Nilson Borges. O Deputado Cabuçu pode ser a surpresa na disputa pela Prefeitura de Santana no próximo ano. |
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Como foi o primeiro semestre para o senhor deputado, nessa sua estreia no Congresso Nacional?
Nilson Borges – Foi um semestre de muitas emoções, pois a gente assumiu esse primeiro mandato lá na Câmara Federal com entusiasmo, pois quando a gente recebeu a votação que tivemos entendemos que realmente o eleitor de forma consciente votou no Cabuçu e que queria uma resposta, um resultado positivo. E tem até uma pesquisa na Câmara que nos coloca como um dos parlamentares mais atuantes, mas isso não nos envaidece, pois o que a gente faz é simplesmente conduzir o trabalho da melhor maneira possível, não só içando a bandeira da cultura como também de todos os vieses da sociedade moderna, da sociedade brasileira e principalmente da sociedade amapaense.
Diário – Quando o senhor foi eleito, com a expressiva votação que teve, muita gente comparou com o caso do deputado federal Tiririca, outro humorista que foi para o Congresso Nacional e surpreendeu positivamente, sendo assíduo e atuante. O senhor tem contato com ele?
Cabuçu – Quase que diariamente. O Tiririca é um parlamentar muito assíduo e é tido como um dos mais atuantes na Câmara e a gente o respeita, respeita os eleitores dele, pois teve mais de 1 milhão de votos é um cara que tem densidade eleitoral, claro. Com relação ao perfil intelectual do Tiririca a gente não entra no mérito, mas sim no mérito de sua dedicação enquanto parlamentar. Já o nosso trabalho, muito pelo contrário, além de minha formação em Economia, a gente também milita na cultura, como um dos intelectuais aqui do estado, mesmo porque também faço parte da Academia Maçônica de Letras e a gente também tem muito estudo, muito conhecimento, pois a gente está sempre lendo, sempre buscando e isso a gente quer fazer refletir na Câmara, através das nossas ações, através das nossas atitudes.
Diário – Com que tipo de ações deputado? Cite algumas.
Cabuçu – Hoje a gente vislumbra o reconhecimento como patrimônio cultural e imaterial do Brasil a Festa de São Tiago, lá em Mazagão, como também estamos trabalhando para ver se a gente também consagra a nossa dança do marabaixo como também patrimônio cultural e imaterial do Brasil.
Diário – Nessas questões relacionadas à cultura o senhor sempre se posicionou que é acima de tudo um direito do cidadão, daí defender a alocação de recursos para a cultura assim como outras áreas das políticas públicas. Sofre resistência?
Cabuçu – É verdade, a cultura só está abaixo de Deus, mas está acima da política. Então a gente tem esse entendimento e muita gente acha que a cultura é despesa, é gasto, mas o nosso entendimento é totalmente ao contrário, a cultura é um investimento e que traz dividendos não só para o país como aqui para o estado do Amapá. A cada real investido na cultura você tem um retorno de três, quatro reis em tributos. Então nós temos que entender como se alavanca uma economia ou através dos meios de produção ou você pode alavancar através da cultura, a exemplo de muitos países que recebem milhares de turistas por conta da atividade eminentemente cultural e histórica.
Diário – Por falar em Mazagão, o senhor e sua família passaram a ter uma relação mais intensa com aquele município, primeiro pelo Carnaval depois com seu irmão sendo eleito prefeito de lá, não é?
Cabuçu – Nós temos uma história muito bonita em Mazagão, iniciada com meu pai, Miguel Pinheiro Borges, que foi o maior colono que teve aqui no antigo Território Federal do Amapá na década de 1950. Ele trouxe bancado pelo próprio bolso em torno de 1.000 famílias nordestinas. Foi o maior agricultor do Norte do Brasil na época e trouxe aqui até o ministro da Agricultura para visitar Mazagão, então toda essa história agora está se congeminando com o grande trabalho que o prefeito Dilson está fazendo em Mazagão, um trabalho visto, palpável e que a comunidade já está sentindo o retorno. E é esse sentido que a gente quer dar em nosso mandato, pois somos muito voltado a essa questão da política de resultado, não adianta só falar, não adianta só reunir, você tem também que partir para a prática do resultado para que a gente possa ver e deixar para a posteridade, pois estamos aqui só num intervalo de tempo e temos que fazer com que esse período seja memorável e fique para a história.
Diário – E sobre as demais agendas do Amapá em Brasília, deputado, questões com essa tão esperada transposição dos servidores do antigo Território e dos primeiros anos do estado que poderão ser beneficiados pela MP 660, originada na PEC 111. Como está esse processo?
Cabuçu – Está na fase burocrática, né? A transposição a gente quer ver se ainda no mês de setembro a gente possa ter uma data para a gente marcar e passar a ser uma data comemorativa para que essa luta que começou a muitos anos atrás a gente possa ver concluída e o desfecho é ver todos os funcionários que fizeram essa opção nos quadros da União. E isso é muito importante para o estado e todos os que estão nessa luta para ver se identificam seu nome referendado na transposição já como servidor federal.
Diário – Nesse segundo semestre é época também de correr atrás da papelada para conseguir a efetiva liberação dos recursos alocados através de emendas parlamentares que os senhor já conseguiram reservar neste primeiro ano de mandato. O senhor também está mobilizando sua equipe em Brasília?
Cabuçu – Com certeza, estamos abertos para ver se a gente faz isso da forma mais racional possível, inclusive estou vendo se coloco recursos formidáveis para a nossa cultura. Eu só quero ter certeza de que realmente a gente vai conseguir executar esses recursos, porque o Ministério da Cultura ele admite que não tem equipe suficiente, mas a gente está persistindo e perseguindo essa meta, além de outros assuntos que permeiam o Governo do Estado. A gente está numa sintonia muito grande com o governador Waldez e a gente quer participar do seu governo colaborando desta forma, ele dizendo “Cabuçu, o mais importante para o estado, aonde nós temos os nossos gargalos, são nessas situações”, aí eu acredito que assim também vão as prioridades das emendas parlamentares.
Diário – Para terminar deputado, a pergunta que não quer calar nos bastidores da política nestes últimos dias é sobre a especulação em torno de uma eventual pré-candidatura do senhor para disputar a Prefeitura de Santana no próximo ano. O que tem de verdade sobre isso e que já possa anunciar?
Cabuçu – Olha, o pessoal né? As grandes lideranças políticas de Santana, muitas têm se manifestado sobre essa questão de ser uma opção para o município de Santana. A gente está avaliando, mesmo porque a gente entende que pode colaborar sim. Disposição, inteligência, enfim, nós temos. E a gente tem que colocar isso bem claro porque Santana passa por uma situação crítica, difícil e o próximo prefeito de Santana tem que ter lucidez, tem que ter tranquilidade, tem que ter responsabilidade, porque o município de Santana é onde está o porto, a entrada e saída de riquezas do estado e onde a gente tem que vislumbrar um futuro promissor para aquele município. E a gente pelo fato de ser político se coloca à disposição, mas isso o partido é quem vai decidir. A gente ainda vai reunir com as lideranças, ver se existe realmente um compromisso, um pacto por Santana, porque esse pacto tem que trazer uma condição de governabilidade para aquele município. E a gente está aí...
Diário – Obrigado pela entrevista.
Cabuçu – Eu que agradeço, estamos à disposição. E vamos pra frente!
PERFIL
Entrevistado. O amapaense Luiz Gionilson Pinheiro Borges, o Nilson Borges, tem 51 anos de idade, é casado e pai de três filhos. Formado em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1985, foi eleito um dos oito deputados federais do Amapá com mais de 18 mil votos, sendo o terceiro mais votado. Decidiu ser humorista criando o personagem Vardico, da dupla Os Cabuçus. A parceria só acabou a morte de Pádua Borges, o Lurdico, ocorrida exatamente no início da campanha eleitoral do ano passado. Coincidentemente o parceiro deixou gravado dois dias antes de morrer a música que embalaria a corrida pelo voto, mesmo em meio à comoção que o falecimento prematuro do artista provocou na família e nos fãs.