Jorge Amanajás. O pré-candidato ao Setentrião foi ao rádio falar de suas propostas e uma análise do atual Estado. |
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Ter terminado a eleição passada para o Governo do Estado na terceira colocação já demonstra a confiança da população no senhor não é?
Jorge Amanajás – Fui candidato em 2010 ao Governo e tive mais de 28% dos votos. Foi uma eleição muito disputada, então passado esse período eu me afastei um pouco da política para cuidar das questões pessoais, mas desde o ano passado estamos retomando esse projeto. Fui para o PPS e dentro do partido estamos construindo esse novo momento, pois em 2010 não conseguimos sucesso, mas que agora estamos com essa nova vontade e estimulados para isso.
Diário – O senhor foi quem trouxe o PSDB para o Amapá?
Jorge – Não, na verdade eu fui para o PSDB em 2005.
Diário – Quem pilotava o PSDB era o Feijão?
Jorge – Quando eu entrei lá era a deputada Fátima, em seguida assumiu o deputado Feijão e logo depois eu assumi, fiquei como presidente do PSDB por cinco anos.
Diário – Depois o senhor deixou de frequentar o ninho tucano. Por que? Brigou com alguém?
Jorge – Não, não, na verdade não houve algum tipo de problema ou algo mais. Hoje o PSDB tem uma tendência, quem está na presidência é o deputado Luiz Carlos, mas uma tendência de aliança com o PSB, então, claro, o PSB vem claro, com uma tentativa de reeleição do atual governador, então não haveria espaço para se trabalhar lá um projeto de eleição para governo, exatamente por isso fui buscar alternativas e o PPS apareceu como essa alternativa.
Diário – O senhor acha que aquele verdadeiro tsunami que foi a operação Mãos Limpas influenciou no resultado da eleição de 2010 quando o senhor não conseguiu sucesso?
Jorge – Influenciou sim, porque até o dia da operação, que foi exatamente três semanas antes da eleição e beneficiou diretamente a operação quem veio a ganhar, que saiu do quarto lugar e no último dia passou para segundo e deu a virada no segundo turno. Isso porque, claro, a população passou a analisar os candidatos simplesmente a partir de um tema só que foi a grande questão criada pela operação.
Diário – Essa operação não atingiu o senhor diretamente, saiu incólume, por assim dizer?
Jorge – Graças a Deus, até agora eu estou incólume em relação a essa operação. Eu diria que o prejuízo maior foi para o Estado uma vez que afetou diretamente a vontade democrática da população.
Diário – Mas o senhor admite que houve respingos na candidatura do senhor?
Jorge – Sim, mesmo porque o atual governador deu uma declaração logo depois da eleição de que ele só se elegeu por causa da operação, são palavras dele. Por aí a gente vê realmente como influenciou.
Diário – Se não tivesse ocorrido a operação o resultado daquela eleição seria outro? O senhor poderia ser hoje o governador?
Jorge – Com certeza. A gente estava bem posicionado naquele momento. Nós iríamos pro segundo turno, as pesquisas mostravam eu e o Lucas na frente, mas havia anda o então governador na época, que também estava na disputa bem posicionado. Provavelmente a disputa ficaria entre esses três.
Diário – O senhor disse que saiu do PSDB porque não havia espaço para o seu projeto de governo, mas no próprio PPS o senhor não teme que isso ocorra novamente, por que o pré-candidato do PSol já admite uma conversação para uma composição para o senhor ser o vice dele?
Jorge – Não, é bom afirmar aqui que a aliança do PPS com o PSol se deu em 2012 no município de Macapá. Mas é uma aliança que não teve um avanço em termos de costura para 2014, então este ano o PPS tem tanto a nível nacional quanto a nível de estado do Amapá uma decisão de sair com candidatura própria ao Governo do Estado.
Diário – Isso o presidente [do PPS] Allan Sales garante pro senhor?
Jorge – Ele e o presidente nacional, o deputado Roberto Freire, que deve estar vindo aqui provavelmente a semana que vem, para fazer um momento de lançamento das pré-candidaturas do PPS aqui no Amapá.
Diário – O senhor de forma alguma aceitaria ser o candidato a vice?
Jorge – Não, até porque o Amapá não está precisando de um vice, o Amapá está precisando de um governador. O Estado vive um momento muito difícil de sua história, com crises generalizadas em vários setores, então é responsabilidade o governador tomar as decisões para resolver os problemas que nós enfrentamos hoje, então o que motiva a ainda estar na política, estar nessa disputa é uma disputa para o Governo do Estado.
Diário – Em que setor reside o maior problema que o Estado enfrenta?
Jorge – O maior problema com certeza é a saúde, que não é só do Amapá, mas no Amapá especificamente há uma necessidade imperiosa de nós tomarmos uma decisão sobre que modelo de desenvolvimento econômico nós queremos. A maioria esmagadora dos empresários do Amapá não está apta a acessar os recursos disponíveis de financiamento porque há gargalos que só o governo pode resolver.
Diário – Quais são esses gargalos?
Jorge – Primeiro a questão fundiária, quando se trata do setor primário. Enquanto não se resolver essa questão da titularização dessas terras não tem como ter acesso [a recursos]. Na questão da nossa Zona Franca Verde há uma necessidade de que o Governo, quem estiver sentado na cadeira do governador, tome a iniciativa de buscar as condições de atrair os investidores. No Amapá não existem regras claras para as empresas que queiram vir investir no Estado, não há um marco regulatório. Outro problema crucial é a questão do licenciamento ambiental, é a maior dificuldade hoje se conseguir isso, talvez pelo desaparelhamento do órgão, o Imap, que precisa estar muito bem preparado para garantir a fluidez.
Diário – Por que a qualidade do ensino público caiu tanto, no Brasil inteiro, mas no Amapá não é diferente?
Jorge – Sou professor há 25 anos e digo que existe um tripé que precisa estar muito bem fincado para que haja qualidade no ensino. Primeiro a valorização do profissional da educação, há uma crise hoje em relação a isso, do professor, do técnico, do profissional que está limpando, da merendeira, hoje não há uma política voltada para a valorização deles. A segunda é a questão da infraestrutura das nossas escolas, pois temos cerca de 400 escolas em que 20% estão mais ou menos e o resto está em situação difícil, por exemplo, no interior numa mesma sala estão funcionando quatro séries. A outra questão é social, pois quem está na rede pública são aqueles que enfrentam as dificuldades lá fora, como a falta de emprego, de moradia, da violência e uma série de questões que o Estado tem que entrar, na proteção das famílias.
Diário – O senhor está confiante que sua candidatura possa sair vitoriosa?
Jorge – Tenho certeza, se não tivesse nem teria sido candidato. Mas o que estou buscando é debater o Amapá, pois penso que a população agora vai buscar uma alternativa de um nome que possa se apresentar com uma solução para o desenvolvimento econômico do Estado que hoje não temos. Ainda dependemos basicamente do contracheque principalmente dos funcionários públicos. Não temos agricultura, não chega a 1%, não temos setor industrial, o comércio está vivendo uma crise, pois a substituição tributária está matando nosso pequeno e micro comerciante, isso tudo precisa ser debatido.
Perfil
Entrevistado. Jorge Emanuel Amanajás Cardoso nasceu no município de Chaves, no Pará, tem 47 anos de idade. É licenciado em Física e Engenharia Civil, pela Universidade Federal do Pará. É pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior, também pela UFPA. É fundador do projeto social Desafio Amazônico, um cursinho pré-vestibular gratuito. Foi deputado estadual por três mandatos, tendo sido eleito presidente da Assembleia Legislativa por três mandatos. Nas eleições de 2010 foi candidato a governador do Estado, terminando o primeiro turno como o terceiro mais votado, num empate técnico com os dois primeiros, Lucas Barreto e Camilo Capiberibe. Está no PPS e disputa o Setentrião este ano.
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