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sábado, 22 de dezembro de 2012

Artigo do senador e ex-presidente da República José Sarney


Meditação sobre o tempo



A liberdade tem grande poder criativo. Até mesmo os excessos o seu exercício corrige. É necessário, para entendê-la, compreender o que é o tempo. Leonardo da Vinci escreveu uma noite, em seus angustiados cadernos, que “justiça é filha do tempo”.

Um dia ouvi, em Hong Kong, em companhia do embaixador Miguel Osório, que naqueles anos (1967?) procurava desvendar o mistério do que ocorria com a Revolução Cultural na China, uma afirmativa de um velho poeta, com o sabor de sabedoria milenar, que a diferença entre o Ocidente e o Oriente era o fato de que os ocidentais não sabiam o que era o tempo.

Quando me encontrei com Deng Xiao Ping, em Pequim, ele me falou entusiasmado de seu país daqui a 100 anos, como se dissertasse sobre o dia seguinte. Descreveu-me empolgado as metas dos próximos 20 anos, como se comentasse a madrugada que viria.

Comecei então a aprender o que é tempo e a saber que é dele que se faz a vida. Muito tenho falado sobre a paciência, mas, hoje, ocorre- me defini-la como a virtude de saber esperar.

Não com o sentido de reparar injustiças ou desejo de esquecer o passado, mas de ver os fatos com o sabor de “experiência vivida”, de ser humilde ao olhar erros, de aprender, de poder emitir conceitos e de ter a consciência de que muitas vezes podemos estar errados.

Nada mais falso do que o chavão de repetir que, se tivéssemos de viver de novo, repetiríamos tudo. Muitas coisas não faríamos, outras crescentaríamos e outras nem uma coisa nem outra, simplesmente seriam ignoradas.

Afinal, a gente melhora com o passar dos anos. Perde-se em vigor, mas ganha-se em saber.

Os desenganos, as esperanças modestas, as ambições, as vaidades e as paixões têm o realismo do conhecimento do funcionamento do tempo, da vida.
Porque é bíblica e sagrada a certeza de que há tempo de semear e tempo de colher. É possível que o tempo de colher seja mais glorioso.

Mas é o tempo de semear que determina o que se vai colher.
Governei o Brasil no período mais difícil de sua história, mais cheio de cobranças políticas. Somavam-se esperanças e dificuldades.
As liberdades, represadas 20 anos, explodiam em reivindicações e gestos de intolerância.

A ânsia de mudanças atropelava os fatos. Coube-me plantar e poucas vezes colher.Há frustração maior do que plantar e não colher?

Até Cristo, quando olhou aquela videira sem frutos, que ele não plantara, lançou a maldição:”Teus galhos secarão.”

Mas é preciso ter a noção do tempo para esperar o momento da colheita. Como exemplo, recordo que semeei o exemplo de respeitar até o limite dos exageros, a liberdade de imprensa, rádio e televisão porque sempre entendi que a prática da liberdade corrige os excessos.

Não apenas nos veículos de comunicação, mas em todo o processo de circulação de informação da sociedade. As instituições se fortalecem e se consolidam. A democracia é um regime que é melhor do que os outros porque sobrevive às crises e sabe absorvê-las.

O Brasil vive, neste instante, as excelências de um regime democrático, pluralista e aberto. Sua massa crítica e instituições não entram em colapso em face da tempestade e seguram as estruturas da sociedade e do Estado.

E, dentro deste vendaval, constata-se a verdade de Jefferson de que a liberdade de imprensa é a liberdade fundamental. Nosso Rui Barbosa resumiu o conceito chamando-a “pulmão da democracia”.

A semeadura foi boa. Hoje, todos colhemos os frutos de uma imprensa vigorosa, cumprindo sua missão de informar. Porque, no mais, as decisões são frutos da verdade que, como se diz no Maranhão, “é como o manto de Cristo, não tem costura”.

José Sarney

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Coluna Argumentos (Diário do Amapá), edição do dia 19.12.2012


Momento
Cantatas, corais, decoração natalina e compras, muitas compras. O amapaense, embora não esteja com dinheiro sobrando na conta bancária, tem muitos incentivos para um bom fim de ano. Até obras como reformas em residências são vistas com mais frequência nesta época. Reparou?

Cautela
O presidente Sarney afirmou que qualquer divergência entre os poderes não ajuda o país. Ele analisou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de cassar o mandato dos deputados condenados no mensalão.

Mínimo
Orçamento: relatório final fixa mínimo em R$ 674,96; investimento sobe 11,6%. Parlamentares iniciam negociação para tentar votar o texto hoje na Comissão de Orçamento e no Plenário do Congresso.

Risco
Dois cruzamentos na divisa dos bairros Infraero II e Parque dos Buritis, na zona norte de Macapá, ainda serão locação de mortes no trânsito. Sinalização é precária.
  
Interior - Pense num típico programa familiar em municípios do interior do Amapá. Pensou? Se sua resposta for pescaria, caçada, procissão, vaquejada, errou. O futebol é o que mais atrai a atenção de quem mora por lá. As outras existem também, mas as peladas dão casa cheia nos estádios.

Moda
Alfaiate dos mais gabaritados da cidade, o Tenente Sandin deu uma repaginada em sua loja e escalou até o filho para ajudar no atendimento. E não só militares entre seus clientes. Cara manda bem.

Mídia
E a Revista Época aponta Sarney como uma das personalidades mais influentes do Brasil. O presidente do Senado e senador pelo Amapá é dono de uma das trajetórias mais longevas da história da política brasileira. A trajetória histórica de José Sarney é uma das mais louváveis da política brasileira, diz Época.

Saúde
Medicamento eficaz contra osteoporose pode ser incluído na lista do SUS, segundo nota distribuída ontem pelo Ministério Público Federal que ajuizou ação civil pública em abril de 2011. Um procedimento aberto há sete anos para análise de inclusão do Fortéo na lista de medicamentos excepcionais do SUS deverá ser concluído em 100 dias, a pedido do MPF.

A volta ao Plantalto: Sarney de novo presidente do país

ESPECIAL / O Amapá teve esta semana, pela primeira vez, um senador do estado no posto político mais importante do Brasil, o de presidente da República

Ao povo. Tido como um dos mais populares mandatários do país, José Sarney queria discrição na interinidade. Na única aparição pública no Palácio, posou com integrantes de um coral comunitário da UnB.

CLEBER BARBOSA 
DA REDACAÇÃO


O senador José Sarney (PMDB-AP), que é o presidente do Senado Federal, assumiu esta semana interinamente da Presidência da República, fato inédito desde que ele e seu ministério desceram a rampa do Palácio do Planalto pela última vez como ex-mandatário do Brasil, há 22 anos. Mas o que era para ser apenas uma formalidade, um rito protocolar já que ele é o quarto na hierarquia da República, acabou sendo um fato histórico. Para entender, basta dizer que a precedência tem a presidente Dilma Rousseff como primeira, o vice-presidente Michel Temer o segundo e o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, o terceiro. Como os três estavam em viagens oficiais para fora do país, coube a Sarney assumir as rédeas do Planalto.

Telefonema - O presidente José Sarney devolveu o cargo à titular ontem (15). No seu primeiro dia de despachos no Planalto, na quinta-feira (13), recebeu os ministros Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação, José Eduardo Cardozo, da Justiça, Marta Suplicy, da Cultura, e Ideli Salvati, das Relações Institucionais. O presidente em exercício também recebeu os senadores Francisco Dornelles (PP-RJ), Walter Pinheiro (PT-BA), Eduardo Braga (PMDB-AM), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eunício Oliveira (PMDB-CE). No final da tarde, José Sarney recebeu a visita da deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), presidente em exercício do Congresso. Por telefone, Sarney conversou com a presidente Dilma Rousseff, que está na Rússia.

Amapá - Mesmo com a visão macro que tem do país e de seus inúmeros problemas, Sarney também arrumou tempo para falar do Amapá durante sua volta à Presidência. Ele recebeu em audiência o presidente em exercício da Assembleia Legislativa, deputado Júnior Favacho (PMDB) e também integrantes da Bancada Federal, como os deputados Fátima Pelaes (PMDB) e Luiz Carlos Júnior (PSDB). Mais cedo ele já havia recebido em sua residência o coordenador da Bancada, deputado Evandro Milhomen (PC do B).
Em sua última atividade no Planalto como presidente interino, Sarney definiu como "grata surpresa" reassumir o cargo."Na minha vida eu tive que me preparar para muitas surpresas. Uma delas foi esta, de assumir a Presidência da República depois de 22 anos, substituindo a presidenta Dilma Rousseff nestes breves instantes", disse, depois da cerimônia de posse do novo secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Roberto Peternelli Júnior.

Ao assumir o posto de Dilma, fez elogios a ela


Eleito vice-presidente da República em 1985, com doença e depois a morte de Tancredo Neves, Sarney assumiu a Presidência e governou o país até março de 1990. A redemocratização do país, com fim da censura, legalização dos partidos comunistas, a retomada de relações diplomáticas com Cuba, união econômica e política dos países da América Latina – embrião do Mercosul – e a garantia de ampla liberdade de imprensa são marcas de seu governo.
Presidente do Senado pela quarta vez, Sarney é o terceiro na linha sucessória presidencial. Assim, assumiu a Presidência em razão de viagens da presidenta Dilma à França e à Rússia, do vice-presidente Michel Temer a Portugal, e do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, ao Panamá, para participar de reunião do Parlamento Latino-Americano (Parlatino). Interino, delicadamente José Sarney aproveitou a cerimônia de transmissão do cargo para homenagear e elogiar a titular do cargo, Dilma Rousseff, “mulher extraordinária que hoje merece respeito nacional por suas qualidades, pelo governo que está fazendo”.

Cientista destaca que Sarney iniciou a transparência nas contas públicas


O senador José Sarney (PMDB-AP) reassumiu a Presidência da República depois de 22 anos. Discreto, tranqüilo e sem as ilusões dos neófitos, cumpre sua missão constitucional, como presidente do Senado, diante da ausência, em território nacional, da presidente, do vice-presidente e do presidente da Câmara. Fica até sábado. Mas o interessante é a repercussão nas mídias. Repórteres, colunistas, blogueiros e coisas afins, todos muito imaginativos, logo abraçaram as especulações sobre o que ele faria no período, de como se comportaria ou de como se sentia ocupando posição em que já ocupara no passado. Perguntas tolas foram dirigidas a ele sobre o assunto, sempre respondidas com a maior paciência e bom humor. Teve texto tão surrealista e hilário na especulação que se poderia pensar que Sarney poderia fazer uma verdadeira revolução nos três dias de ausência de Dilma. Alguns até brincaram com o fato de um cartomante mineiro - ou coisa parecida – ter previsto sua segunda passagem pela Presidência. Poucos aproveitaram o fato para fazer jornalismo de verdade, relembrando os aspectos positivos e negativos do governo Sarney ou sua importância para a transição democrática e a modernização da máquina pública.
Um assunto bom seria a transparência, tema preferido da imprensa para tentar estigmatizar Sarney nos últimos anos. Poderiam mostrar que foi na Presidência de Sarney (1985-1990) que se criou o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI), que acabou com a “conta movimento” do Banco do Brasil e instituiu a Comissão de Defesa dos Direitos do Cidadão, apelidada pela imprensa de Ouvidoria, para apurar denúncias contra o próprio governo.

* Said Barbosa Dib, jornalista e cientista político.

Previsão de guru

O colunista Gilberto Amaral citou ontem a visita que o embaixador Jerônimo Moscardo fez a Sarney no Planalto. Os dois teriam lembrado quando o patriarca da Igreja Ortodo-xa Romena, o arquimandrita Teoctist, disse a Sarney; “V. Exª não só voltará no exercício da presidência do Brasil, como terá grande importância na vida pública do seu país".

Cerimônia

Como último ato de sua interinidade como Presidente da República, o senador José Sarney (PMDB-AP) deu posse ao general de divisão Roberto Peternelli Júnior, como secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, em substituição ao general de divisão Antonio Sergio Geromel, que foi para a reserva.

Oficialidade
Carro oficial com a placa "Presidente da República" conduz Sarney de casa para o Palácio do Planalto



“Tivemos um ano bom, a bancada fecha o ano bem, com um bom desempenho”

Entrevista / EVANDRO COSTA MILHOMEN
Deputado federal, coordenador da Bancada em Brasília

Coordenador. A entrevista de Evandro Milhomen foi nos estúdios da rádio Diário FM ontem, no Conexão Brasília
E m uma conversa considerada franca, o atual coordenador da Bancada Federal do Amapá no Congresso Nacional, deputado Evandro Milhomen (PC do B-AP) faz um balanço do que foi o ano de 2012 para os interesses do Amapá em Brasília. Explica os pormenores de como se dá a alocação de recursos federais através das emendas parlamentares e quais os resultados práticos de toda a costura e articulações dos políticos na Capital Federal. Ele foi entrevistado pelo jornalista Cleber Barbosa e discorreu também sobre a quase certa participação de quadros do seu partido no futuro governo de Clécio Luiz na Prefeitura de Macapá. Os principais trechos da conversa o jornal Diário do Amapá publica a seguir. Acompanhe.


CLEBER BARBOSA 
DA REDAÇÃO

Em uma conversa considerada franca, o atual coordenador da Bancada Federal do Amapá no Congresso Nacional, deputado Evandro Milhomen (PC do B-AP) faz um balanço do que foi o ano de 2012 para os interesses do Amapá em Brasília. Explica os pormenores de como se dá a alocação de recursos federais através das emendas parlamentares e quais os resultados práticos de toda a costura e articulações dos políticos na Capital Federal. Ele foi entrevistado pelo jornalista Cleber Barbosa e discorreu também sobre a quase certa participação de quadros do seu partido no futuro governo de Clécio Luiz na Prefeitura de Macapá. Os principais trechos da conversa o jornal Diário do Amapá publica a seguir. Acompanhe.


Diário do Amapá – O ano está terminando e nessa época parlamentares federais até sacrificam o fim de semana para ficar em Brasília tentando a liberação de recursos federais. Costuma dar certo?
Evandro Milhomen – Sim, nós conseguimos bons resultados este ano, com relação principalmente às emendas de bancada, pois a nossa bancada teve grande atuação junto à Comissão de Orçamento e conseguimos alocar recursos significativos.

Diário – Não é uma tarefa fácil?
Milhomen – É que nós temos dificuldades na liberação destes recursos, mas à medida que vai se aproximando o final do ano o Governo sempre junta aquela sobra orçamentária e repassa aos estados para que definam em que emendas serão aplicadas.

Diário – Aí vale também as articulações, não é mesmo?
Milhomen – Sim, eu antes de voltar ao Amapá, na quinta-feira, estive com o presidente Sarney, ainda como presidente da República, aliás, fui o primeiro da bancada a ser recebido por ele... [risos] Então falei com ele sobre essas questões das emendas de bancada, então ele disse que trataria disso com a ministra Ideli [Salvati] para ver como seria tratado esse assunto das emendas parlamentares. Ficamos de nos encontrar de novo na segunda-feira que vem para ver o que realmente vai ser feito.

Diário – E quais as áreas prioritárias para a bancada assegurar dinheiro federal deputado?
Milhomen – Nós temos algumas questões que são mais urgentes, como projetos em andamento na área da saúde, onde há uma carência, uma necessidade maior de recursos no Estado, principalmente na questão de equipamentos. Já existem recursos alocados principalmente pela deputada Dalva Figueiredo e pelo deputado Bala Rocha, que são os dois que têm muito se destacado nessa área da saúde.

Diário – A avaliação do ano então é positiva, no seu entendimento?
Milhomen – Acredito que sim, tivemos um bom desempenho, a bancada fecha o ano bem, apesar de que 2012 foi um ano atípico, por conta das eleições no país, o que atrapalhou um pouco nessa liberação de recursos, mas temos a média dos recursos federais R$ 7,5 milhões para cada um dos deputados que são da base do governo e para deputados que não são R$ 6 milhões. É uma boa média, embora nós desejássemos um pouco mais, pois as necessidades são muitas e há o comprometimento dos parlamentares com os municípios, com as entidades civis organizadas, com as entidades federais e acaba que esse corte feito no orçamento pela Presidência [da República] nos força a eleger prioridades.

Diário – Seu colega de bancada, o deputado Luiz Carlos, disse esta semana que esses recursos que a bancada consegue liberar significam 50% do que é possível reservar em emendas. O total é R$ 15 milhões para cada um?
Milhomen – Exatamente, daí eu ter dito que a gente consegue R$ 7,5 milhões. Nós já tivemos momentos com muito mais recursos liberados, ainda com o presidente Lula, em 2010, nós chegamos a liberar R$ 12 milhões, então na verdade houve um enxugamento desse orçamento por parte do Governo Federal, até pelas dificuldades que estamos passando na economia mundial, o que acaba refletindo aqui, além do fato do Governo aproveitar o orçamento para fazer superávit, ou seja, ele espertamente, no bom sentido, usa esse recurso que não é liberado para alcançar o superávit para o pagamento da dívida pública.

Diário – Dá para trocar em miúdos essa questão do superávit primário, didaticamente deputado?
Milhomen – Claro, é como se o orçamento da União fosse o salário do trabalhador, certo? Tem aquele valor por mês e esse trabalhador resolve dar uma enxugada nas dívidas para ter uma sobra.

Diário – Dinheiro na carteira?
Milhomen – É, só que para pagar outra dívida... [risos] Na prática o governo faz esse enxugamento orçamentário para ter uma sobra no financeiro.

Diário – Mas voltando àquela questão dos deputados governistas liberarem mais recursos que os da oposição, o seu colega Bala Rocha já denunciou isso, dizendo ser um jogo desigual, favorecendo até deputados da Comissão de Orçamento.
Milhomen – É, eu vi isso. Mas acho que faz parte do jogo político e nessa hora o papel político de cada um acaba influenciando. Eu ouvi da ministra Ideli Salvati na última reunião que nós tivemos quando ela dizia que não iria aceitar o famoso ‘jeitinho parlamentar’ de ir lá com o ministro e ele liberar mais recursos ou qualquer coisa a mais. Ela disse que vai ser todo mundo igual, mas na verdade não acontece isso, eles mesmos conduzem isso, os líderes de partido, por exemplo, têm mais regalia para isso.

Diário – Daí o senhor dizer que vê com naturalidade, como parte do jogo?
Milhomen – Isso, a Câmara é a caixa de ressonância da sociedade e os interesses estão ali dentro, entre eles os interesses do Governo em aprovar seus projetos, medidas provisórias, PEC´s e acaba que o líder de bancada ou de partido sempre tem certa prerrogativa, assim como aqueles que tratam do orçamento, que são os participantes da Comissão de Orçamento, então o deputado Bala está corretíssimo quando diz que eles recebem privilégios sim. Mas são coisas da política e aqueles que têm mais habilidade acabam adentrando nesse processo de busca maior.

Diário – Para terminar com um tema mais ameno, o prefeito eleito Clécio Luiz diz que anuncia na quarta-feira o seu secretariado. O seu partido vai indicar que nomes para a futura equipe dele?
Milhomen – [risos] Olha, vou ser sincero com você, o prefeito Clécio estava nestes dias muito envolvido com essas questões da transição e marcou para que nós possamos conversar provavelmente hoje [sábado] ou segunda-feira, num encontro com o PCdoB para discutir a questão do espaço que o partido ocupará ou contribuirá na administração municipal. Nós estamos ainda discutindo, não há nada decidido ou consolidado. Ele já confirmou que fará o anúncio na quarta-feira é isso?

Diário – Foi que ele disse. Então essa sua reunião com ele tem que ocorrer antes não é?
Milhomen – Sim, mas eu não estou preocupado com isso, pois o PCdoB sabe muito bem da sua atribuição e da sua contribuição nesse processo. E o prefeito Clécio também sabe muito bem da importância que tem o PCdoB e do quanto esse partido pode contribuir na administração, com lisura e com responsabilidade, mas também com trânsito para que nós possamos trazer benefícios para o cidadão macapaense.

Perfil do entrevistado

Evandro Costa Milhomen, ou simplesmente Evandro Milhomen (Santana, Amapá, 21 de abril de 1962), é casado, é sociólogo formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) atualmente deputado federal pelo Amapá. É filiado ao PC do B. Foi vereador em Macapá entre 1997 e 1999, eleito pelo PSB, mesmo partido pelo qual se elegeu deputado federal em 1999 e se reelegeu em 2003. Para a eleição de 2007 trocou de partido, ingressando no PC do B. Também exerceu o cargo de diretor municipal de Ação Comunitária de Macapá entre 1990 e 1994. Disputou o cargo de prefeito de Macapá este ano, não tendo entrado para o Segundo Turno da disputa, ocasião em que decidiu apoiar a candidatura do prefeito eleito no pleito, Clécio Luiz (PSol), de quem se diz aliado e apoiador do seu futuro governo.





quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Coluna Argumentos (Diário do Amapá) sexta-feira, 14 de dezembro

Causou

O fato mais comentado nas rodadas políticas do país foi a volta de Sarney à Presidência da República. Mesmo na interinidade, uma formalidade exigida pelaConstituição, o decano do Senado Federal mostra que é uma das maiores expressões políticas em atividade no Brasil.

Entenda

Sarney assume o cargo em virtude da viagem da presidente Dilma à Europa, e de seus dois sucessores imediatos, o vice Michel Temer, que está em Portugal, e o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), no Panamá.

Cortesia

A deputada Fátima Pelaes (PMDB) e Luiz Carlos (PSDB) formaram uma comissão de representação da Bancada Federal que foi ao Palácio do Planalto ontem levar um cumprimento ao presidente em exercício.

Fico

Embora admita ser um dos aliados de primeira hora do ex-presidente da AL, Jorge Amanajás, o deputado Luiz Carlos diz que não vai para o PPS. Fica no PSDB. Por hora.

Babado

Bochicho que rola em Brasília: a presidente Dilma estaria com um pé fora do PT. Isso mesmo, o estopim teria sido uma negativa dela em nomear uma indicação do partido. - Aqui mando eu!


Aplausos

Ele não queria mais holofotes que o estritamente necessário no exercício da Presidência da República, ontem em Brasília. Mas diante da insistência do cerimonial e tocado pela música maravilhosa de conal natalino da UnB, Sarney foi ao encontro dele. E saiu muito aplaudido.

Sereno

Passados vinte e dois anos desde que desceu a rampa do Palácio do Planalto, deixando a direção da nação, o hoje senador José Sarney (PMDB-AP), volta a pilotar o mais importante gabinete da Capital. Mas ao seu estilo, de discrição e diplomacia, limitou-se ao rito e ao protocolo da nobre missão.

Um fã

O taxista Arnaldo Jorge da Silva, 72, um dos candangos a construir Brasília, reagiu assim à indagação sobre Sarney voltar à Presidência. - Ele nasceu para ser presidente! Lembrou os programas sociais e o Plano Cruzado como marcas de sua gestão. Também destacou o fato de Sarney ser um intelectual: - Para esse eu tiro o meu chapeu, pois ele está até hoje no Senado!

“Macapá é um lugar quente não só pela temperatura, mas pelo calor humano”

Celebridade. As palestras do performático Doutor Bactéria reúnem grandes platéias pelo Brasil


Sempre bem humorado e simpático, em visita a Macapá, recentemente, o biomédico Roberto Figueiredo, o conhecidíssimo Doutor Bactéria, que esteve palestrando em uma faculdade da cidade, como parte das comemorações pelo Dia do Biomédico. Ele concedeu uma longa entrevista ao jornalista Cleber Barbosa, nos estúdios da Rádio Diário FM, ocasião em que esclareceu muitas dúvidas e fez alertas importantes sobre os cuidados que todos devem ter para evitar sérios problemas de saúde, especialmente pelo manuseio inadequado de alimentos. Os principais trechos da entrevista você acompanha a seguir.

 CLEBER BARBOSA 
DA REDAÇÃO

Diário do Amapá - Quantas vezes no Amapá?
Doutor Bactéria - É a terceira.

Diário - Agora veio a convite de uma faculdade, é isso?
Dr. Bactéria - Exatamente. Nós apresentamos uma palestra para o pessoal exatamente com a ideia de mudar os hábitos, em comemoração do Dia do Biomédico.

Diário - Que é exatamente quando?
Dr. Bactéria - Dia 20 de novembro, que foi comemorado no Brasil inteirinho então aqui não podia ficar de fora, daí essa comemoração aqui em Macapá.

Diário - Bem, mas além de biomédico o senhor também é especialista em Marketing, então isso pode explicar toda essa performance em suas palestras, sempre muito concorridas?
Dr. Bactéria - É, mas fiz teatro também, aplicando em minhas palestras, aliás, eu acho que todo mundo, independente do que faz, deveria fazer marketing e teatro, pois a pessoas sempre estão se vendendo, né?

Diário - O tal do endomarketing?
Dr. Bactéria - Sim, e o teatro é para desinibir mesmo, se soltar mais.

Diário - Então seja bem-vindo mais uma vez.
Dr. Bactéria - Olha, para mim é sempre um prazer voltar a Macapá, onde fui superbem recebido; está muito gostosa esta visita; pena que está acabando; já estou com saudades.

Diário - E essa história, de virar o Doutor Bactéria, foi o senhor mesmo que projetou isso?
Dr. Bactéria - Eu até brinco com isso, pois poderia ser pior, já pensou se fosse "doutor Ameba", "doutor Verme" ou "doutor Parasita"... (risos) Já o doutor Bactéria é simpático, né? Mas começou realmente há um doze anos atrás, quando entre outras coisas acabei chegando na Rede Record, no programa Note e Anote, da Claudete Troiano. Lá eu era o Caçador de Bactérias, que tinha até uma musiquinha.

Diário - Depois é que foi para a Rede Globo?
Dr. Bactéria - Isso, depois veio o convite do Fantástico, da Globo, começando com um programa chamado "Tá Limpo", quando o pessoal da equipe quando ia gravar perguntava "Vamos gravar com quem?". E diziam "vamos gravar com o doutor". Mas qual doutor? "O Dráuzio Varela?" Não, aquele doutor que mexe com as bactérias, aí começaram a me chamar de Doutor Bactéria.

Diário - Foi o batismo do nome então?
Dr. Bactéria - Foi sim e depois as crianças gostaram bastante, as pessoas da terceira idade também adotaram mesmo, até que um dia eu estava passando gravando sobre a contaminação de lancheiras e um grupo de vinte crianças mais ou menos subiu em um determinado local e gritaram assim: "Doutor Bactéria, nós te amamos", uma coisa que não sei nem falar, sei que pegou. Mas é um personagem que leva informação para as pessoas.

Diário - Mas doutor e essa preocupação com as bactérias, começou quando, antes mesmo da formação acadêmica?
Dr. Bactéria - Bom, eu sempre gostei da parte de microbiologia e escrevi um livro, faz tempo já, voltado para a indústria, chamado Programa de redução de patógenos (Editora Manole, 2002), um nome bem pesado, né? Só que chegou muita informação para mim, como o fato de que 3 milhões de crianças morrem todo ano por diarréia, menores de cinco anos de idade. E desses 3 milhões, 2 milhões e 100 mil morrem opor manipulação incorreta de alimentos. E das intoxicações, 44% das doenças alimentares estão dentro da residência [dos pacientes] e não tinha um livro, nenhuma publicação que fosse direcionado para as donas de casa, falando a linguagem delas.

Diário - E foi quando o senhor decidiu dedicar-se especificamente a essa demanda?
Dr. Bactéria - Larguei tudo e comecei a trabalhar com donas de casa, para levar essas informações a elas, de um jeito todo próprio.

Diário - O seu famoso bom humor?
Dr. Bactéria - Pois é, eu brinco bastante que aqui no Brasil ninguém erra, mas na Itália o pessoal é terrível. Na Itália as pessoas colocam ovos na porta da geladeira, pessoas lavam carne, colocam as frutas em fruteiras, fervem leite, acham que a carne de porco pode ter um bichinho que vai para a cabeça, essas coisas estão todas erradas, e ainda na Itália as pessoas entregam a pizza em caixas de papelão, olha que absurdo?

Diário - Sei... Na Itália.
Dr. Bactéria - Ainda bem que isso não acontece no Brasil... (risos) Imagine que na Itália as pessoas pegam a lata de leite condensado e fazem dois buraquinhos e como demora para sair acabam soprando.

Diário - É uma forma bem humorada de orientar, sem dúvida.
Dr. Bactéria - É, isso sem falar que na Itália o pessoal sopra bolo de aniversário. E tem gente que come, fala que o bolo está "molhadinho", com aquele bando de cuspe que cai...

Diário - O senhor já tem quatro obras publicadas, não é mesmo?
Dr. Bactéria - Quatro obras, mas tem o mais recente, que não gosto de dizer que é o último, mas sim o mais recente, é o quinto, o "Doutor Bactéria", pela Editora Globo, que assim que chegou alcançou o segundo lugar, pelo que disse a Veja [revista semanal], como um dos livros mais vendidos aqui no Brasil, o que é muito gostoso de você fazer, partindo do zero e as pessoas aceitam, né?

Diário - O brasileiro tem o hábito de comer muito na rua, um lanche rápido ou uma refeição mesmo. Que dicas o senhor pode dar com relação aos cuidados com a contaminação?
Dr. Bactéria - Em primeiro lugar você deve olhar o aspecto do local que você vai comer. Se a pessoa que vai te servir está com a roupa suja, aquelas unhas compridas e mal tratadas, o uniforme sem proteção do cabelo, sem condição de higienizar a mão, se não tiver usa álcool em gel. Aquele famoso churrasquinho, por exemplo, o espetinho de gato famoso, que espero não ser gato. Bem, peça para a pessoa assar sempre na hora, nunca um que está pronto, não aceite de maneira alguma, pois na hora você sabe a qualidade da carne. Outra coisa, nunca passe naquela farinhazinha que tem do lado, pois ela foi feita para passar uma vez e ir embora só que aqui no Brasil as pessoas passam uma vez, pega uma bebidinha dão uma mordidinha e passam na farinha, dão uma mordidinha e passam na farinha, enfim, aquilo vira um mingau de baba...

Diário - Falando assim, dá um nojo, as pessoas nem percebem isso, não é?
Dr. Bactéria - E já está comprovado a partir de um estudo de uma Universidade de Fortaleza (CE) as pessoas encontraram o "helicobacter piloren", o "h pylor" nessa farinha. É uma bactéria da gastrite que é transmitida pela saliva.

Diário - Já que o senhor enumerou vários erros comuns, e os instrumentos da modernidade, como o celular, que as pessoas costumam levar para dentro do banheiro?
Dr. Bactéria - O celular é mais contaminado do que uma sola de sapato. A explicação é porque as pessoas falam e saem gotículas de saliva e uma gota de saliva tem bilhões de bactérias. Então quando a pessoa usa o telefone no banheiro isso potencializa, pois ele é um verdadeiro vetor, ou seja, ele carrega, transporta bactérias de origem fecal, da saliva, vírus como o da gripe, a candidíase bucal, o popular sapinho e por aí vai. Por isso as pessoas tem que fazer pelo menos uma vez por semana pegar álcool isopropílico e passar com uma toalinha de papel no celular levemente, não vá jogar o álcool em cima, você não mata a bactéria por afogamento, mas sim pelo contato.

Diário - Obrigado por sua entrevista.
Dr. Bactéria - Eu é quem agradeço e espero voltar logo a Macapá. Mas as pessoas podem me localizar e fazer perguntas através do Facebook, é só digitar Doutor Bactéria, vai ser um prazer respeonder a todos aqui no Amapá, um lugar que eu gosto muito de estar, especialmente porque é um dos mais quentes doBrasil, não pela temperatura, mas pelo calor humano mesmo.

Perfil..

O biomédico Roberto Figueiredo ficou conhecido como Dr. Bactéria ao participar do quadro Tá limpo' do programa Fantástico. Na série, ele falava dos perigos microscópicos que se escondem no cotidiano, esclarecendo dúvidas sobre contaminação de alimentos, higiene, saúde pública e temas relacionados. Especializado em Saúde Pública e em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Engenharia da Qualidade pela Universidade de São Paulo (USP), Roberto Figueiredo é autor de livros como o Guia prático para evitar doenças veiculadas por alimentos (Editora Manole); Programa de redução de patógenos (Editora Manole, 2002).

Coluna Argumentos (Diário do Amapá), 13 de dezembro


Energia
A hidrelétrica Ferreira Gomes anuncia investimento na expansão da rede de distribuição de energia no Amapá. Serão construídos 18 quilômetros de rede de distribuição de energia em substituição a uma rede existente da CEA, equivalente a R$ 5 milhões em investimentos.

Ordem
O Ministério Público emitiu recomendação ontem à Prefeitura de Macapá para proteger recursos da MacapaPrev, o órgão previdenciário do município. Os promotres proíbem que recursos sejam usados para despesas.

Nostalgia
Serranos de várias gerações foram à vila de Serra do Navio para o segundo encontro anual dos conterrâneos. Ao som de músicas do passado, todos se embalaram e até choraram juntos. Afinal, bate sempre saudade...

Canção
No II Encontro dos Serranos, o cantor Márcio Farias gravou um clipe especial da música “Meu lugar”, de sua autoria, e que rende homenagem à Serra. Está no You Tube.
  

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Niver
Ex-governador do Território Federal do Amapá, Jorge Nova da Costa está de aniversário hoje. Ele chega aos 88 anos de idade e atualmente exerce a função de primeiro suplente e assessor especial do senador José Sarney. Jorge chegou no Amapá recém formado
agrônomo.

Clima
Uma menina paraense desembarcou ontem em Brasília e encontrou a cidade com temperatura amena, 19º, frio fora do normal para qualquer nortista. Na rua, perguntou: - É o ar condicionado, mãe?

Terminais
A presidente Dilma Rousseff disse ontem (12), em Paris, que o governo pretende criar cerca de 800 aeroportos regionais no país. Segundo ela, pelo projeto, cada cidade com até 100 mil habitantes deverá ter um aeroporto a, no máximo, 60 quilômetros de distância. E o de Macapá? Sai ou não?

Petróleo
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem, por 348 votos a 84 e 1 abstenção, o requerimento de urgência para análise dos vetos da presidente Dilma Rousseff à lei que redistribui os royalties  do petróleo (Lei 12.734/12). O requerimento está em votação agora no Senado, onde também precisa obter maioria absoluta de votos (41 senadores).

“Os garimpeiros são explorados, porque eles não são donos dos garimpos na Guiana”

Ela já é considerada a decana da Bancada Federal em Brasília, afinal está em seu quinto mandato no Congresso Nacional. Neste período é considerada uma campeã em conseguir carrear recursos federais através de Emendas Parlamentares. Toda essa experiência, aliada ao fato de ser socióloga e profundamente ligada a causas sociais, fizeram sua participação em uma audiência pública em Macapá na sexta-feira a ser marcante. O tema era a atividade garimpeira nas áreas de fronteira, especialmente na Guiana Francesa. As observações e as críticas da deputada federal Fátima Pelaes (PMDB) foram reveladas em uma entrevista ontem ao jornalista Cleber Barbosa, no programa Conexão Brasília. Os principais trechos da conversa o jornal Diário do Amapá publica a seguir. Acompanhe.


CLEBER BARBOSA 
DA REDAÇÃO


Diário do Amapá – A senhora passou como o Dia do Evangélico, na sexta-feira?
Fátima Pelaes – Trabalhando... (risos) Mas eu queria também aproveitar para parabenizar todos os evangélicos pela passagem deste dia, que é muito importante, pois a gente sabe que a comunidade evangélica faz um trabalho muito forte de valorização da vida. Faz um trabalho espiritual, mas também social, pois a partir do momento que você faz um trabalho buscando a paz você está diminuindo os conflitos também.

Diário – Então não deu para comemorar a data?
Fátima – Ontem eu procurei comemorar com trabalho também, não deu tempo para ir às festas programadas. Mas eu participo de um grupo de oração composto só por mulheres que às sextas-feiras se reúne para orar louvar ao senhor, então ontem [sexta] eu pude participar também louvando a agradecendo ao senhor pelas vitórias, né? Na verdade tem que ser nas alegrias, nas dificuldades, nas tristezas, porque ele fala: - Olha, aquela ali mesmo nas dificuldades está agradecendo a mim, louvando, então eu vou ajudar! [risos]


Diário – Ainda nesse campo da espiritualidade deputada, deu muito que falar recentemente a ação de um procurador da República que quer a retirada da inscrição “Deus seja louvado” das cédulas de real do Brasil. Como a senhor observou esse movimento?

Fátima – Olha, vi com muita tristeza, porque nós temos tantos problemas para nos preocupar no Brasil e essa pessoa que levantou essa polêmica foi muito infeliz, pois nós devemos é louvar a Deus, pela vida, por estarmos aqui. Mas acho que é interessante o debate para que ele possa perceber que o Brasil é um país laico, mas que tem uma grande maioria Cristã, que crê em Deus, então pelo que eu entendo de democracia o que vence é a maioria. Se ele quiser vamos fazer aí um plebiscito para ver se a gente pode tirar [a inscrição das notas].


Diário – A senhora esteve na audiência pública na Assembleia Legislativa que tratou do trabalho dos garimpeiros. O que achou de toda aquela mobilização?
Fátima – Foi uma audiência pública muito forte, cujo tema foi tratado com muita responsabilidade pelo deputado Bala, que é o relator desse tratado entre Brasil e França. Então ele traz o debate para quem vai estar envolvido diretamente, no caso aqui o Amapá através dos garimpeiros, e chegam a dizer que a garimpagem era a atividade mais fácil que poderiam exercer, que na verdade a gente sabe é dificílima. Você ser garimpeiro significa sair pelo mundo, deixar sua família, ficar semanas e semanas ali cavando, batendo, enfim, muito difícil. Acho que agora o deputado Bala já tem muito material, muita informação para que ele venha a ter sua convicção formada para dar o seu parecer.

Diário – O debate também destacou a falta de apoio para a fronteira.
Fátima – O Brasil tem que voltar os seus olhos para o município de Oiapoque porque ali é uma fronteira que vai dar uma referência nacional, pois vai estar ligando o Brasil ao território francês, através da Guiana Francesa. Não é o Amapá somente, é o nosso país com um território europeu e isso é muito importante.

Diário – Foi uma aidiência forte também pelas revelações não é mesmo?
Fátima – Sim, a gente ficou sabendo até que lá na Guiana Francesa existe policiais que ganham uma coisa chamada “prima”, uma espécie de gratificação sobre a quantidade de imigrantes ilegais que eles apresentem às autoridades.

Diário – Uma espécie de incentivo?
Fátima – Isso mesmo, isso foi uma coisa apresentada na audiência, que eu nem sabia. Foi o desembargador Gilberto [Pinheiro] quem revelou isso, como um profundo conhecedor, um homem respeitado das leis. Para você ver que absurdo hoje ainda o que fazem com nossa gente. Espero que a ponte mude tudo isso, pois o nome já diz tudo, é para passar, para unir as pessoas, ligar e não para afastar.

Diário – Há um desrespeito muito grande então, não é?
Fátima – Eu tive oportunidade, há cerca de sete anos, de ver o resultado de uma operação por lá, acho que era a Anaconda, nas áreas de garimpo, quando a gente viu que os garimpeiros na verdade são explorados, porque eles não são donos dos garimpos na Guiana. Os donos dos garimpos são franceses, eles são trabalhadores que ficam ali. É garimpo ilegal, está em área proibida, mas é do francês. O brasileiro é a mão de obra mesmo, nas piores condições possíveis, algo chocante.

Diário – O presidente Sarkozy sempre manteve essa linha dura, dizia que a lei penal francesa iria ser cumprida em relação aos brasileiros clandestinos. E agora, com o novo presidente, o que a senhora acha que vai acontecer?
Fátima – Bem, ele [Holand] é um socialista e estamos vivendo um novo momento na França, não é mais o Sarkozy, então meu pensamento é que precisamos refazer o caminho, pois quando esse acordo chegou na Câmara [dos Deputados] não era ainda o atual presidente francês, então por que não retomarmos essa negociação desde o início?

Diário – A senhora vem da área social, então como está vendo a postura da presidente Dilma nesse campo, com o Brasil Carinhoso?
Fátima – Eu também fui candidata a governadora em 2002, uma oportunidade em que eu tive para me aprofundar nos estudos dos problemas do Estado, ampliando a forma de pensar o combate à pobreza, trabalhamos os projetos pontuais, esses que estão focados exatamente nas pessoas mais carentes, como esses beneficiados pelo programa Brasil Carinhoso, então quando a Dilma faz esses programas ela quer dizer que nós estamos cuidando de gente, precisamos sempre estar pensando nas pessoas. Nós sempre estamos trabalhando nessa área social, inclusive agora colocando emendas para o Conselho Tutelar, uma área muito séria, assim como nas áreas de assentamento, que até então, antes do governo Dilma viviam numa condição de extrema pobreza e hoje você chega lá no Maracá, no Cajari e vê as pessoas morando numa casa digna. Então vemos o social dentro de uma transversalidade, com outras áreas, emprego, renda, empreendedorismo.

Diário – E mais recentemente moradia. 
Fátima – Foi um trabalho feito também com o juiz federal, o doutor João Bosco, assim com o apoio intenso do presidente Sarney, trazendo para cá na semana passada uma oficina na Justiça Federal, promovida pelo Ministério das Cidades para trabalhar especificamente com as pessoas que moram nas baixadas. Existem programas hoje para quem mora nas baixadas, que garante o mínimo de dignidade, então a gente vai trabalhar para que esses recursos também cheguem aqui.