O Brasil tem tido excelentes iniciativas na criação de blocos comerciais, políticos e culturais. Exemplos são os casos do Mercosul, que começou com José Sarney e se consolidou com Itamar Franco, e a CPLP, também elaborada pelos dois ex-presidentes, mas tendo como grande mentor e articulador o embaixador José Aparecido de Oliveira. Ocorre que o Mercosul hoje não tem futuro e virou um fórum político. Criado para unir os países do Cone Sul num grande acordo comercial, acabou dando acesso à Venezuela, que pouco tem a oferecer e muito a pedir. E mais: o que o atual governo de Caracas gosta mesmo é de exportar sua ideologia denominada de “bolivariana”. Em relação ao comércio, a empresas e à liberdade de imprensa, a Venezuela se aproxima cada vez mais do modelo cubano. E já nos lesa ao não assumir sua parte na refinaria de Pernambuco, da qual, no papel, é sócia. A Argentina já não tem como disfarçar sua imensa crise econômica. O primeiro sintoma, grave, que não permite explicação aceitável, é o controle policial do câmbio. A repercussão é grande em país que já teve sua moeda atrelada ao dólar americano, numa sociedade que sempre gostou de viajar e hoje tem restrições para a obtenção das divisas necessárias. E, por fim, as prateleiras dos mercados estão com falta de muitos produtos essenciais para o dia a dia do cidadão. Nada importado está disponível, e, mesmo do Brasil, grande parceiro, as restrições chegam a usar o recurso material de reter caminhões nas fronteiras. A crise vai às ruas, certamente, antes do final do ano. Para piorar, a identidade com Chávez é cada vez mais evidente, com uma diferença: hoje os cofres venezuelanos já não comportam aportes, como a compra de 10 bilhões de dólares, em 2007, de papéis emitidos pelo tesouro portenho. A relação agora é do diálogo entre dois afogados. Em Caracas, muitos alimentos estão desaparecidos há meses. O empresariado já levou suas famílias para Miami. Curioso silêncio das agências e correspondentes internacionais. A CPLP deveria ser um forte instrumento político para o Brasil, uma vez que os países de língua portuguesa representam quase dez votos na ONU. E a crise em Portugal poderia representar uma oportunidade de presença na economia da União Europeia singular. Mas os angolanos é que estão se fazendo mais influentes na economia portuguesa, em todos os setores. E abrindo espaços em seu mercado para empresas e profissionais portugueses. As queixas dos países em relação à pouca importância que os governos FHC, Lula e Dilma relegaram à criação de José Aparecido são unânimes: o Brasil se faz presente por algumas empresas, especialmente em Angola, e pelas redes Globo e Record. As relações do Brasil com os EUA, por outro lado, não podem estar tão bem, como até recentemente, em função do alinhamento automático com a Venezuela na política regional, como no caso do Paraguai. Uma pena!!!
*Aristóteles Drummond é jornalista- aristotelesdrummond@mls.com.br
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