Liderança do meio empresarial do Amapá fala sobre as perspectivas de crescimento do comércio no futuro. |
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Números do Caged divulgados recentemente dão conta de que já não é mais o serviço público quem mais gera empregos no Amapá, mas sim a iniciativa privada. Para o senhor o que essa mudança de eixo na economia local representa?
Ladislau Monte – Sem dúvida, muito importante, pois o segmento do comércio do Amapá sempre foi o de maior expressão na nossa economia e a gente vê que a cada ano que passa o comércio vem crescendo. É lógico que o nosso desejo, nossa vontade é que o setor primário e o setor secundário também crescessem porque não adianta crescer só o comércio, precisamos gerar empregos, precisamos desenvolver esses segmentos.
Diário – O comércio já faz sua parte?
Ladislau – Sim, o comércio sempre esteve preparado. Os empresários do Amapá sempre se prepararam, sempre estiveram atualizados, se modernizando, acompanhando a evolução do que acontece no sul do Brasil e fora dele.
Diário – E sobre a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana, daria para viver sem ela hoje?
Ladislau – Sem dúvida que não. A gente tem um grande divisor de águas exatamente com a criação da Área de Livre Comércio, que trouxe uma importância muito grande para o setor, para nossa economia e para o estado como um todo, apesar da delimitação da área de livre comércio apenas entre Macapá e Santana. Mas são os dois municípios de maior expressão. No passado, antes dos incentivos da área de livre comércio as pessoas, os consumidores, saíam de Macapá para fazer suas compras fora porque nós não tínhamos preço.
Diário – Hoje têm?
Ladislau – Sim, depois da área de livre comércio, com os benefícios [fiscais] do ICMS, Imposto de Importação e Imposto sobre Produto Industrializado, isso facilitou muito pois passamos a transferir todos esses benefícios para o preço e ficamos competitivos. Hoje ninguém sai mais do Amapá para fazer compra lá fora, pois temos preços competitivos. Daí a importância muito grande da área de livre comércio para o nosso estado.
Diário – E ainda existe uma enorme expectativa de que isso possa se expandir, com a regulamentação da Zona Franca Verde e da Zona de Processamento de Exportação, que já foram aprovadas?
Ladislau – Exatamente. Os dois projetos estão aprovados, logicamente que faltando apenas um impulso, falta a regulamentação da Zona Franca Verde. Foram criadas algumas Zonas de Processamento de Exportação no Brasil, mas a notícia que se tem é que a do Acre é a única em funcionamento, mas ela está tendo alguns entraves que não estão deixando que ela deslanche. Aqui no Amapá não temos conhecimento sobre quais são esses entraves que possam prejudicar. Sabe-se, entretanto, que em outros países deu muito certo. Temos esperança de que se possa em conjunto com a bancada federal, a classe política em geral e os empresários possamos botar para funcionar a nossa ZPE e a Zona Franca Verde para que o Amapá possa dar um salto ainda maior.
Diário – O Amapá reúne todas as condições para isso?
Ladislau – Olha, com a conquista da nossa autossuficiência em geração de energia, com a chegada do Linhão do Tucuruí, já possibilita com que o Amapá possa trazer grandes investimentos para cá. Logicamente que isso vai depender de muita articulação política porque as empresas não vão vir investir para cá se não tiver um benefício ou a perspectiva de um bom retorno. Então precisa-se de políticas públicas adequadas, com política fiscal que possa atrair esses investimentos para que o desenvolvimento aconteça e que não fique só o comércio como a principal mola impulsora da nossa economia.
Diário – Muito se diz que no começo da área de livre comércio os produtos importados vendidos aqui tinham pouca qualidade, mas que hoje essa realidade mudou, temos uma boa linha de importados mesmo?
Ladislau – Isso é uma realidade, mas que a nível de Brasil a gente nem fica tão satisfeito pois isso afeta a nossa indústria nacional, onde alguns segmentos foram sucateados e nós estamos gerando emprego lá fora, na China por exemplo. Indústria de lâmpada, para citar um caso, não se produz mais lâmpada no Brasil, pois todas as os fornecedores de lâmpadas são chineses, até piso, porcelanato, lustres, enfim, tem uma série de produtos que hoje realmente não estão mais sendo produzidos aqui no Brasil. Mas a partir desse novo modelo o controle de qualidade passou a ser muito grande por parte das empresas brasileiras que estão lá na China, daí esse produto chegar aqui com muita qualidade.
Diário – Daí também a melhora na linha de importados?
Ladislau – Sim, pois não se importa apenas só aqueles chamados subprodutos, produtos de baixa qualidade, nós temos de tudo, pois a China produz de tudo, produtos de alta qualidade, de qualidade intermediária e de péssima qualidade também, então vai de nós importadores sabermos aquilo que estamos importando.
Diário – Esta semana empresários brasileiros do setor têxtil reclamaram bastante da concorrência desleal com os produtores de tecido da China.
Ladislau – Um dos grandes problemas que nós enfrentamos aqui por engordar o custo da produção é exatamente a mão de obra, os encargos trabalhistas, os encargos sociais são muito pesados no Brasil em relação à China que pratica preços que não conseguimos competir.
Diário – Esta semana a sua empresa completa 38 anos no Amapá, como está sendo esse aniversário?
Ladislau – Exatamente. Eu incorporei ao Exército em janeiro de 1976 e quando foi em novembro demos baixa do Exército e para nossa felicidade em 1º de dezembro daquele ano nós iniciamos nossas atividades lá na Madeireira Amazônia, empresa que agora está completando 38 anos, hoje chamada de Monte Casa e Construção. Então é um motivo de alegria para nós tanto que oferecemos um café da manhã aos nossos clientes em parceria com as Tintas Coral que tem sido nossa grande parceira. Houve corte de um grande bolo de aniversário, marcado também por muitas promoções e muitas campanhas voltadas ao nosso público em geral.
Perfil
Entrevistado. O empresário Ladislau Pedroso Monte tem 56 anos de idade e é natural de Macapá. Pai de três filhos, teve como primeiro emprego ser recruta do Exército Brasileiro, tendo servido na Companhia de Comando e Serviços do 3º Batalhão Especial de Fronteira, em Macapá, na turma de 1976. Assim que deu baixa das fileiras do EB, ajudou a fundar na companhia de familiares, a Madeireira Amazônia, num lugar chamado à época de Chapéu de Palha, em Macapá. A empresa se consolidou após entrar para o ramo da venda de materiais de construção e, mais recentemente, de casa e decoração. Formado e Administração de empresas, também ocupou importantes cargos nas entidades do comércio do Amapá.
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