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sábado, 19 de setembro de 2015

“A missão da Marinha na foz do Amazonas começou com os portugueses”

Um militar de fala mansa e muito sereno acaba de assumir o Comando do 4º Distrito Naval, cuja jurisdição é a região da Amazônia Oriental, desde o Piauí até o Pará, portanto tendo como área de abrangência o mar territorial do Amapá, seus principais rios e afluentes. Ele esteve visitando o estado na semana que passou, ocasião em que falou com exclusividade ao jornalista Cleber Barbosa, para o programa Conexão Brasília, da Diário FM. Falou didaticamente da missão da Marinha para essa extensa área de atuação, seja do lado administrativo, com a Capitania dos Portos, seja do lado operacional, com os navios patrulha que estão lotados na Base Naval de Belém e que a qualquer tempo são deslocados para o Amapá. Os principais trechos da conversa o jornal Diário do Amapá publica a seguir. 

Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – O senhor acaba de assumir o Comando do 4º Distrito Naval, e nessa primeira visita à Guarnição Militar do Amapá, como encontrou a representatividade da Marinha do Brasil por aqui, almirante?
Alípio Jorge – Efetivamente essa foi uma excelente oportunidade de poder participar com o general Ferreira da entrega do diploma de cidadão honorário do estado do Amapá. Ao mesmo tempo, como primeira visita oficial ao estado no comando do 4º Distrito Naval, poder visitar o governador, o prefeito de Santana, a Companhia Docas e fazer a visita de inspeção na nossa Capitania Fluvial do Amapá, o que foi muito importante para mim nesse momento. Estar aqui, conversando com todos para ter o sentimento do governo e das pessoas sobre a participação da Marinha nessas atividades do estado e do município.

Diário – A população do estado vem acompanhando ao longo dos anos o crescimento da presença da Marinha no estado, desde a Delegacia até a criação da Capitania dos Portos, então a pergunta é sobre o olhar do Alto Comando para esta região da Foz do Amazonas?
Alípio – A missão da Marinha na foz do Amazonas na verdade começou até com os portugueses... [risos] E a Marinha do Brasil tem procurado dar prioridade e importância. Paulatinamente, tem procurado incrementar as atividades da Capitania aqui. E diferente até de outras regiões do Brasil, aqui na região da Foz do Rio Amazonas as atividades da Marinha do Brasil podem ser vistas. O navio quando se afasta do litoral a população não vê mais, mesmo que ele fique um mês operando. E aqui as atividades são mais voltadas para a parte da inspeção naval, a parte da formação das pessoas que trabalham no rio, a conscientização da segurança da navegação, enfim, tudo isso é muito importante e essas atividades nós procuramos incrementar cada vez mais.

Diário – A Marinha do Brasil aqui no Amapá faz um trabalho mais administrativo então, portanto a parte mais operacional se concentra em Belém, no seu distrito Almirante?
Alípio – Isso. A Marinha, diferente do Exército, por exemplo, ela não deve estar na cena de ação parada. Ela deve estar na área de interesse em movimento, então nós temos uma característica que é a mobilidade, ou seja, poder chegar rapidamente a qualquer local, e o que nós chamamos de permanência. Então a Marinha sai com seus navios, vai para uma área e permanece numa área muito tempo. Então o fato da Base ser em Belém, e é uma posição já antiga lá, isso não quer dizer que na parte operativa a prioridade seja o estado do Pará, ele não é. O nosso Distrito prioriza as operações no mar do Piauí ao Amapá e prioriza nos rios os estados do Pará e do Amapá principalmente.

Diário – Já que o senhor está explicando essas diferenças entre a Força Terrestre através do Exército e a Força Naval, que é a Marinha do Brasil o que é possível falar em relação à instalação de uma Brigada do Exército no Amapá. A exemplo do Exército a Marinha também poderá aumentar seu efetivo por aqui?
Alípio – Não o fato do Exército estar aumentando a sua participação, mas o fato da Marinha continuar fazendo estudos sobre aonde ela se faz mais necessária. Então temos estudos, temos estudos no estado do Amapá, mas ainda sem nenhuma definição sobre aonde nós podemos ter alguma organização a mais. Mas eu repito, o mais importante não é ter uma organização, o mais importante é ter os militares da Marinha e as embarcações, navios e lanchas, apoiando e participando das atividades marítimas.

Diário – Particularmente o que poderá ser uma marca de seu comando à frente do 4º Distrito Naval, o que o senhor vislumbra como política de gestão para esses próximos dois anos e que pode adiantar para gente?
Alípio – Eu não quero dizer que eu tenho uma meta, um objetivo principal pessoal. O que eu vou procurar é observar o que é mais importante para as regiões, pois entendo que mais importante do que atender um propósito meu é procurar apoiar os objetivos das regiões, então vou buscar o desempenho das atribuições das atividades da Marinha apoiar o desenvolvimento econômico e social através das nossas atividades. O mais importante é o que é necessário para cada região e como a Marinha pode, desempenhando as suas atividades, contribuir para isso.

Diário – Para fechar Almirante, qual mensagem o senhor poderia deixar para aquelas pessoas que diariamente utilizam aquilo que se chama de estradas dos ribeirinhos, que são os nossos rios infindáveis da região amazônica, na área que a Marinha do Brasil tem essa jurisdição bem grande aliás. Um ‘aviso aos marinheiros’, como se diz no jargão naval?
Alípio – O mais importante é a vida humana. Então que cada um que use os rios tenha a preocupação de buscar a habilitação necessária para usar o rio, navegar com suas embarcações com segurança e contribuindo não só com as suas atividades, mas contribuindo com sua própria segurança. A vida humana é a parte mais importante, repito.

Diário – Muito obrigado pela entrevista Almirante.
Alípio – Eu que agradeço, contem sempre com a Marinha do Brasil.

Perfil...

Entrevistado. O vice-almirante Alipio Jorge Rodrigues da Silva é natural do Rio de Janeiro. Foi declarado guarda marinha em 13 de dezembro de 1980. Entre seus principais cargos ou Comissões, o Navio-Escola “Custódio de Mello”; Fragata “União”; Navio de Desembar- que-Doca “Ceará”; Imediato da Estação Rádio da Marinha em Brasília; Comandante do Navio-Patrulha Fluvial “Raposo Tavares”; do Navio- Escola “Brasil”; do Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão; Chefe do Estado-Maior da Esquadra; Coordenador da Manutenção de Meios da Diretoria-Geral do Material da Marinha; e Diretor de Comunica-ções e Tecnologia da Informação da Marinha. Antes de assumir o 4º Distrito Naval, em Belém, era Diretor de Sistemas de Armas da Marinha.

“Não dá para perder tempo com picuinhas, com desavenças políticas”

Sarney foi o personagem da semana no Amapá, por toda a mobilização da classe política local em torno de uma das mais respeitadas biografias da República. Ex deputado, ex senador e ex presidente do país, ele demonstra que não precisa de mandato para colocar seu prestígio a serviço do Brasil e do estado que o acolheu depois que deixou o cargo mais importante da Nação. Foram 24 anos consecutivos de representatividade no Congresso Nacional. Sarney passou três intensos dias de agenda oficial no estado, para testemunhar a consolidação de projetos concebidos ainda como senador do Amapá, como pontes, aeroportos, portos, energia. Ele recebeu o Diário do Amapá para avaliar essa nova fase de sua vida, ocasião em que voltou a pregar a paz entre a classe política local, além do indefectível otimismo em relação ao estado.

Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – Então, presidente, como foi essa volta ao Amapá depois de um bom período em que ficou só em Brasília?
José Sarney – Pois é, eu havia dito que um dos motivos para deixar de concorrer à reeleição era também para cuidar mais de minha esposa Marly, que estava realmente precisando de minha atenção. Não sou médico, como todos sabem, mas o fato é que houve muito progresso no tratamento dela que deixou a cadeira de rodas e hoje está caminhando, graças a Deus. Ela até bateu perna no comércio de Macapá estes dias... [risos] Mas voltar aqui é sempre uma oportunidade para matar as saudades. O Amapá é uma saudade que não passa!

Diário – E na sua chegada o que se viu foi uma grande mobilização da classe política local no aeroporto, como foi para o senhor receber essa manifestação?
Sarney – São essas coisas que nos dão a certeza de que acertamos muito mais do que erramos nesta missão de representar o Amapá no Senado. Desde que aqui cheguei, sempre recebi o carinho dos amapaenses e dos inúmeros brasileiros, como eu, que para cá vieram com o propósito de trabalhar, ajudar o estado. Foram anos maravilhosos, intensos, mesmo, de muito trabalho e dedicação às coisas do Amapá, fato que aliás ainda continuamos fazendo mesmo sem mandato de senador.

Diário – Como assim, presidente?
Sarney – Sim, pois tive que abrir um escritório lá em Brasília para receber melhor as inúmeras pessoas que continuam a nos procurar, sejam políticos, lideranças, representantes de categorias de servidores públicos e autoridades como o governador do estado, os prefeitos, enfim, as mesmas pessoas que sempre estavam conosco, lá no Senado, levando algum tipo de demanda daqui pra ser resolvida lá. 

Diário – E como o senhor consegue resolver essas coisas?
Sarney – Olha, hoje eu não tenho o mandato, o voto, o discurso, mas tem uma coisa que vale muito na vida pública, que é o prestígio, o respeito, pelos anos que dediquei à política e também pela postura que sempre adotei de retidão e hombridade. Além do mais, todo pedido que faço em nome do povo amapaense é no sentido de reparar os muitos anos em que os governos poderiam dedicar mais atenção a estados do Norte, para a região amazônica como um todo. Tenho um bom relacionamento com a presidente Dilma, e sempre que a situação exige, recorro a ela ou a algum de seus ministros para tratarmos de algum projeto de interesse do estado. 

Diário – Foi assim com essa questão da obra do aeroporto de Macapá, que teve os trabalhos retomados num evento que contou com sua presença?
Sarney – Sim, exatamente. Eu sempre defendi as obras de infra-estrutura, como portos, aeroportos, hidrelétricas, pontes, que são obras difíceis de se conseguir. Dão muito trabalho, mas quando ficam prontas projetam o estado para o futuro. Com o aeroporto, também foi assim. Tive a felicidade de receber do então presidente Lula a informação de que essa seria a primeira obra liberada por seu governo em 2004. Depois, infelizmente, uma das empresas do consórcio responsável pela construção teve problemas, acabou quebrando e prejudicando outra até que o Tribunal de Contas da União interveio e a obra acabou paralisada. Mas, como se vê, falta pouca coisa para se entregar o novo aeroporto, que terá uma capacidade anual na ordem de 5 milhões de passageiros, ou seja, atenderá à necessidade do estado para os próximos 20 anos.

Diário – O senhor sempre está olhando para o futuro, não é?
Sarney – Sim. Gosto muito de uma frase de Winston Churchill, que ao responder sobre a diferença de um estadista para um demagogo, disse que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações. Sempre persegui esse ideal, ou seja, de olhar para o futuro e projetá-lo através de obras que preparem a sociedade para as demandas que virão. Desde que para cá me mudei, sempre procurei ser útil, olhando para as necessidades do momento e pensando em soluções mais à frente, para quando a população aumentasse. Aqui o primeiro problema era a energia elétrica, pois os motores eram desligados à certa hora da noite. Havia racionamento. Então consegui os motores maiores, que vieram de Camaçari, na Bahia. Depois pensei em um grande projeto econômico, quando então conseguimos trazer os incentivos da Área de Livre Comércio para Macapá e Santana, uma conquista importante e que vem garantindo a sobrevivência do estado, até hoje. E foi sempre assim, planejando, pensando soluções.

Diário – O comércio é a maior vocação, o senhor diria?
Sarney – Sempre foi, mas não queríamos parar por aí, por isso continuamos os esforços no setor elétrico, aumentando a capacidade de produção da usina Coaracy Nunes e depois de um estudo sobre o potencial hidrelétrico do Araguari, conseguimos outras usinas, como a de Ferreira Gomes e a de Caldeirão, além da de Santo Antônio, no rio Jari. Aí veio a interligação com o Sistema Elétrico Nacional, por meio do Linhão do Tucuruí, o que está possibilitando que o Amapá hoje possa até exportar energia. Mais que isso, essa autossuficiência em energia possibilita agora o incremento da indústria, que terá cenários favoráveis com a implantação da Zona Franca Verde e também da Zona de Processamento de Exportação, outros projetos que desenvolvemos, enquanto senador, com a ajuda das autoridades de Brasília e também de nossos colegas de bancada federal que sempre estiveram ao nosso lado.

Diário – Muito interessante o senhor dividir os louros dessas vitórias com seus ex colegas congressistas.
Sarney – Ah, não poderia ser diferente. Sou pelo diálogo, pela conciliação. O Amapá é um estado pequeno, que tem tudo para crescer e se tornar um dos mais importantes da nossa região, então não dá pra perder tempo com picuinhas, com desavenças políticas. O povo não tem nada a ver com a briga dos políticos. Precisamos deixar a política partidária para a época das eleições e unir esforços em prol do desenvolvimento do estado, garantindo a governabilidade e buscando alternativas econômicas.

Diário – Além do aeroporto, que teve as obras destravadas, como o senhor está sentindo o Amapá nestes tempos difíceis na economia e na política do país?
Sarney – Fiquei muito feliz com o convite do governador Waldez para estar aqui nestes dias, no lançamento de obras importantes que tiveram minha modesta contribuição, como do próprio aeroporto, a ponte, estradas e implantação de equipamentos urbanísticos como na pequena e histórica Mazagão. As nossas estradas terão sua pavimentação concluída em breve, e a notícia de que o impasse sobre a ponte do rio Jari também está sendo resolvido, possibilita a quebra de barreiras históricas, como o isolamento do restante do país e do próprio continente, pois também estamos resolvendo os últimos entraves na fronteira da Guiana Francesa para entregar a ponte binacional. 

Diário – Obrigado pela entrevista, presidente.
Sarney – Eu que agradeço e dirijo especial mensagem aos amapaenses no sentido de continuarem confiantes no futuro deste estado, de gente ordeira e trabalhadeira, pelo qual tenho profundo agradecimento pela forma com que fui acolhido e para onde continuarei dedicando especial atenção, sempre.

Perfil...

Entrevistado. José de Ribamar Sarney Costa tem 85 anos, é advogado, jornalista e escritor. Começou a vida política ainda estudante do Colégio Liceu, em São Luís (MA), tendo depois chegado a suplente de deputado federal, até vencer uma eleição para a Câmara Federal e depois se elegeu governador do Maranhão e após senador. Nos anos 1980 se engajou na campanha pelas eleições diretas e pouco depois compôs como vice a chapa vitoriosa deTancredo Neves, que faleceu antes da posse. Sarney assumiu as rédeas do país e conduziu o período da redemocratização, da Constituinte e da volta das eleições diretas para Presidente. Depois foi eleito senador pelo Amapá por três mandatos, constituindo-se um dos mais importantes políticos da história do estado.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

“Apesar das dificuldades econômicas temos um horizonte bom para o Amapá”.

Ele é o mais experiente membro da diretoria do Sebrae no Amapá, alguém que fala com segurança e otimismo sobre as possibilidades do estado conseguir se firmar no cenário econômico regional. Também com bom trânsito no meio político, João Carlos Alvarenga acabou se tornando uma espécie de embaixador dos grandes e pequenos empreendedores, tanto que chegou a ser apelidado “Senhor Lei Legal”, por sua determinação em disseminar pelos municípios a aprovação da nova legislação que trata de forma especial os pequenos e micro empreendedores, inclusive mudando o eixo das compras governamentais. Alvarenga esteve ontem no programa Conexão Brasília, na Diário FM, ocasião em que detalhou a estratégia de enfrentamento da crise e da grande vitrine que deverá se transformar a 51ª Expofeira do Amapá.

Cleber Barbosa
Da Redação

Diário do Amapá – A forma candente com que o senhor defende a legislação de incentivo às micro e pequenas empresas já lhe valeu o apelido de “Senhor lei geral”. Como é isso?
João Alvarenga – Com certeza... [risos] A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas veio para ficar, pois é uma das melhores legislações, um dos melhores instrumentos, o melhor marco regulatório hoje para os pequenos negócios. Falta um pouco mais de divulgação, falta um pouco mais de entendimento inclusive por parte do próprio empresário em conhecer a lei, conhecer seus direitos e os nossos gestores em aplica-la.

Diário – É por isso que o senhor tanto se esforça para propagar as vantagens dela?
Alvarenga – Sim, é um trabalho de formiguinha que nós fazemos em todos os municípios, num primeiro momento na implantação dela e agora é a implementação que a gente vem fazendo, criando a sala dos microempreendedores nos municípios, forçando, incentivando, mostrando a importância das compras governamentais, dos nossos prefeitos, dos nossos gestores comprarem localmente, para incentivar e oportunizar as empresas a participar desse mercado público que para nós é muito importante.

Diário – Por falar em incentivo esta semana acontece um evento importante para esse segmento, com a vinda de palestrantes de renome a Macapá. Qual é a proposta do evento?
Alvarenga – Sim, nós sabemos que o momento econômico é complicado, é muito difícil, uma situação quase que ímpar em nossa economia e a gente precisa mostrar o quanto é importante hoje um pequeno negócio, uma pequena empresa, um empreendedor individual. O Sebrae a nível nacional está fazendo uma campanha de mostrar à população quanto comprar do pequeno é importante, o quanto comprar do pequeno você desenvolve a economia, gera emprego, o quanto você gera riqueza. Vamos começar essa semana, a partir de quarta-feira às 17 horas promovendo uma evento lá no Sebrae com renomados palestrantes como Carlos Júlio, que vai falar da fidelização do cliente, além do João Kleper, que vai falar sobre como você lucrar com inovação.

Diário – Bem apropriado para o momento mesmo.
Alvarenga – É, esse é o primeiro passo de um trabalho que vai culminar no dia 5 de outubro no Dia da Microempresa.

Diário – É uma estratégia mesmo, tanto que o tema deste evento é “Movimento compre do pequeno negócio”. O objetivo é a valorização desse segmento?
Alvarenga – Com certeza, demonstrar para os nossos empresários, pois muitas vezes há queixas e não a busca de soluções. As pessoas preferem muitas vezes colocar a culpa nos outros do que resolver os seus problemas. Às vezes você tem um estoque, está tudo parado, não gira a mercadoria, ficou muito tempo, saiu de moda, enfim, ou outra coisa, que na verdade você precisa fazer alguma coisa, reduzir preços por exemplo. Então nós vamos fazer esses eventos como as palestras e de 21 a 26 de setembro uma semana de capacitação para os empresários, para os vendedores, seus funcionários, todo mundo, e depois nas comemorações pelo Dia da Microempresa fazer um barulhão na cidade, para incentivar e homenagear esses empreendedores que são tão sacrificados e às vezes mal entendidos por alguns gestores, então é importante esse movimento a custo zero lá em nosso espaço que tem capacidade para 700, 800 pessoas quase.

Diário – Todo mundo convidado então.
Alvarenga – Sim, principalmente os empresários, suas equipes, que possam ouvir esses palestrantes, pois queremos com isso capacitar, ensinar esses empresários a calcular seu preço mínimo de vendas para ele poder participar do mercado, ser competitivo, pois às vezes o preço mal calculado gera prejuízo ou pode fazer com que a sua mercadoria fique empatada na prateleira, então é importante ver essas coisas, saber um pouco da contabilidade da empresa.

Diário – Muito bom, uma grande sacada do Sebrae.
Alvarenga – Pois é e depois dessa programação, ainda em outubro, nos dias 2, 3 e 4 vamos fazer uma feira de produtos agrícolas lá no Sebrae, de hortaliças, enfim, vai ser um fim de semana aonde nós vamos trazer esses produtores aqui da região de Macapá, de Porto Grande, Tartarugalzinho, enfim, para mostrar que nós produzimos tudo isso e que é importante que a gente compre, porque às vezes não sabe, que muitos produtos hoje de qualidade em nossos supermercados, são produzidos aqui no Amapá.

Diário – Antigamente muitos queriam seguir carreira militar, ou concurso para o Banco do Brasil. Depois veio a febre de abrir um próprio negócio. E agora com os pequenos negócios, com o advento da Lei Geral, questões como previdência, enfim, dá para fazer carreira como empreendedor?
Alvarenga – Sim, com certeza. Aliás, isso é até tema de uma discussão pois hoje a inadimplência do empreendedor individual é muito grande, principalmente aqui no estado, então é importante que ele esteja adimplente com as suas obrigações previdenciárias e tributárias em dias para que ele possa usufruir desses benefícios, pois quando você tem um direito, você também tem obrigações. Daí a gama de benefícios como aposentadoria, auxílio-doença, licença maternidade para as mulheres, reclusão, acidente, enfim. Hoje temos mais de 11 mil empreendedores individuais, mas com uma taxa de inadimplência muito alta.

Diário – Esta semana também foi marcada pelo lançamento da 51ª Expofeira Agropecuária que marca também uma reedição da parceria do estado com o Sebrae, que deu muito certo em edições anteriores. Como está vendo esse novo momento diretor?
Alvarenga – Nós tínhamos feito mesmo uma boa parceria entre o Governo do Estado e o Sebrae em anos anteriores da gestão do governador Waldez e estamos retomando agora. Acho que o estado precisa de alguma motivação mesmo, se movimentar, não adianta ficar parado, como o governador falou, temos que buscar alguma solução, pois quando ocorre um problema não podemos ficar parados esperando que as soluções cheguem. Vamos em frente, vamos enfrentar isso, é o que estamos fazendo, buscando um ambiente adequado para as empresas, melhorar os negócios, incentivar os empresários, incentivar os compradores a buscarem suas necessidades e a Expofeira se presta para isso.

Diário – Uma grande vitrine mesmo, não é?
Alvarenga – Pois é, não só com relação ao mercado local, para movimentar a economia, bem como ser uma vitrine sobre o que nós temos, pois vivemos um momento especial na economia, de dificuldade, mas também vivemos um momento muito especial no Amapá. O nosso horizonte é muito bom, apesar das dificuldades da economia, pois temos aí o agronegócio chegando com toda força, a nossa logística que vai atender a necessidades de outros estados, o petróleo é algo também a ser discutido, não é algo para amanhã, mas nós temos que começar a nos preparar para quando chegar. E a Expofeira vai apresentar todas essas oportunidades, onde o Sebrae, o Governo do Estado e todos os nossos empreendedores e as instituições empresariais com o mesmo pensamento, com o mesmo objetivo que é ajudar a desenvolver esse estado e melhorar a nossa economia.

Perfil...
 
Entrevistado. O administrador João Carlos Calage Alvarenga está na diretoria do Sebrae no Amapá há 14 anos. Já cumpriu seis mandatos como diretor técnico, administrativo-financeiro e superintendente. Especializado em Políticas Públicas para Micro e Pequenas Empresas, pela Universidade de Campinas, e em Desenvolvimento de Liderança do Sistema Sebrae, pela Fundação Dom Cabral. Possui curso Gestão Avançada para Executivos, Desenvolvimento de Executivos do Sistema Sebrae e APG – Programa de Gestão Avançada, pelo Instituto Amaná Key, Métodos e Instrumentos para o planejamento integrado sob a visão do desenvolvimento sustentável, pelo Instituto de Desenvolvimento Local da Universidade de Valência, na Espanha.