CLÉCIO – A candidatura vem sendo construída há dois anos, apoiada pelo sucesso do senador Randolfe |
CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO
Diário do Amapá - Sua vida pública começou aos 23 anos de idade mesmo?
Clécio Luiz - Assumindo cargos de gestão sim, mas a militância posso dizer que foi antes de entrar na Universidade, no movimento cultural. A minha entrada na política não se deu exatamente no movimento da política e sim na política cultural, que era a minha área de interesse, pois participava de um movimento chamado Rearticulando a Arte, que era uma homenagem ao movimento Articulando a Arte que era da década de 1980 e que reivindicava uma política cultural democrática, que anda hoje não temos. Quando eu entrei na universidade em 1991 acabei me associando a movimentos partidários e depois sim a política, o movimento partidário e depois aos mandatos.
Diário - E a opção em se candidatar, surgiu de estalo ou já era seu projeto político?
Clécio - Na verdade tem uma consequência construída com muito trabalho. Sou do primeiro vestibular da Unifap, cursei Geografia e encontrei o Randolfe (Rodrigues) que fazia História, encontrei o Claudiomar, que fazia Educação Artística e outros companheiros e companheiras, cada um nos seus cursos, e eram apenas nove, quando acabamos ingressando no movimento estudantil, cada um ao seu modo, constituindo os centros acadêmicos, que depois se transformaram no DCE da Universidade. Depois fui para a militância partidária, filiei-me ao PT e só quatorze anos depois fui ser candidato a alguma coisa. Fui candidato a vereador em 2004, quando fui eleito para o meu primeiro mandato.
Diário - E depois?
Clécio - Fui releito em 2008 para o segundo mandato e agora em 2010 após a eleição do senador Randolfe Rodrigues, do qual sou o primeiro suplente, nós começamos a construir um projeto, uma alternativa de poder popular para Macapá, com a pré-candidatura a prefeito, ou seja, ela não foi por acaso, não foi por estalo, foi construída.
Diário - Foi então a eleição de Randolfe para o Senado que mais entusiasmou o senhor a se lançar candidato a prefeito de Macapá?
Clécio - A eleição do senador Randolfe é um marco importante na vida dos amapaenses, tanto para a política como para a sociedade, como inspiração para os jovens. Eu realmente não nego, me inspiro nos mandatos do senador Randolfe, que foi deputado estadual e que exerce hoje o mandato de senador. A ascensão do Randolfe ao Senado abriu muitas perspectivas para muita gente, não só para mim, tanto é que nós montamos uma chapa maravilhosa de candidatos a vereador e vereadoras em Macapá.
Diário - E também disputar a Prefeitura de Macapá.
Clécio - Com essa perspectiva partimos fortemente para construir esse projeto, comecei a me preparar para essa eleição e para governar Macapá depois dessa eleição do Randolfe. Há dois anos eu venho me preparando, não só para a eleição, mas para governar, porque eu vejo muitos candidatos infelizmente se preparam para ganhar a eleição. Eles concorrem com muita estrutura, se preparam com dinheiro, com alianças, uma série de estratégias, mas não se preparam para governar.
Diário - O senhor acha que está na hora de se promover uma renovação na política?
Clécio - Sem dúvida nenhuma. A eleição do Randolfe também tem esse caráter.
Diário - E o que Randolfe Rodrigues representa para a campanha do senhor?
Clécio - Ele é o nosso maior apoiador, no sentido da simbologia que ele representa. Primeiro que ele mostrou que é possível fazer uma mudança na eleição mesmo enfrentando as máquinas. Depois, melhor ainda, mostrou que é possível fazer política de uma forma diferente, pois ele disse o que foi fazer no Senado Federal e atua em duas pontas muito importantes: uma no combate á corrupção e na outra ponta para melhorar a vida do povo.
Diário - E isso pode se transformar em votos a favor do senhor?
Clécio - Sem dúvida, e eu espero isso porque essa é uma forma limpa, clara e transparente de influenciar positivamente as pessoas. Eu vejo hoje os jovens hoje nas ruas falando do Randolfe, vejo os idosos dizendo que têm orgulho, que se sentiram com a esperança renovada no meio de tanta desesperança.
Diário - É o primeiro desafio do senhor a um mandato do Executivo. Isso amedronta o senhor?
Clécio - Não, até porque é o segundo, pois quando nós saímos do PT e fomos para o PSol , no final de 2005, tínhamos que lançar candidatos e tivemos dificuldades, pois tínhamos acabado de receber o registro do partido, foi um desafio imenso. Foi uma eleição muito difícil, o Randolfe teve uma votação para ser reeleito para ser deputado estadual, mas não conseguiu e não foi por falta de votos, mas sim por cociente eleitoral e eu tive que assumir a honrosa tarefa de ser candidato a governador em 2006. Em Macapá, Mazagão e Santana eu empatei tecnicamente com o terceiro colocado, Papaléo Paes. O primeiro foi o governador Waldez, que ganhou no primeiro turno; o segundo foi o Capi.
Diário - O senhor se considera um candidato de esquerda?
Clécio - Me considero, mas me considero mais que isso, um candidato do povo, um candidato popular.
Diário - Com as condições que a cidade se encontra, com as ruas esburacadas não aumenta o tamanho do desafio que o senhor quer enfrentar?
Clécio - Quando comecei a me preparar, há dois anos, o que me assustava era o que chamavam de falta de dinheiro, de que a prefeitura estava falida, que não tinha jeito. Muitos eram os arautos dessa péssima notícia. Com o passar do tempo, me dedicando a conhecer a máquina pública, digo que esse receio eu não tenho mais hoje, pois existem muitos meios de se conseguir recursos.
Diário - Não é só falta de dinheiro?
Clécio - Não é. Hoje a Prefeitura de Macapá tem um orçamento de R$ 502 milhões. Isso não resolve todos os problemas de Macapá, mas não justifica o caos da máquina pública, o caos social, o caos urbano que nós vivemos.
Diário - Em outras palavras a Prefeitura não tem sido competente na arrecadação de impostos?
Clécio - Nem na arrecadação, nem na distribuição. Não digo nem que ela arrecade pouco, ela arrecada mal, pois sufoca poucos e deixa de cobrar de muitos. A nossa pretensão é fazer já nos primeiros dias uma reforma tributária para ampliar a base de arrecadação, ou seja, cobrar menos de mais pessoas, diluir essa cobrança. Hoje os comerciantes, donos de mercearias, de mini-boxes, de qualquer empreendimento, prestadores de serviço, escritórios, profissionais liberais pagam muito ISS e poucos pagam porque a Prefeitura não consegue estender essa arrecadação para todo mundo. O IPTU é a mesma coisa, a base de arrecadação é diminuta e cobra muito de quem paga e muita gente não paga.
Diário - Obrigado pela entrevista.
Clécio - Eu que agradeço imensamente a essa oportunidade, a essa possibilidade de debater a cidade, pois foi para isso que eu me propus quando me lancei candidato, pois sabia dos desafios que eu iria enfrentar. Propus-me a debater o meu município, a minha cidade e essa foi uma oportunidade fantástica de todos os candidatos virem aqui falar o que fizeram e falar o que pensam. Mas quero encerrar pedindo o voto de todo cidadão, de toda cidadã macapaense, dos homens e mulheres livres de nossa capital, do nosso município, para a gente fazer a mudança de verdade, acabar com esse troca-troca que ninguém aguenta mais e fazer Macapá dar a volta por cima.
Perfil do Entrevistado
O amapaense Clécio Luiz é geógrafo, especialista em Desenvolvimento Sustentável e Gestão Ambiental; é professor e vereador por Macapá por dois mandatos; aos 23 anos foi diretor do Monumento Fortaleza de São José de Macapá; aos 26 anos tornou-se secretário estadual de Educação do Amapá; foi fundador e gestor do Banco do Povo e trabalhou pela organização dos empreendedores populares; foi eleito vereador em 1994 pelo PT e depois reeleito em 1998; em 2006 disputou o Governo do Estado e agora concorre a Prefeito de Macapá, pelo PSol.
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