Atualmente é vereador por Macapá.
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