O deputado federal Nilson Borges (PMDB-AP) adotou como nome parlamentar o apelido da dupla que formava com seu primo Antônio de Pádua, que ajudou a imortalizar a dupla Os Cabuçus. Mas o lado cômico do artista ficará no rádio e nos palcos onde ele planeja retomar ao lado do substituto de Lurdico. De agora em diante, em Brasília, será chamado de Cabuçu Borges e que já chega à capital fazendo parte da maior bancada e sendo aliado de primeira hora do novo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Em entrevista ao programa Conexão Brasília, Borges falou de como está conciliando a agenda de humorista, carnavalesco e político, e também sobre o processo de impeachment da presidente Dilma, dado como em curso na capital política do país. Acompanha e seguir.
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Como é que o senhor administra essa agenda tripla de político, humorista e dirigente de escola de samba?
Nilson Borges – Eu ainda estou presidente da Embaixada do Samba Cidade de Macapá, um pouco afastado, pois a gente tem que conciliar também os pleitos, o atendimento das pessoas que porventura queiram falar com a gente, como as entidades de classe. Na semana passada estivemos fazendo uma visita à Reitoria da Unifap, com a reitora Eliane Superti, quando nos prontificamos a colaborar com a Universidade, enfim, tem toda uma agenda que a gente vai conduzindo.
Diário – O senhor adotou como nome parlamentar Cabuçu Borges, afinal foi com esse personagem e o trabalho no rádio que ganhou mais notoriedade. E outro dia falava que o comediante vai a Brasília apenas no nome, lá vai encarar com toda a seriedade não é?
Nilson – É verdade! Uma coisa é o Cabuçu, o nosso Cabuçu, da rádio, do teatro, não é verdade? Outra coisa é o Cabuçu técnico, o político, ali representando o nosso estado. Sou economista, me formei em 1985, portanto esse ano faço 30 anos de formado. Já estive e vários países, quer dizer, tenho uma noção de mundo, tenho uma noção de Deus, de existência e a gente tira um dia da semana para fazer muita filosofia, sou um pesquisador também, leio muito, um cabedal de conhecimento que tenho certeza vai ajudar a desempenhar da melhor forma possível um papel lá no Congresso.
Diário – Da melhor forma possível, é isso?
Nilson – Sim, com toda responsabilidade. Não quer dizer que o humor seja irresponsável, mas as vezes a pessoa torna aquilo que você pratica no dia-a-dia como algo inerente à sua vida. Isso é a parte artística. Lá é a parte técnica que a gente vai desempenhar lá no Congresso com inteligência, com dedicação e com amor, que é o principal, pois ali são 513 deputados e você é mais um no contexto. E para você estabelecer uma diferença no seu trabalho você tem que encarar até de forma bem humorada, mas no plenário a seriedade impera.
Diário – O senhor acabou estreando com o pé direito ao escolher seu candidato a presidente da Câmara, já que apoiou Eduardo Cunha, não foi?
Nilson – É verdade. Quando a gente chegou lá ele teve o cuidado, já que era então o líder da nossa bancada do PMDB, de mandar chamar os novos parlamentares para uma reunião de bancada mesmo antes de termos assumido o mandato. Isso serviu para ajudar em nossa preparação para quando assumíssemos o mandato não chegarmos um pouco perdidos sobre o que iríamos fazer no mandato. Além disso, Eduardo Cunha é um grande líder e foi eleito em primeiro turno como presidente da Câmara, porque tem preparo, tem postura, o que conquistou 100% da bancada no apoio à sua candidatura. Hoje ele tem o respeito do governo e também da oposição.
Diário – Ele venceu pregando o discurso da independência do Congresso Nacional.
Nilson – Sim, isso vem desde o Eduardo Alves quando presidiu a Câmara na Legislatura passada, tanto que tivemos a aprovação do Orçamento Impositivo e com ele as emendas parlamentares. Não sei se o governo vai adotar alguma medida para tentar barrar, mas é uma conquista do Congresso. É lei.
Diário – Por ser artista, naturalmente o senhor se torna um representante da cultura, que gostaria muito de ver resolvidas questões como a Escola de Música Valquíria Lima e a de Artes Cândido Portinari. O que dizer para esse segmento?
Nilson – Olha, isso passa pela questão das emendas parlamentares, então o governo do estado e as prefeituras têm que estar preparados para apresentar os projetos e assim conseguir carrear esses recursos. Nós temos R$ 10 milhões para alocar para o estado. Na verdade só teríamos direito de colocar emendas no ano que vem, mas o Eduardo Cunha e o Renan Calheiros fizeram uma reunião e conseguiram incluir esses R$ 10 milhões para cada novo parlamentar. Desse montante, R$ 5 milhões obrigatoriamente é para a saúde, que é muito importante. Dos outros R$ 5 milhões já comprometemos R$ 1 milhão para a Universidade Federal do Amapá, para a instalação do Polo de Ciências Agrárias, que vai funcionar no município de Mazagão, onde já existe o curso de Biologia. Outros membros da bancada deverão colocar recursos para Oiapoque, onde também tem um polo da Unifap. Mas sobre sua pergunta, já agendamos uma reunião com o governador para tratarmos das emendas para o estado, especialmente a Cultura, com as escolas de música e de arte, de grande importância para os talentos a serem descobertos e o que fizeram com elas foi um desrespeito com a cultura e com a arte.
Diário – Existe muito critério para a liberação desses recursos não é mesmo?
Nilson – Sim, como por exemplo alocar recursos para evento é muito complicado de liberar. É mais indicado alocar para infraestrutura, recuperação de patrimônio ou mesmo equipar. Nós temos um teatro em Santana, que é do município, mas que está pronta só a caixa, que já precisa de reforma.
Diário – O senhor sempre que pode faz o programa de rádio que deu fama à dupla que formava com o saudoso Antônio de Pádua. E muita gente ficou impressionada com a semelhança na voz do seu atual parceiro, como é o nome dele? É parente do Pádua?
Nilson – É o Sidico, que é irmão do Pádua, legítimo. É por isso que tem um timbre de voz parecido... Mas é um artista muito talentoso o Natanael, muito inteligente e que vai estar com a gente ombreado para fazer a alegria do nosso povo. Aliás, era uma coisa que o Pádua mais me pedia, apesar que eu achava que iria primeiro... [risos]
Diário – Pedia o que?
Nilson – Que não deixasse o trabalho morrer. Nós só vivemos um intervalo de tempo aqui, não tem jeito, ninguém é eterno sob o ponto de vista físico. A gente vive aqui no mundo do relativo, mas um dia vamos partir.
Diário – E desse projeto político, ele era um entusiasta de sua candidatura?
Nilson – Foi ele que praticamente nos conduziu a essa candidatura e com a vontade popular assumimos esse mandato.
Diário – E curiosamente ainda deu tempo do Pádua produzir aquele jingle que embalou sua campanha, não é?
Nilson – Dois dias antes dele partir ele preparou aquela música. Pensei até em desistir da candidatura, mas a esposa dele disse que era o que ele mais queria e esse jingle foi um presente que ele me deixou. Aliás, há sempre os maldosos, que a gente até perdoa, dizendo que eu poderia desejar tirar dividendos com aquela tragédia, afinal a comoção é até natural, mas digo que se ele estivesse vivo eu teria sido muito mais votado.
Diário – E sobre essa história do impeachment da presidente Dilma. O que o senhor está sentindo nos ares de Brasília?
Nilson – Eu vejo com muita cautela, pois seria um prejuízo muito grande para a Nação. Eu sei que não está fácil, o Petrolão é só a ponta do iceberg, ainda tem outras situações aí que são complicadas, como o Minha Casa Minha Vida, assim como a questão do BNDES. Então a presidente Dilma Rousseff tem que se explicar melhor, mas temos que proteger a instituição Brasil. Não sei se o país está preparado para mais um impeachment de um Presidente da República. Ou a gente consolida de uma forma responsável a nossa democracia ou vamos continuar vendendo uma imagem negativa para o exterior, o que é lamentável.
Nilson Borges – Eu ainda estou presidente da Embaixada do Samba Cidade de Macapá, um pouco afastado, pois a gente tem que conciliar também os pleitos, o atendimento das pessoas que porventura queiram falar com a gente, como as entidades de classe. Na semana passada estivemos fazendo uma visita à Reitoria da Unifap, com a reitora Eliane Superti, quando nos prontificamos a colaborar com a Universidade, enfim, tem toda uma agenda que a gente vai conduzindo.
Diário – O senhor adotou como nome parlamentar Cabuçu Borges, afinal foi com esse personagem e o trabalho no rádio que ganhou mais notoriedade. E outro dia falava que o comediante vai a Brasília apenas no nome, lá vai encarar com toda a seriedade não é?
Nilson – É verdade! Uma coisa é o Cabuçu, o nosso Cabuçu, da rádio, do teatro, não é verdade? Outra coisa é o Cabuçu técnico, o político, ali representando o nosso estado. Sou economista, me formei em 1985, portanto esse ano faço 30 anos de formado. Já estive e vários países, quer dizer, tenho uma noção de mundo, tenho uma noção de Deus, de existência e a gente tira um dia da semana para fazer muita filosofia, sou um pesquisador também, leio muito, um cabedal de conhecimento que tenho certeza vai ajudar a desempenhar da melhor forma possível um papel lá no Congresso.
Diário – Da melhor forma possível, é isso?
Nilson – Sim, com toda responsabilidade. Não quer dizer que o humor seja irresponsável, mas as vezes a pessoa torna aquilo que você pratica no dia-a-dia como algo inerente à sua vida. Isso é a parte artística. Lá é a parte técnica que a gente vai desempenhar lá no Congresso com inteligência, com dedicação e com amor, que é o principal, pois ali são 513 deputados e você é mais um no contexto. E para você estabelecer uma diferença no seu trabalho você tem que encarar até de forma bem humorada, mas no plenário a seriedade impera.
Diário – O senhor acabou estreando com o pé direito ao escolher seu candidato a presidente da Câmara, já que apoiou Eduardo Cunha, não foi?
Nilson – É verdade. Quando a gente chegou lá ele teve o cuidado, já que era então o líder da nossa bancada do PMDB, de mandar chamar os novos parlamentares para uma reunião de bancada mesmo antes de termos assumido o mandato. Isso serviu para ajudar em nossa preparação para quando assumíssemos o mandato não chegarmos um pouco perdidos sobre o que iríamos fazer no mandato. Além disso, Eduardo Cunha é um grande líder e foi eleito em primeiro turno como presidente da Câmara, porque tem preparo, tem postura, o que conquistou 100% da bancada no apoio à sua candidatura. Hoje ele tem o respeito do governo e também da oposição.
Diário – Ele venceu pregando o discurso da independência do Congresso Nacional.
Nilson – Sim, isso vem desde o Eduardo Alves quando presidiu a Câmara na Legislatura passada, tanto que tivemos a aprovação do Orçamento Impositivo e com ele as emendas parlamentares. Não sei se o governo vai adotar alguma medida para tentar barrar, mas é uma conquista do Congresso. É lei.
Diário – Por ser artista, naturalmente o senhor se torna um representante da cultura, que gostaria muito de ver resolvidas questões como a Escola de Música Valquíria Lima e a de Artes Cândido Portinari. O que dizer para esse segmento?
Nilson – Olha, isso passa pela questão das emendas parlamentares, então o governo do estado e as prefeituras têm que estar preparados para apresentar os projetos e assim conseguir carrear esses recursos. Nós temos R$ 10 milhões para alocar para o estado. Na verdade só teríamos direito de colocar emendas no ano que vem, mas o Eduardo Cunha e o Renan Calheiros fizeram uma reunião e conseguiram incluir esses R$ 10 milhões para cada novo parlamentar. Desse montante, R$ 5 milhões obrigatoriamente é para a saúde, que é muito importante. Dos outros R$ 5 milhões já comprometemos R$ 1 milhão para a Universidade Federal do Amapá, para a instalação do Polo de Ciências Agrárias, que vai funcionar no município de Mazagão, onde já existe o curso de Biologia. Outros membros da bancada deverão colocar recursos para Oiapoque, onde também tem um polo da Unifap. Mas sobre sua pergunta, já agendamos uma reunião com o governador para tratarmos das emendas para o estado, especialmente a Cultura, com as escolas de música e de arte, de grande importância para os talentos a serem descobertos e o que fizeram com elas foi um desrespeito com a cultura e com a arte.
Diário – Existe muito critério para a liberação desses recursos não é mesmo?
Nilson – Sim, como por exemplo alocar recursos para evento é muito complicado de liberar. É mais indicado alocar para infraestrutura, recuperação de patrimônio ou mesmo equipar. Nós temos um teatro em Santana, que é do município, mas que está pronta só a caixa, que já precisa de reforma.
Diário – O senhor sempre que pode faz o programa de rádio que deu fama à dupla que formava com o saudoso Antônio de Pádua. E muita gente ficou impressionada com a semelhança na voz do seu atual parceiro, como é o nome dele? É parente do Pádua?
Nilson – É o Sidico, que é irmão do Pádua, legítimo. É por isso que tem um timbre de voz parecido... Mas é um artista muito talentoso o Natanael, muito inteligente e que vai estar com a gente ombreado para fazer a alegria do nosso povo. Aliás, era uma coisa que o Pádua mais me pedia, apesar que eu achava que iria primeiro... [risos]
Diário – Pedia o que?
Nilson – Que não deixasse o trabalho morrer. Nós só vivemos um intervalo de tempo aqui, não tem jeito, ninguém é eterno sob o ponto de vista físico. A gente vive aqui no mundo do relativo, mas um dia vamos partir.
Diário – E desse projeto político, ele era um entusiasta de sua candidatura?
Nilson – Foi ele que praticamente nos conduziu a essa candidatura e com a vontade popular assumimos esse mandato.
Diário – E curiosamente ainda deu tempo do Pádua produzir aquele jingle que embalou sua campanha, não é?
Nilson – Dois dias antes dele partir ele preparou aquela música. Pensei até em desistir da candidatura, mas a esposa dele disse que era o que ele mais queria e esse jingle foi um presente que ele me deixou. Aliás, há sempre os maldosos, que a gente até perdoa, dizendo que eu poderia desejar tirar dividendos com aquela tragédia, afinal a comoção é até natural, mas digo que se ele estivesse vivo eu teria sido muito mais votado.
Diário – E sobre essa história do impeachment da presidente Dilma. O que o senhor está sentindo nos ares de Brasília?
Nilson – Eu vejo com muita cautela, pois seria um prejuízo muito grande para a Nação. Eu sei que não está fácil, o Petrolão é só a ponta do iceberg, ainda tem outras situações aí que são complicadas, como o Minha Casa Minha Vida, assim como a questão do BNDES. Então a presidente Dilma Rousseff tem que se explicar melhor, mas temos que proteger a instituição Brasil. Não sei se o país está preparado para mais um impeachment de um Presidente da República. Ou a gente consolida de uma forma responsável a nossa democracia ou vamos continuar vendendo uma imagem negativa para o exterior, o que é lamentável.
Perfil...
Entrevistado. O amapaense Luiz Gionilson Pinheiro Borges, o Nilson Borges, tem 50 anos de idade, é casado e pai de três filhos. Formado em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1985, foi eleito um dos oito deputados federais do Amapá com mais de 18 mil votos, sendo o terceiro mais votado. Decidiu ser humorista criando o personagem Vardico, da dupla Os Cabuçus. A parceria só acabou a morte de Pádua Borges, o Lurdico, ocorrida exatamente no início da campanha eleitoral do ano passado. Coincidentemente o parceiro deixou gravado dois dias antes de morrer a música que embalaria a corrida pelo voto, mesmo em meio à comoção que o falecimento prematuro do artista provocou na família e nos fãs.
Entrevistado. O amapaense Luiz Gionilson Pinheiro Borges, o Nilson Borges, tem 50 anos de idade, é casado e pai de três filhos. Formado em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1985, foi eleito um dos oito deputados federais do Amapá com mais de 18 mil votos, sendo o terceiro mais votado. Decidiu ser humorista criando o personagem Vardico, da dupla Os Cabuçus. A parceria só acabou a morte de Pádua Borges, o Lurdico, ocorrida exatamente no início da campanha eleitoral do ano passado. Coincidentemente o parceiro deixou gravado dois dias antes de morrer a música que embalaria a corrida pelo voto, mesmo em meio à comoção que o falecimento prematuro do artista provocou na família e nos fãs.
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